Quando a crença em Deus não produz nenhuma diferença efetiva na conduta, a própria questão de sua existência torna-se secundária e supérflua. Crê-se nele e age-se de modo pérfido, descrê-se nele e age-se, também, do mesmo modo. Desse modo, a fé perde toda força de legitimação moral. Segundo Baudelaire, Deus pode reinar independentemente de sua existência empírica: "Deus é o único ser que, para reinar, não precisa existir". Nietzsche, radicaliza esse diagnóstico ao mostrar que o problema decisivo não é a existência ou não de Deus, mas a sobrevivência de sua moral. Mesmo após a morte de Deus, sua sombra continua a projetar-se sobre os homens: "Deus está morto; mas, tal como são os homens, durante séculos ainda haverá cavernas em que sua sombra será mostrada - Quanto a nós - nós teremos que vencer também a sua sombra " (Gaia Ciência §108). Assim, quando a crença não transforma a ação, crer ou não crer torna-se igualmente supérfluo; o que permanece é uma moral desvinculada tanto da fé quanto da vida.Assim, podemos concluir que quando alguém diz : "Eu acredito em Deus", tem o mesmo valor lógico de quem diz: "Eu não acredito" , quer dizer, é uma tautologia!
AFORISMOSTEXTOSPOESIAS/ Marcos Anttonio
2025 YEARS OF THE INAUTHENTIC CALENDAR! WELCOME TO THE HIGHWAY OF THINKING IN MULTIPLE WAYS.AN OUTSIDER ! UP TO THE TOP!
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ANO NOVO COM NOVOS ELOS,UM NOVO SALTO!
Seguindo novas correntes através de ventos inusitados, vamos deixar nossos corações abertos para o Novo. Mais uma renovação: "ano novo" mais uma criação de uma "vida nova", deverá ser nosso Leitmotiv (motivo condutor) para esse ano que se iniciará em breve. Nossa tentativa de autossuperação continua, dia após dia! Olhamos para trás com alegria por termos dado um Salto para fora do Círculo Vicioso em nossas vidas, e havermos conseguido continuar seguindo a linha ascendente que nos conduz a caminhos novos. Através de nossas escolhas, estamos abertos para novos anseios. Nossos corações pulsam fortemente e estamos decididos a compartilhar juntos: Confiança, Amizade e muito Amor e riqueza no coração! Para o Alto, para o Alto!
DO CAOS A UMA ESTRELA
Quando algo essencial em nossa vida se perde, essa perda não deve nos paralisar, a suposta perda pode indicar o fim de uma ilusão, de uma esperança, de algo que não deu certo em nossas vidas. Mesmo estando perdido e em um caminho confuso, temos que ter resistência, persistência e vontade de seguir em frente. A mudança não é fácil, nem rápida , mas é necessária.Enfrentar a dor com lucidez é o único modo de atravessar o caos sem se perder de si mesmo . "É preciso ter o caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançante"(Zaratutra, Prólogo).
A SUPERAÇÃO DO HOMEM ENQUANTO "DOENÇA DE PELE DA TERRA"
Quando Nietzsche diz que "o homem é a doença de pele da Terra" não é um insulto moral, mas um diagnóstico filosófico. A metáfora indica que o homem não é o centro nem a finalidade da vida, mas um fenômeno "superficial", capaz tanto de criar quanto de destruir, o homem não tem um estatuto ontológico acima dos outros animais. Ele descreve o homem como "o animal ainda não fixado", quer dizer, um ser inacabado, sem forma definitiva, que precisa inventar seus valores para viver. Justamente por essa instabilidade, o homem pode adoecer a Terra quando se separa da natureza, nega o corpo e transforma a moral em negação da vida. Nesse estado, ele deixa de afirmar a existência e passa a dominá-la. Por isso Nietzsche afirma que "o homem é algo que deve ser superado" , e lembra a tarefa fundamental esquecida pela civilização: "permanecei fiéis à Terra".
O CORPO COMO "PROCESSO"
Segundo Nietzsche, "O corpo é uma grande razão, uma multiplicidade com um só sentido"( Zaratustra, Dos desprezadores do corpo).Aquilo que chamamos eu é apenas o efeito provisório da organização de forças do corpo, pois "o pensamento consciente é o mais fraco e o mais tardio" ( Gaia Ciência,§354) Nietzsche dissolve a ideia de substância fixa, eterna, imutável ,o corpo não é algo que é, mas algo que acontece, um processo em devir. Através do dionisíaco, "rompe-se o princípio de individuação."(Nascimento da Tragédia, §1), aparecendo o corpo como uma estabilidade momentânea em fluxo ,como uma dança de forças em contínuo devir.Portanto,o corpo deve ser compreendido não como substância, mas como uma "configuração provisória de forças ", sempre em transformação. O "eu" é um simplkes efeito momentâneo desse jogo dinâmico, a identidade não se funda na permanência , mas no devir. Pensar o corpo como "processo" implica ,principalmente, assumir a vida como uma criação contínua de si mesma,onde nós nunca somos, mas nos tornamos.É nesse sentido que Nietzsche afirma , transformando um dito de Píndaro "Tornar-se o que se é"(Ecce Homo, §9), quer dizer,dar forma às nossas vidas organizando as forças que nos constituem, sem a tentativa de fundamento em uma essência fixa.
