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NIETZSCHE E A "ERUDIÇÃO"

Como já sabemos, Nietzsche foi um erudito. No entanto, ele criticou a erudição desde o começo, já com O Nascimento da Tragédia, que segundo ele foi sua "primeira transvaloração dos valores" (Cf. Crepúsculo dos Ídolos ,O que devo aos antigos,5). A erudição que ele critica em suas obras é a pura erudição sem uma aplicação prática, o saber por saber; esse tipo de erudição é  considerado por ele, negativamente, porque representa a ciência na modernidade, cujo representante maior é o especialista , ironicamente descrito como sendo o homem da sanguessuga "O mestre e conhecedor do cérebro de uma sanguessuga."(Zaratustra, A sanguessuga).Segundo Nietzsche, hierarquicamente falando, os eruditos pertencem "à classe média espiritual", porque não conseguem ter uma " visão dos problemas e interrogações realmente grandes"(Cf. Gaia Ciência,§373). É o “pequeno anão e plebeu presunçoso, o ágil e diligente trabalhador braçal-intelectual a serviço das “ideias”, as “ideias modernas"! (Cf. Além do Bem e do Mal,§58).Diante disso, Nietzsche confere a ciência moderna um vil utilitarismo, que tem como representantes grande parte dos eruditos do tipo medíocre , uma “mediocridade, cada vez mais utilizável no sentido econômico”(Cf.2ª consideração intempestiva,7) . Enfim são aqueles eruditos "que olham embasbacados os pensamentos que outros pensaram"(Cf.Zaratustra,dos doutos) ou seja , são aqueles que conhecem demais a cultura passada, mas não agem adequadamente no presente , não criando novos valores. 

VIDA

Eterno Movimento.

Luta.

Renovação.

Superação.

 

Vida é Meta

Afirmação, Negação.

Caminhos novos.

Sentidos novos.

Vida é criação:

Fogo do gênio

Prometeico.

ARTE E VIDA

Sócrates e Platão, ao desvalorizarem a aparência, são para Nietzsche inimigos da arte , anti-gregos, e por consequência:" inimigos" da Vida. Nietzsche ao recusar a Metafísica fundada na crença em um além-mundo verdadeiro, afirma a Vida, incondicionalmente, na sua força de sua ilusão. O filósofo, portanto, torna-se artista, onde sua experiência tem semelhança com os gregos áticos , a quem Nietzsche chama-os de trágicos onde não havia a diferença entre aparência e ser:

"Deveríamos respeitar mais o pudor com que a natureza se escondeu por trás de enigmas e de coloridas incertezas. Talvez a verdade seja uma mulher que tem razões para não deixar ver suas razões?"(NIETZSCHE. Gaia Ciência. Prólogo:§-4).

Sendo verdade, a Vida, possivelmente uma "mulher", em sua dissimulação ela se esconde e diz que não há "Verdade" atrás da aparência. A própria aparência não é o contrário da Verdade e sim sua adequada expressão. Para Nietzsche, não há Verdade nem real, em sentido absoluto, categórico, nomológico . O mundo é uma construção nossa, onde a Arte tem a função de engrandecer a vida e estabelecer um pleno estatuto ontológico, por ser ela mesma, ilusão, jogo, aparência criadas pelo homem que se torna artista, criador dotado de pés leves e alados, tal como Hermes, o mensageiro de Zeus.

AMOR LUCÍFLUO

 Amar, amar de verdade.

Incondicionalmente!

Movimento espontâneo

ao encontro da Beleza.

Na mútua compreensão,

Desejo do Belo!

Só conhecemos se amarmos.

A experiência do amor é Luz.

Visão mística!

União...

Dilatação da Luz.

Plenitude!

A UTOPIA DOS CONTRATUALISTAS

O Estado não é para Thomas Hobbes o resultado do instinto social natural do homem. O instinto natural do homem é um estado de "natureza" ou uma " guerra de todos contra todos." Para tentar solucionar esse problema ele criou a utopia do contrato social, como também, John Locke e  Rousseau o fizeram. Conforme a investigação filológica-genealógica de Nietzsche, o Estado foi fundado através da força e da violência. Segundo Nietzsche/Zaratustra: "Mas o Estado mente em todas as línguas do bem e do mal;e,qualquer coisa que diga, mente -e, qualquer coisa que possua, roubou-a."(Z, Do novo ídolo,p.75,Ed.Civilização Brasileira)

 

LEMBRANÇAS DE UM PASSADO RECENTE

No passado, em uma época

em que éramos mais jovens.

Lembro-me, que ela trazia

o que precisávamos.

Meu rosto molhado,

Sentia a Tempestade

Vendo a Serpente queimar de desejos...

Enquanto, a Águia voava livremente.

Sem arrependimentos ou objetivos

Nem nada para aprender,

Apenas amenizando nossa tristeza.

Ela regulava a marcha para nossa libertação

Da dor , nossa dor.

Todos nós precisávamos ver!

Mas ninguém queria.

O Establishment

destilava a Decadência.

Hoje, as ruas são a realidade.

Agora... precisamos ver!

O Establishment continua

disseminando a Decadência.

Movendo-se, silentemente.

Dia após dia.

Sem tréguas.

Agora, chegou o momento de unir forças.

Ouvir: Avisos , alertas e chamados.

Tempo de novas visões, construções e ações.

A transvaloração nos convida...

Para que o futuro esteja em nossas mãos!

E não o FIM do futuro.                                                             

DESENCANTAMENTO DO MUNDO SEGUNDO MAX WEBER

O nascimento da ciência moderna descreveu o mundo como partes de matéria realizando operações físicas previsíveis, sem mistério. A natureza na Modernidade passou a ser vista como matéria em movimento, havendo uma crítica ao conceito de causa final , como também ao conceito de  teleologia.

CRÍTICA DE HUME AO FUNDAMENTO METAFÍSICO

David Hume , com sua crítica ao conceito de causalidade, mostrou que apenas existem "conjunções constantes entre os eventos do mundo" e não " conjunções necessárias", é o hábito que nos engana e nos faz crer em leis absolutas.                  

A PSEUDO CIÊNCIA DO MATERIALISMO DIALÉTICO

Roger Bacon, já na época do Feudalismo propôs a importante tese do unilateralismo científico, segundo o qual o único meio de atingir a verdade seria através do empirismo das ciências, isto chamou a atenção porque antecipou a crítica  ao materialismo dialético, onde  existe uma relação causal entre o sistema de produção e as formas de pensamento, havendo , desse modo, um determinismo de absoluta necessidade. Sua tese mostrou  que o materialismo dialético é impossível como ciência , como queria Karl Marx.

UMA DAS CONCLUSÕES DA “MODERNIDADE LÍQUIDA” DE ZYGMUNT BAUMAN

Quanto mais "líquida" é uma sociedade maior será o número de leis que a regem. Quanto mais "sólida" menor será o número de leis que será necessário para regê-la!

SCHOPENHAUER SIMPLIFICOU O “PRINCÍPIO DE RAZÃO SUFICIENTE” DE LEIBNIZ

Princípio de Razão Suficiente - É o princípio em virtude do qual nós julgamos que nenhum fato poderá ser considerado verdadeiro, ou existente, nenhum juízo verdadeiro, a não ser que haja uma razão suficiente para que seja assim e não de outro modo, embora essas razões  não possam na maior parte das vezes ser do nosso conhecimento. Tem de haver uma razão suficiente para as verdades contingentes ou verdades de fato, isto é, para a sequência das coisas que estão dispersas pelo universo dos seres criados, nos quais a resolução em razões particulares poderia ir a detalhes sem fim.(Leibniz, Monadologia, p. 31,32,33,36).

Schopenhauer ,o simplificador com disse Nietzsche, divide o P.R. Suficiente postulado por Leibniz em 4 modos:

1) P. Razão Suficiente do Devir - princípio do mundo

2)P. Razão Suficiente do Conhecer - princípio do homem enquanto tendência para o conhecimento. " Todos os homens aspiram naturalmente ao conhecimento" (Aristóteles, Met. I).

3) P. Razão Suficiente do Ser - relações matemáticas

4)P. Razão Suficiente do Agir - motivações humanas, aspirações.