CONVERGÊNCIA ORIENTAL DA CONSCIÊNCIA FEITA POR NIETZSCHE
TRANSMUTAR O PASSADO PARA AUTOSSUPERAÇÃO
É de vital importância aprender com os erros do passado, no entanto, devemos evitar a todo custo habitar nele. O passado deve ser revisitado apenas o suficiente para que dele extraiamos força, lucidez e direção. Nietzsche nos ensinou que: "Agora convém saber que apenas aquele que constrói o futuro tem o direito de julgar o passado" (2ª Consideração Intempestiva).Portanto, devemos transformar às lembranças em superação e jamais, deixá-las que se tornem moradia.
QUE A JUSTIÇA NÃO SEJA VINGANÇA!
Para Nietzsche, aqueles que gritam "igualdade" nem sempre desejam elevar a vida, mas rebaixar os que a engrandecem. Ele nos advertia para evitar vingança "O que eles querem, é vingança, e chamam sua vingança de justiça" (Zaratustra, "Das Tarântulas").Há aqueles que pregam "liberdade" mas, em verdade, seu desejo seria que ninguém fosse livre o bastante para superá-los e ultrapassá-los.Também os que pregam "fraternidade" querem apenas o nivelamento à mesma medida deles.Para Nietzsche, fazer justiça não seria nivelar, mas fazer perceber a sutil diferença que existe entre todas as coisas e engrandecer a vida.A verdadeira liberdade permite os vários degraus da vida, admitindo hierarquias e não a igualdade para todos."vós, pregadores da igualdade, tarântulas sois vós para mim, e vingativos às ocultas".
"CAMINHO" DA AUTOSSUPERAÇÃO Para meu filho Antonio Marcos
A libertação da culpa, da falta e da vingança é, para Nietzsche, o começo de uma vida ascendente. Na Genealogia da Moral, ele mostra que o homem adoecido tornou a vingança "espiritualizada" (GM, II, §16), e por isso precisa superar esse afeto para reencontrar força para superar-se.A própria vida exige esse movimento de autossuperação. No Zaratustra, ele diz: "Eu sou o que sempre tem de a si mesmo se superar", "Da autossuperação de si"). Autossuperar-se é seguir um ritmo da vida que cresce ultrapassando todo o passado reativo, através do eterno retorno, que exprime essa afirmação: "querer cada instante como necessário e querido". Zaratustra descreve-o como "o mais pesado de todos os pesos" porque nos pergunta se podemos dizer sim a tudo o que volta.As três fases da autossuperação são as metamorfoses do espírito: camelo, leão e criança. "O espírito se torna camelo, o camelo leão, e por fim criança" (Z, "Das três metamorfoses").A criança é a forma mais alta: "inocência e esquecimento, um novo começo, um jogo". Nessas metamorfoses, a necessidade vira criação e a vida reencontra sua potência criativa.
"DEUS" COMO VIDA
Para Nietzsche "Deus" tem algum sentido, somente quando pode ser o nome que a vida dá a si quando transborda, pois o Deus moral, aquele que julga, pune e separa, ele declara-o morto: "No fundo, apenas o Deus moral está refutado". Mas a vida, essa força que diz "eu sou aquilo que deve sempre superar a si mesma"(Zaratustra, Do superar a si mesmo), cria "deuses" apenas para superá-los. Assim, quando se diz "Deus", não deve ser para além da vida, mas para sua mais alta afirmação no âmago da vida, não como um Juiz e Senhor sobre o mundo, mas o próprio mundo em sua "Vontade de Potência."
O SONO E A VIGÍLIA
Estar "acordado", é agir com autonomia: pensar por conta própria, sustentar a diferença e afirmar nossas singularidades.Segundo Nietzsche, "Tornar-se o que se é" (Ecce Homo,Pról, §1). Estar em estado de "sono", ao contrário, é viver de modo heterônomo, segundo valores impostos, repetindo o que a moral do rebanho exige. "Moralidade é o instinto de rebanho no indivíduo" (Gaia Ciência, §116).Quando seguimos esse "instinto de rebanho", deixamos de agir por nós mesmos e nos ajustamos à expectativa dos "outros".E quem são esses "outros"? Para Nietzsche, são todas as forças que diminuem nossa potência de agir e pensar:"O indivíduo sempre teve de lutar para sair do rebanho" (Aurora, §9). Quanto menor o nível de consciência e de vigilância, mais nossas ações se tornam automáticas, conduzidas por hábitos, tradições e impulsos obscurecidos. Como Nietzsche afirma: "A consciência é a última e mais tardia evolução do orgânico, e por isso também o que há nele de mais inacabado e frágil " (Gaia Ciência, §354).Por isso, quanto mais baixa nossa consciência, mais cegos se tornam nossos sentimentos, valores e escolhas. Quanto mais desperta, mais capazes somos de autonomia, criação , afirmação e "autossuperação".
NIETZSCHE E A FELICIDADE
O BARULHO ENSURDECE A POESIA
A PIOR TESTEMUNHA
Para Nietzsche, a guerra é o último recurso a ser usado por que "o sangue é o pior testemunha da verdade: o sangue envenena o mais puro ensinamento."(Zaratustra,Parte II,Dos sacerdotes).Assim , quem tem espírito de criador, mantém distância das revoluções que clamam por sangue; aquilo que é elevado não nasce da agitação . "Tudo o que é grande se afasta da praça pública."(Zaratustra, Parte I, Do novo ídolo)Assim, os fortes não se entregam ao delírio revolucionário. Eles criam, só recorrendo à guerra quando todas as possibilidades de criação de sentidos foram impedidas. Ele enfatiza que, o que é grande não nasce do sangue, nem da praça, mas da solidão poderosa do espírito.
EXCESSO: QUANDO A INFORMAÇÃO DESINFORMA
AUTOSSUPERAÇÃO FEMININA
Enquanto a mulher buscar no outro a sombra do pai, amará mais a lembrança, o passado, do que o presente. A felicidade somente pode começar quando ela desfaz essa velha imagem interior, para poder ver além, e não o outro como substituto de um afeto não superado. Nietzsche nos ensinou que : "Nossos pensamentos são as sombras de nossos sentimentos - sempre mais obscuros, mais vazios, mais simples do que estes." (Gaia Ciência, §179). Assim, somente ao superar o sentimento, a imagem antiga, o pensamento pode enfim, ver o novo, para haver uma "autossuperação".
ALÉM DA "ESQUERDA" E DA "DIREITA"
Segundo Nietzsche, as tradicionais distinções entre "esquerda e direita" são apenas dois modos de adorar o "novo ídolo": o Estado. Ele nos advertiu que "o Estado é o mais frio de todos os monstros frios" e que ele mente ao dizer: "Eu, o Estado, sou o povo" (Zaratustra, "Do novo ídolo").Por isso, o antagonismo político moderno permanece preso à "moral de animal de rebanho"onde, cada lado acusa o outro, mas ambos bebem no mesmo poço de ressentimentos contra a vida "dos criadores de novos valores". Assim, como poderia haver uma verdadeira elevação humana quando todos querem ser guiados ou conduzir dentro de um mesmo espaço saturado? Ele queria de outro modo "Detesto seguir , assim como detesto conduzir"(Gaia Ciência). A política moderna vive precisamente desse duplo desejo: comandar e ser comandado. No entanto, "A grande política" aquela que ele anteviu, não nasce da "esquerda" nem da "direita", mas da superação que tais direções se definem. Pois "Toda elevação do tipo "homem", foi obra de uma sociedade aristocrática" (BM, §257) e, não da administração do nivelamento por baixo, proposto por elas.A disputa entre "esquerda" e "direita" continua a ser uma dança circular que esqueceu o essencial: não é a direção do caminho que importa, mas os tipos humanos que poderão surgir. Trata-se portanto, como bem disse Deleuze: "de uma tipologia qualitativa ,trata-se de baixeza e de nobreza. Os nossos senhores são escravos que triunfam num devir-escravo universal".
NIETZSCHE E A PLEBE DOURADA
Nietzsche distingue nobreza autêntica de decadência luxuosa.A nobreza verdadeira é como a dos antigos aristocratas gregos, onde afirmava a vida, criava valores sem levar em conta a utilidade.A "Plebe Dourada", ao contrário, vive do brilho herdado, da aparência de poder e da segurança material, mas perdeu a força dionisíaca de criar.Quando Nietzsche fala de "Plebe Dourada", ele antecipa algo que hoje se manifesta nas elites econômicas globais: as famílias mais ricas que concentram riqueza e influência planetária, mas cuja função criadora se esvaziou.Em vez de gerar novos valores, elas administram o já dado, preservam o Status Quo e impõem uma moral utilitária,de consumo e controle.Nietzsche escreveu em Além do Bem e do Mal: "Onde falta a vontade de criar, reina a vontade de dominar."As dinastias econômicas modernas representam exatamente isso: poder sem criação.Sua força não provém do gênio, mas do acúmulo e da gestão.Elas são, portanto, expressão da moral dos escravos elevada ao luxo — uma decadência que se mascara de glória.Em O Anticristo, Nietzsche já via essa inversão: "Chamam de virtude aquilo que torna dócil e útil a muitos".A "Plebe Dourada", nesse sentido, não é nobre: é apenas a plebe cercada de ouro.O ouro é o novo símbolo da salvação, e o dinheiro, o "novo ídolo".A "Plebe Dourada" e as famílias mais ricas do mundo são duas faces de uma mesma figura:"a decadência travestida de poder".Nietzsche veria nelas o triunfo do niilismo passivo ,quer dizer,o tipo humano que vive para conservar, acumular e controlar, mas não para criar ou afirmar a vida.Para finalizar coloco uma citação de Gilles Deleuze em seu livro sobre Nietsche , Ed.70 p.25-6 "Os nossos senhores são escravos que triunfam num devir-escravo universal:o homem europeu, o homem domesticado, o bobo ...Nietzsche descreve os Estados modernos como formigueiros, em que os chefes e os poderosos levam a melhor devido à sua baixeza,ao contágio dessa baixeza e desta truanice." Essa citação de Deleuze condensa a crítica nietzschiana ao poder sem criação que são sintomas do nihilismo passivo: conservar, acumular, controlar mas não criar.