AS MEDITAÇÕES DE DESCARTES

Descartes procurará aprofundar nas Meditações o que já havia feito no Discurso sobre o Método, quer dizer, "começar tudo novamente desde os fundamentos" para estabelecer uma firmeza nas suas dúvidas à luz das ciências, propondo rejeitar como sendo falsas as ideias que indicarem um mínimo de dúvida, contudo avança no que se diz respeito ao conhecimento sensível para resgatá-lo no que concerne as "ideias claras e distintas", onde afirma que não pode negar que seja um corpo pensante, buscando conhecer mais verdadeiramente ao nível das ciências da matemática. Elucidará a influência de um Deus enganador mesmo ao nível das ciências da matemática, dado a sua onipotência. " pode ocorrer que Deus tenha desejado que eu me engane todas as vezes em que faço a adição de dois mais três , ou em que  enumero os lados de um quadrado ou em que julgo alguma coisa ainda mais fácil, se é que se pode imaginar algo mais difícil do que isso" . Colocando a dúvida metódica em dúvida universal negará, então, que não há nenhum Deus , mais sim " certo gênio maligno " com toda a força potencial do Deus enganador que considerará que todas as coisas do mundo físico não passam de "ilusões e enganos" que ele usa para falsificar a minha credulidade.Descartes continuará na procura de uma evidência onde não possa colocar nenhuma dúvida, com esperança de encontrar "somente uma coisa que seja certa e indubitável". Duvidará novamente de todas as coisas que ele vê, isto é, duvidará das coisas do mundo físico e questionará "o que poderá, pois , ser considerado verdadeiro?" ou seja , aquilo em que se possa confiar totalmente, já que um ser finito pensante com sua capacidade cognoscitiva  não pode ser nada , um Deus tem que ter colocado no nosso eu os pensamentos ,embora, mesmo negando "qualquer sentido ou qualquer corpo" não poderá deixar de existir sem dúvida alguma, mesmo que ele me engane fazendo com que nada seja. Postulará a certeza , "eu sou, eu existo" com total verdade enquanto pensa e exercitará sua imaginação com a proposição de saber se  é algo mais do que uma coisa que pensa e pronunciará os atributos dessa coisa pensante a saber : " uma coisa que duvida, que concebe, que afirma, que ensaque quer , que não quer, que imagina e que sente."Quanto ao argumento dos corpos, Descartes toma como exemplo um pedaço de cera que não pode conhecer apenas pelos sentidos " Não a posso conceber dessa forma sem um espírito humano" e " só podemos conceber os corpos pela faculdade de entender em nós existente e não pela imaginação nem pelos sentidos" daqui segue que para Descartes,a alma ou o eu  é mais fácil de conhecer do que os corpos porque o conhecimento é direto, imediato.   

NIETZSCHE /ZARATUSTRA E O CASAMENTO

Em seu livro: Assim Falava Zaratustra, Nietzsche defende a instituição do casamento, colocando a amizade entre os cônjuges como ponto fundamental para que haja uma elevação e superação através dos filhos.

"Não somente para a frente, deves propagar-te , mas paro o alto! Que  a isso ajude o jardim do casamento!(...) Casamento: assim chamo a vontade a dois de criar um ser que seja mais do que aqueles que o criaram. Respeito mútuo, chamo ao casamento, respeito por aquele que quer com essa vontade. Seja esse o sentido e a verdade do teu casamento."(Zaratustra.p.96.Trad. Mário da Silva. Civilização ).

Essa seria a concepção ideal para ele, todavia, a dissolução do matrimônio é necessária  e preferível a ter de se manter em uma união infeliz, onde não há crescimento para o "alto".

"Não zombeis desses casamentos! Que filho não teria motivo para lamentar-se de seus pais? Digno pareceu-me esse homem, e maduro para o sentido da terra; mas, quando vi sua mulher, a terra pareceu-me um manicômio."(Id.,ibidem. p.97). 