FELICIDADE SEGUNDO SPINOZA: A ALEGRIA QUE HABITA EM NÓS
É muito comum achar que a felicidade consistiria em atingir a satisfação da maioria dos nossos desejos. Isso é impossível! Sendo a essência do homem desejo, como bem demonstrou Spinoza no seu livro Ética: "O Desejo é a própria essência do homem enquanto concebida como determinada a fazer qualquer coisa por uma dada afecção"(Ética, III, Prop. LIX,Def.I)Assim, ficamos impossibilitados de atingir a felicidade plena, tendo em vista que nossos desejos não têm fim. Spinoza reforça essa ideia ao mostrar que "cada coisa, enquanto é em si, se esforça para perseverar em seu ser"(Ética, III, Prop.VI). Esse esforço (Conatus) é contínuo , o que faz com que nunca cheguemos a um ponto onde nossos desejos estejam plenamente satisfeitos.A felicidade pertence ao estado contingencial do mundo da vida, sendo essencialmente subjetiva e relativa, e tem a ver com o tempo, no sentido da aceitação da temporalidade, sendo um estado da vida cotidiana. Ela não pode ser buscada como algo externo, pois Spinoza deixa claro que a alegria verdadeira deriva do aumento da potência de agir e não de causas exteriores (Ética, Parte V,).Portanto, nada que se encontre "fora" de nós pode nos trazer felicidade. Ela se encontra em nós mesmos; nós a criamos "dentro" de nós. Por que esperá-la amanhã ou em algum tempo futuro? Vivendo aqui e agora, aceitando a tragicidade do mundo da vida, aquilo que Spinoza chama de compreender a "necessidade das coisas" ,cuidando do que tem verdadeiramente importância para nós e para aqueles que estão conosco; o objetivo é fazer a felicidade estar presente em nós, vivendo em nós! Assim, poderemos desfrutar e compartilhá-la com alegria, alegria que, como diria Spinoza, é o "próprio aumento da nossa potência de agir" e, portanto, nossa força maior.
A ILUSÃO DE UMA CAUSA ÚNICA
Nietzsche percebeu que a busca por uma causa única revela mais sobre o desejo humano de reduzir o mundo a uma forma simples do que sobre a estrutura real dos acontecimentos. Essa tendência de isolar um princípio absoluto ,deriva de antigas crenças na existência de "unidades puras, núcleos indivisíveis de sentido". Segundo ele, " A atomística da alma que permite a crença em algo que seja indestrutível, eterno, indivisível ,como uma mônada , um átomo. Essa crença precisa ser eliminada da ciência." (B.M, §12). Nenhum acontecimento se reduz a um único princípio . O mundo é um cruzamento de "condições, tensões e circunstâncias" que acontece antes mesmo que possamos percebê-las. Ele nos adverte para se livrar de tal ilusão pois, "O mundo visto de dentro (...) seria vontade de potência e nada mais " (B.M, §36). A "Vontade" não é uma causa simples, mas entrelaçamento múltiplo de "impulsos, tendências e forças" sem um centro único. Mesmo assim, ainda persiste uma tendência de interpretar cada evento como expressão de um motivo singular. Essa inclinação não descreve o real, mas o desejo " humano,demasiado humano" de simplificar as coisas. Em contraste, Nietzsche observa que " Não existe fatos, apenas interpretações" (F.P., 1886–87, 7[60]). Contudo, isso não torna tudo arbitrário, mas mostra que toda explicação seleciona apenas uma parte da multiplicidade dos eventos. Ele nos ensina a pensar "perspectivamente" para reconhecer a pluralidade. A explicação mais profunda não isola uma única origem, mas reconhece a influência de várias condições. A crença numa causa única é uma ilusão a mais para o ser humano, e não uma realidade. Enfim, para ele, cada instante é sustentado por múltiplas forças, sendo que apenas uma delas, por "conveniência ou hábito", recebe o nome de " Causa ", como se fosse única.
QUANDO O AMOR TRANSBORDA!
Muitas vezes acreditamos no amor que pronunciava nossos nomes,mas compreendemos, com o tempo,que há afetos que não buscam encontro,mas um certo tipo de posse. Muitas vezes, demos mais do que tínhamos: tempo, segurança, futuro e, depois encontramos o silêncio, não como vazio, mas como um limite "natural" para o outro." O homem é para a mulher um meio: o fim é sempre o filho."(Nietzsche/Zaratustra).Isso, porque as mulheres seguem seus enigmas; os homens, seus caminhos, para o filho poder florescer: "Tudo na mulher é um enigma, e tudo tem uma solução, chama-se: gerar filhos"(Nietzsche/Zaratustra).Nos demos como quem afirmávamos a vida ,e o dom não voltou. Mas aprendemos que o dom autêntico, não exige retorno porque sempre fica a lição enigmática: quem ama para ter permanece. Quem ama para dar já habita outro horizonte. Pois a verdadeira medida do amor não está no reconhecimento, mas na liberdade de oferecer ,sem arrependimentos, porque afinal, temos que "amar a eternidade através dos instantes" para dar autenticidade e um peso ontológico as nossas vidas.
LAVAGEM CEREBRAL
A lavagem cerebral nos acompanha em quase todos os lugares: política, religião, mídia, ONGs, moda,etc., moldando ,silenciosamente, o pensamento e determinando o que é aceitável desejar ou acreditar. Nietzsche nos advertiu: "Quem sabe que é profundo busca a clareza; quem deseja parecer profundo para a multidão procura ser obscuro." (G. C., §173).Ele também nos alertou sobre a ilusão da liberdade política:" Quem diverge das públicas opiniões impostas e fica à margem, tem sempre o rebanho inteiro contra si." (G.C., §174) .Pensar criticamente exige reconhecer essas influências sub-reptícias e,buscar a independência intelectual, evitando confundir escolha com liberdade ou aparência com profundidade.
MISTÉRIO MAIOR QUE NÓS
São muitos, os eventos em nossas vidas que terminam sem um porquê. A razão pergunta, mas a Vida não responde, pois, como disse Nietzsche,"a vida não argumento." Quando nossa razão não consegue explicar, inventamos céu, destino, mistério, que são apenas nomes para aquilo que nos escapa.No entanto, Nietzsche nos chama para outra justificação: "Minha fórmula para a grandeza no homem é amor fati: nada querer diferente, seja para trás,seja para frente,seja para toda a eternidade.Não apenas suportar o necessário,menos ainda ocultá-lo."(E. H., "Por que sou tão ..., §10). O que termina nos devolve a nós mesmos para "tornarmos o que somos."(E.H., pról, §3). Sendo o fim, maior que nós,porque não conseguimos explicar racionalmente ,torna-se a continuação da Vida.
AONDE FORES
Leva contigo Luz
ilumine a Noite
com o sol da manhã Prateada,
faz dela um ouro Silencioso,
como a Lua Cheia
no espelho das Águas,
onde a Eternidade se comtempla
e a Temporalidade se dissolve.
OCULTAÇÃO
Religiões,
meros disfarces,
ocultando a face
mais profunda
da Vida.
Emaranham
a silente morada,
venalizadas
pelas próprias crenças!
Transformam-se
em empresas lucrativas
de transporte
para a Eternidade.
Confiscam-nos,
venalizando a fé
no Além.
Mas Portal
e Arco-Íris
surgem
para a efetivação
de uma nova Visão:
Transvaloração.
Superação.
Renovação.
SUPERAÇÃO DO SEXO COMO MENTIRA:JIM MORRISON E NIETZSCHE
Em várias entrevistas e anotações reunidas em (The Lords and the New Creatures e Wilderness),James Douglas Morrison revela que o sexo, na sociedade moderna, se tornou uma forma de mentira, uma encenação, uma tentativa de preencher o vazio existencial, mas sem autenticidade.Em uma passagem de Wilderness, ele escreve algo nesse sentido:" O sexo está repleto de mentiras. O corpo tenta falar a verdade, mas é geralmente reprimido. O motivo do sexo é a busca de algo verdadeiro, mas o que se encontra é apenas mais uma máscara".(Morrison, Wilderness: The Lost Writings).Sua crítica é profundamente existencial e poética,o sexo deveria ser uma porta de revelação e de êxtase,no entanto, nas relações humanas contemporâneas, torna-se repetição, disfarce, papel social,um reflexo do mesmo conformismo e falsidade que ele via na arte e na vida contemporânea.Morrison,leitor de Nietzsche, intuiu que somente na embriaguez dionisíaca, quando o corpo rompe seus limites e o eu se dissolve na vida, o ser humano toca novamente o real.Nas palavras de Nietzsche:"A embriaguez da excitação sexual,a mais antiga e primordial forma de embriaguez; nela se expressa o impulso à vida e à superabundância da força vital"(Nietzsche, C.I.,IX,§8).Assim, o corpo pode deixar de mentir, e voltar a ser o que Morrison buscava: a "verdade" que ele pode revelar.
RELIGIÕES INSTITUCIONALIZADAS
As religiões institucionalizadas não celebram a vida, elas a negam. Inventaram um "além-mundo" para desprezar este, "pois os cristãos julgaram o mundo mau e feio... e inventaram um além-mundo" (C.I. "A 'razão' na filosofia", §6) Em vez de afirmarem os instintos e a terra, "tornaram suspeitos os instintos da vida" (A.C, §24), fazendo da fé um refúgio contra o mundo real. A "fé" diz Nietzsche, "significa não querer saber o que é verdadeiro" (A.C., §52); é a obediência mascarada de virtude, a renúncia disfarçada de salvação. Por isso, as religiões criam rebanhos, não criadores. "O cristianismo é uma moral de rebanho". Ensina o "instinto do rebanho contra o instinto dos fortes" (G.M., I,§13).Assim, o homem religioso não se torna livre, mas igual a todos os outros: "A moral do rebanho diz: Sejam iguais uns aos outros! "Sejam medíocres!" (B.M., §199).Contra esse nivelamento, Nietzsche exalta o espírito que ousa afirmar a vida: "O que é desejável são homens que se justifiquem diante da vida, que digam sim à vida" (G.C., §276). A Celebração da Vida é o verdadeiro culto. Tudo o mais é fuga, ressentimento e decadência.
A MORAL CONTRA A VIDA
A moral tradicional que se apoia em princípios transcendentes nega a vida sensível e impõe culpa e submissão a um mundo fictício. Segundo Nietzsche, "a cruz como distintivo da mais subterrânea conspi- ração que já houve - contra saúde,beleza,boa cons- tituição,bravura,espírito,bondade de alma, contra a vida mesma..."(A.C.,§62).
VIVER É REESCREVER NOSSA HISTÓRIA
O autoconhecimento é importante, mas conhecer a nossa história pessoal é deveras mais importante porque é o verdadeiro caminho para a "criação e transvaloração" da nossa vida. Nietzsche não diz apenas: "Conhece-te a ti mesmo", mas complementa com o : "Torna-te quem tu és". Portanto, conhecer-se é transformar o que se viveu em criação e autossuperação. "Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas." (G.C., §276).Quem conhece e ama a própria história ama o destino — e, nesse amor encontra força para dizer: "Da escola de guerra da vida. O que não me mata me fortalece." (C.I., §8).
O AR DAS MONTANHAS
Quem sobe às montanhas ri do "louvor e da censura" — lá o ar é puro demais para a vaidade respirar.