A RELIGIOSIDADE CÓSMICA DE NIETZSCHE

Esse aforismo de Nietzsche mostra sua religiosidade, através da total adesão ao real, vejamos:

ETERNIDADE - Não é de maneira alguma a questão primeira saber se estamos satisfeitos conosco, porém se estamos de um modo geral satisfeitos com alguma coisa. Caso dissermos sim a um único instante, então diremos sim não só a nós mesmos, mas a toda existência. Pois nada está aí para si, nem em nós mesmos e nem nas coisas: e se apenas uma única vez a nossa alma vibrou e ressoou de alegria como uma nota musical, então todas as eternidades foram necessárias para condicionar esse único evento - E , nesse único instante do nosso dizer sim, toda eternidade foi aprovada, redimida, justificada, confirmada e reafirmada.(Nietzsche , Fragmentos Póstumos 1885-1887)

NIETZSCHE E O AMOR

Deixando à parte suas contradições perspectivistas , o tema do amor se concretiza como fundamental em sua obra, onde para ele , amor é essencialmente amor a vida, sendo sua característica mais marcante a afirmação da vida , contudo, não da vida decadente , mas da vida ascendente. A vida tem um mistério , uma magia " um véu de belas possibilidades, cheio de promessa, resistência ,pudor, desdém, compaixão, sedução. Sim , a vida é uma mulher! "(Gaia Ciência §339). O tema do amor está relacionado ao AMOR FATI (Amor ao destino) " Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: Assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas. Amor Fati , seja este, doravante o meu amor!(Gaia Ciência §276). Para ele, O amor também é uma superação do humano " uma flecha e um anseio para o além-do-homem" (Zaratustra - I - pg.69 , tradução Paulo C. Souza ) ." Um dia deveis amar além de vós mesmos!" Ibid.p.68).O amor também está relacionado ao Dionisíaco , devido a incondicionalidade do amor perante a vida " O dizer Sim à vida, mesmo em seus problemas mais duros e estranhos; a vontade de vida (...) a isto chamei dionisíaco "(EH , NT -§3, p.63 e 64, Trad. Paulo C. Souza).

FINAL DE INVERNO

Sol e muito frio no ar

Uma nova aurora

Tempo de se renovar!

 

No céu azul

Um novo horizonte

Nos chama.

No meio-dia

de novas vidas,

Livres nos encontramos.

 

Encontro marcado

e selado pelo destino.

Agora vamos caminhar

nas montanhas,

Ar puro emanando no ar

nos renovando para

nossa primeira Primavera

juntos.

ENSINAR E APRENDER

Em seu livro: "Sobre a questão do pensamento", Martin Heidegger traz à tona uma questão essencial para a Educação que já foi vislumbrada por Nietzsche em seu escrito: "Sobre o futuro de nossos estabelecimentos de ensino" , eis a questão: " Se hoje - quando tudo se mede de acordo com os níveis mais baixos, como por exemplo o lucro - ninguém mais deseja tornar-se mestre”. Nosso mundo global tecnizado, valoriza como prioridade um saber especializado que gere lucro ,aviltando uma formação que tenha como prioridade "ensinar a pensar " e assim, atingir o objetivo educacional de "fazer aprender", para com isso, lidar com as necessidades mais urgentes do nosso tempo. A formação cultural através da Educação onde a Política deverá servi-la e ser a base para poder haver uma renovação. Política ancila Cultura, quer dizer, a Política deverá ser serva da Cultura. E não como ocorre há bastante tempo, onde ela depende muito da Política.

NÃO NOS ENGANEMOS MAIS!

Esquecemos que o  nome de "Deus" tem sido  usado sub-repticiamente há muitos milênios . Assim, faz-se mister tomarmos cuidado! " O óbvio ululante" é que estão usando, há dois milênios, a Bíblia sub-repticiamente. E usam, também, o conceito de livre-arbítrio erradamente ,porque faz as pessoas dependerem dos Teólogos, que querem encontrar culpados para exercerem poder sobre elas, tornando o livre-arbítrio em servo arbítrio! Não devemos nos enganar mais!

FAZ-SE NECESSÁRIO SUSPENDERMOS O JUÍZO

Quando Nietzsche  diz que " a moral não passa de uma interpretação - uma falsa interpretação - de certos fenômenos " .Com isso ele está nos alertando para suspendermos o juízo, haja vista que existem apenas interpretações e não um juízo de valor absoluto. Somente a Vida como "Vontade de Potência" teria um valor absoluto,  que é a base para nossas valorações.