NIETZSCHE E O ESPIRITISMO
Para Nietzsche, o Espiritismo é a reedição piedosa da decadência cristã sob linguagem científica.Sob a aparência de progresso moral, ele mantém o mesmo princípio "reativo nihilista": a negação da Terra, a glorificação do além, a sacralização da dor."A fé na imortalidade é uma afronta à razão, uma mentira do instinto de fraqueza.(AC, §17)."Que é o homem? Um animal doente", (G.M, III, §13).A doutrina das "provas e expiações" confirma exatamente isso: o homem é doente, culpado, em falta.No entanto,Nietzsche exigiria o contrário: a "inocência do devir, o sim à vida sem culpa, sem expiação, sem além".Enfim, a doutrina espírita é uma forma de "nihilismo passivo,reativo",porque torna o homem preso mundos fictícios:o além-mundo,o mundo ideal platônico,mundo espiritual kardecista, e qualquer outra forma de mundo transcendente.
ALÉM DO LOUVOR E DA CENSURA
Os elogios podem até encantar. O grande lance é que a sinceridade é mais importante. Homens e mulheres maduros não se encantam com elogios ou ficam chateados com críticas. Verdadeiramente, eles se encantam com boas e sinceras atitudes e, sobretudo, ouvem as críticas como construtivas. Se posicionam "além do louvor e da censura", como escreveu Nietzsche.
O PENSAMENTO PARTE DE UMA CRENÇA
Todo o sistema de pensamento se apoia em pressupostos não demonstráveis, quer dizer, aquilo que se acredita ser verdadeiro antes de poder ser provado.O Humanista por exemplo, acredita na dignidade do ser humano, no entanto, isso é uma crença moral e não um fato. O cientista acredita na ordem racional do mundo e na confiabilidade da razão e dos sentidos , no entanto, isso é uma fé epistemológica, não uma prova. Até mesmo o cético acredita na validade do ceticismo.Assim, a descrença absoluta é logicamente impossível,porque negar já é afirmar algo, haja vista que não se pode negar a partir de nada.
ESTRITAMENTE NÃO EXISTEM ATEUS
Até mesmo aqueles que negam Deus acreditam em algo, ninguém vive sem crença. Os ateus que negam Deus acreditam em muitas coisas, tais como:humanidade,destino,progresso,ciência,princípios,razão,etc.
COMÉRCIO COMO CORRUPÇÃO DO ESPÍRITO
Segundo Nietzsche,"A alma nobre tem respeito por si mesma"(BM,§287) o seu agir é por excesso de força, não pela "utilidade", pelo cálculo.Sua doação é expressão de abundância, não de troca.Quando a criação se curva à medida e ao ganho, começa a corrupção: quem compra barato e vende caro não cria - apenas calcula.Para ele,a justiça nasce entre partes aproximadamente iguais em potência.Onde um explora e outro se submete, já não há justiça,mas astúcia;Assim,o comércio torna-se máscara da desigualdade.O mundo moderno tornou-se um grande comércio "Tudo nele é falso;morde com dentes roubados.Até suas entranhas são falsas" (Zaratustra, Do novo ídolo). O espírito se corrompe, já não quer criar ,mas lucrar de modo vil e utilitário.
O ANTIMATERIALISMO DE NIETZSCHE
Os livros "História do Materialismo" de A. Lange e "Filosofia Natural" de R. Boscovich desempenharam um papel crucial na formação da crítica de Nietzsche ao materialismo. Lange argumenta que o materialismo é incapaz de sustentar suas premissas, sendo válido apenas como um recurso metodológico. Nietzsche se apropria dessa abordagem para defender o vitalismo inerente à sua filosofia e, simultaneamente, adota a crítica de Boscovich ao atomismo materialista. Boscovich se opõe à ideia corpuscular da matéria e propõe uma perspectiva dinâmica das forças e fenômenos, compreendendo o mundo como um aglomerado de pontos de força indefinidos em extensão. Munido desses intelectuais, Nietzsche se posiciona de forma radical contra o materialismo, abraçando uma visão dinâmica do universo como "Vontade de Potência", baseada na noção de forças em vez de matéria. Ao rejeitar o materialismo, ele afirma a natureza dinâmica do mundo e, assim, adota uma postura antimaterialista, declarando: "Não existem substâncias que perdurem eternamente; a matéria é um equívoco, assim como o deus dos eleatas" (Gaia Ciência, §109, Cia das Letras).
AMAR É SUPERAR-SE JUNTOS
Quando o amor é maduro, ele deixa de ser projeção e se torna espelho. Já não há um que idealiza e o outro que é idealizado, mas dois que se reconhecem e se impulsionam, havendo um vínculo horizontal. O amor compartilhado evolui através de crescimento, ambos se inspiram, para serem mais plenamente e com vontade de criarem um criador. Segundo Nietzsche, no Zaratustra:" Vontade a dois em criar um que seja mais que aquele que os criaram." Assim,o amor maduro não é posse nem refúgio,mas criação - um movimento a dois que aspiram juntos " criar um ser que seja mais elevado ".
FILOSOFIA E CIÊNCIA
A discussão sobre conhecimento evolui da teoria clássica para a filosofia da ciência contemporânea, focando na relação entre observação de objetos particulares e a busca por explicações universais. O objetivo central é entender como teoria e prática se unem para gerar a "genuína ciência", resolvendo assim questões sobre a racionalidade científica. Filosofia e ciência compartilham o propósito de expandir o conhecimento, mas a diferença entre suas abordagens não é clara. A ciência busca argumentos específicos, enquanto a filosofia questiona as condições para alcançar verdades universais. Portanto, tentar separar claramente ciência e metafísica pode ser uma ilusão. Hoje, muitos acreditam que ciência e metafísica estão interligadas, e tentar opor ou separar essas áreas é visto como utópico.O discurso científico é único, exigindo rigor e uma crítica constante, nunca buscando conclusões finais e absolutas. Esse rigor é fundamental para a noção de racionalidade, que envolve discutir problemas sem preconceitos e evitando certezas absolutas. Tanto nas ciências formais quanto nas humanas, o rigor é influenciado por contextos históricos, e nenhuma teoria é considerada rigorosa de forma isolada. A história da ciência mostra que as ideias científicas evoluem frequentemente, desafiando regras metodológicas. É difícil traçar uma linha clara entre ciência e metafísica, pois a própria história científica contém tensões entre essas instâncias.As mudanças de paradigmas nas ciências refletem conflitos entre métodos e dinâmicas da razão científica. Essas transições geralmente visam desenvolver teorias mais abrangentes que integram precedentes e esclarecem limitações. Isso exige novas interpretações e adaptações para atender a requisitos epistemológicos, ajustando as investigações científicas conforme necessário. A experiência não fundamenta princípios dos fenômenos, mas orienta as investigações. As teorias científicas não aceitam dados da experiência passivamente; elas os corrigem e buscam vínculos com contextos históricos e culturais, permitindo enquadrar fenômenos em teorias mais amplas.Esse processo envolve uma dialética entre observação de dados e elaboração teórica, sem um ponto final de investigação. A filosofia da ciência tem a capacidade de fazer uma análise crítica de outras áreas do conhecimento, como a religião, economia e política. Por exemplo, questiona se o cristianismo deve ser visto como superior a outras religiões, assim como proclamado por culturas ocidentais. Em economia, suas leis, baseadas na experiência, não podem fornecer conclusões absolutas. Na política, o conceito de liberdade é analisado criticamente, revelando que esse termo carece de uma definição precisa e deve ser considerado dentro de diversos contextosEssas análises críticas levam à tarefa desafiadora da epistemologia moderna de diferenciar claramente a retórica dos conceitos religiosos, econômicos e políticos discutidos. Assim, o debate sobre conhecimento e ciência envolve uma visão ampla e crítica, que propõe refletir sobre as interconexões entre diferentes áreas e o que significa buscar a verdade. Essa busca nunca é final, mas um processo contínuo de exploração e reavaliação.A reflexão sobre a natureza do conhecimento requer entendimento sobre a complexidade das relações entre diferentes campos, e como a ciência, a filosofia e a experiência se entrelaçam para moldar o que entendemos, destacando a importância de um debate aberto e sem preconceitos.
OBRAS CONSULTADAS:
1)MORA, J.F. Dicionário de Filosofia. São Paulo:Ed. Loyola,2000.
2)ABBAGNANO, N. História da Filosofia em 12 volumes. Lisboa.Ed. Presença,2001.
3)LACROIX, A. A razão. Rio de Janeiro. Ed. Vozes, 2009.
4)MEDAWAR, P. Os limites da ciência. São Paulo.Ed. UNESP,2005.
5)HUISMAN, D. Compêndio Moderno de Filosofia. São Paulo.Ed. FreitasBastos,1978.
6)OMNÉS, R. Filosofia da Ciência Contemporânea. São Paulo.Ed.UNESP.1995.
SEM LIMITES
Tudo são conjecturas.
Nada é o que é
Indicações sinistras...
Invadem nossas mentes
reina no mundo da Vida
Do Ser, do Não Ser
Ao Nada
Autocriação e aniquilamento.
Eterno mistério da Vida
Eterno retorno do devir
ETERNO RETORNO - INOCÊNCIA DO DEVIR
Estamos nos
reencontrando
novamente.
Mas não somos
mais os mesmos!
A eterna recorrência cósmica
Nos atrai e nos afasta
Para vivermos o eterno
jogo existencial.
Celebremos!
Vida é celebração, aventura,
Criação de destinos
Culpa nenhuma há
Total inocência do devir!
Aniquilando todo espírito
de vingança,
Abrimos caminhos para
novas possibilidades
Um arco-íris nos espera,
Sinalizando a ultrapassagem!
SOLIDÃO BEFAZEJA - CRESCIMENTO
Em nosso mundo interior, estamos absolutamente a sós. Permanente fluxo de pensamentos, sensações, emoções, pulsões, instintos etc. Sempre e somente experimentamos a nós mesmos, a nossa própria existência. Não julguemos, então! Eis um dos caminhos para o cerne da tranquilidade da alma. Tudo isso, e apenas isso, é que precisamos para atingir o âmago do silêncio meditativo criador e da beatitude contemplativa intencional. O mundo sempre está em nós. Assim, faz-se necessário tomarmos posse de nossas vidas. Espaço para criar, expandir o nosso ser intencional rumo a novos paradigmas de crescimento, que irão se manifestar em nossa vida e no mundo.
SOLIDÃO PLENA
Estamos sempre sozinhos; apesar de nossos esforços para escapar dela, ela nunca se vai. Então, façamos as pazes com ela , a transformando em solidão com plenitude. Como nos ensina Nietzsche no Zaratustra: "Foge para a solidão, meu amigo! (...) Dignamente sabem calar-se, contigo, a floresta e a montanha".É no silêncio da solidão que o espírito se reencontra e cria sentidos.
O DESPREZO PELO FÁCIL E O ESQUECIMENTO DO VALOR
A grande maioria das pessoas imaturas desprezam o que é, fácil e simples, embora seja valioso ;precisam do difícil apenas para sentirem que conquistaram algo. Sêneca nos advertiu há muito tempo "Não temos pouco tempo,mas desperdiçamos muito",quer dizer, o tempo está aí, nos é dado, mas o desperdiçamos. Nietzsche, também,nos alertou para não ficarmos cheios de si, " não te infles muito, basta uma alfinetada!" Assim , entre o que se perde está o olhar para o essencial, aquilo que, por ser fácil e próximo , acaba sendo esquecido e desvalorizado.
MODO DE VIDA NOBRE E SIMPLES
Para Nietzsche, o nobre vive de modo afirmativo e essencial, não cumulativo, um pouco minimalista. Ele não busca o supérfluo - busca o estilo. O luxo e o vício, ao contrário, são sintomas de decadência, de uma sociedade que perdeu seu eixo educativo e busca no excesso uma compensação para o vazio. Assim, um modo de vida simples, um pouco minimalista, disciplinado e digno, é segundo ele, expressão de nobreza. A simplicidade deve tornar-se um força interior organizada .O luxo é uma fraqueza ornamentada.(Cf. Crepúsculo dos Ídolos,Os quatro grandes erros, §2)
MANIPULAÇÃO "IMPERCEPTÍVEL"
O nível de manipulação, através de vários meios: "religiosos", políticos,ideológicos, "científicos", midiáticos em geral, incluindo os robóticos principalmente, estão em em nível tão elevado que pouquíssimas pessoas conseguem perceber e agir de modo autêntico, quer dizer, fazendo uma crítica para se libertarem do que William Blake chamou outrora de "Os grilhões que forjaram as nossas mentes", levando em consideração um outro sentido que ele vislumbrara.
RENASCER DO CREPÚSCULO
Mais uma noite
Tento me controlar
Mas um sentimento
dentro de mim pulsa forte
dizendo que já deveria ter ido
Nova vida pela frente
Coração com desejo de mudar novamente
Purificando todas as dores do passado
O renascimento é agora
E o agora é o eterno retorno
manifestando-se novamente!
QUANDO A VERDADE SERVE À VIDA: JOÃO 8:32 À LUZ DE NIETZSCHE
A frase "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará"(João8.32), pode ser entendida como um convite ao autoconhecimento e à lucidez,libertando o homem das ilusões que o aprisionam. Nietzsche ecoa essa ideia ao tratar a verdade como "criação humana a serviço da vida", e não como essência eterna: em Sobre Verdade e Mentira no Sentido Extra-Moral, afirma que " O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas ,metonímias, antropomorfismos..." mostrando que toda verdade nasce de interpretações históricas e sociais. João fala de uma verdade que liberta, Nietzsche fala de uma lucidez que emancipa, pois o homem só se torna livre quando rompe com as ilusões morais e metafísicas.
CONSAGRAR VERDADE À VIDA E NÃO A VIDA A VERDADE
Nietzsche propõe que a verdade não seja um fim em si, mas um meio para intensificar a vida. Em vez de sacrificar a vida pela verdade, devemos consagrar a verdade à vida, isto é, avaliar o conhecimento e os valores pelo quanto afirmam e fortalecem a existência. Ele, portanto, inverte a hierarquia: a vida é o critério de valor da verdade. O Pensar deve ser criador ,toda verdade que empobrece a vida deve ser rejeitada. Assim, devemos cultivar a busca da verdade para engrandecer a vida e não dedicar a vida à verdade. Sutil diferença! A vida para ele é concebida como um experimento, como meio de conhecimento intrinsecamente ligada à vida prática com o objetivo de "tornar-se o que se é". Cf. Aurora §324.
VIVER A VIDA ACIMA DE TUDO!
Eis um fragmento do Tao:
"Você poderia trabalhar dez anos sob um mestre,
Tentando discernir se seus ensinamentos são verdadeiros.
Mas tudo que aprenderia seria o seguinte:
É preciso viver a própria vida."(Tao, p.85, Ed.M. Fontes).
A PROPOSTA DE NIETZSCHE - TRANSVALORAÇÃO
É totalmente errado afirmar que Nietzsche é um nihilista e que não nos legou nenhuma proposta. Ao contrário, ele nos convida a introduzir o valor como categoria fundamental para fazermos nossas avaliações morais. Como ele mesmo afirma: "O que precisamos é de uma crítica radical a tudo o que até agora se tem considerado como valor absoluto" (GM, Prefácio).Usando o método genealógico como método de diagnóstico dos valores estabelecidos através dos tempos, Nietzsche questiona o "valor do valor", mostrando que os valores devem ser investigados, haja vista que foram tidos, até então, como imutáveis e eternos. Ele escreve que "perguntar pelo valor dos valores: uma investigação sobre a origem e a função da moralidade"(GM, Prefácio) é essencial para compreendermos a moralidade.Além disso, Nietzsche evidencia que os valores têm uma origem e uma história, afirmando que "o homem que nega Deus ainda pensa e age segundo categorias herdadas do teísmo; a tarefa é criar novos valores, fundados na vida" (A Gaia Ciência, §125). A vida, portanto, torna-se valor fundamental: "A vida deve tornar-se a medida de todas as coisas" ( BM, §260).Dessa forma, a proposta de Nietzsche é clara: não se trata de um nihilismo que destrói valores sem substituí-los, mas de uma transvaloração de todos os valores, orientada pela vida e pela criação de novas formas de vida.