MOMENTO ZEN!

Irrompem os Mestres.

Imersos em realidades alternativas.

Do Underground das culturas espirituais,

Esotéricas e Místicas...

Lao-Tsé, Buda e Christós.


Mergulhados:

No Caminho,

Na Unidade Oceânica

Ou  no Amor a Deus.

Iluminaram nossas vidas,

Alterando consciências.


No Tao,

Nas meditações,

Ou nas orações com o Imo

Total recusa de dualidades

Irrompe o

Momento Zen!

O QUE É UMA VIDA ESPIRITUAL ?

Podemos afirmar que uma vida espiritual em sua visão tradicional  se relaciona com algo que está além do mundo físico, afirmando uma força , uma energia que nos afeta. O cultivo dessa energia envolve orações, meditação, contemplação, ascese,etc.Essas práticas não estão necessariamente ligadas a uma religião dogmática. No entanto ,uma vida espiritual , também, pode desenvolver-se através de um sentido não transcendente através do estético , do ético, afirmando uma certa admiração pelo mistério. Nossa mente é finita e, portanto, limitada, não podendo negar ,categoricamente, a existência de uma vida espiritual transcendente. No entanto, faz-se necessário haver uma valorização da vida ,para não cairmos no Nihilismo.

O CALVINISMO COMO ENGRANDECIMENTO DO CAPITALISMO E PERDA DA LIBERDADE HUMANA,SEGUNDO MAX WEBER

Na " Ética protestante e o espírito do capitalismo ", Max Weber sustenta a tese que o engrandecimento do capitalismo, fundado no cálculo do capital e na organização racional do trabalho, deve-se ao encontro de dois fatores primordiais: O espírito do capitalismo e a ética "protestante". O espírito do capitalismo segundo Weber, não se manifestou em uma busca desenfreada e cega do lucro pelos especuladores, e sim na busca racional , sistemática e com alto controle do lucro vinculado no exercício honesto e assíduo de uma profissão. Para explicar tal emergência ocorrida historicamente, Weber aponta um segundo fator que foi a influência da Reforma Protestante , mais particularmente do calvinismo, cuja ética era a de uma privação radical de todo interesse pelos prazeres mundanos. O calvinismo, afirma que Deus decidiu de antemão o destino dos homens. Uns seriam predestinados à vida eterna e outros a morte eterna. Havendo dúvidas se seria um eleito ou não, o calvinista buscava seus sinais aqui na Terra, nos frutos de seu trabalho árduo quase sem descanso e sem alegria, trabalhando unicamente para glória de Deus. Compreendendo o trabalho como uma vocação e a riqueza como um sinal de benções divinas, acumulava cada vez mais capital. O ascetismo calvinista estrangulando o consumo causou uma acumulação de capital:

"E confrontando agora aquele estrangulamento do consumo com essa desobstrução da ambição de lucro, o resultado externo é evidente: acumulação de capital mediante coerção ascética à poupança" (WEBER,M;EPEC;pg.157;Cia. das Letras; São Paulo,2008,7ªreimpressão)

Desse modo, ficando estabelecido o sistema capitalista segue suas próprias leis, desvinculando-se e não mais tendo mais necessidade do apoio religioso, paulatinamente, formou-se

 

um utilitarismo profano , ou seja, o homem religioso transformou-se em um homem econômico.

"(...) depois que a breve dominação da teocracia calvinista se diluiu numa insípida Igreja Estatal, tendo com isso o calvinismo perceptivelmente perdido em força de atração ascética".(WEBER,M; pg.153/154,Cia. das Letras, São Paulo,2008,1ªed.7ªreimpressão)

A partir de agora, esse calculista apenas louva uma religião: a do dinheiro; afinal, o que restou da parte religiosa foi o homem escravo do trabalho, o homem alienado pelo acúmulo de capital; o que antes era uma escolha para se tornar um eleito de Deus trabalhando e acumulando capital, foi transformado em rígido destino, perdendo com isso sua liberdade. Weber, no final da Ética protestante, compara a modernidade como uma " jaula de ferro".Vejamos a citação:

 

" O puritano queria ser um profissional - nós devemos sê-lo. Pois a ascese, ao se transferir das celas dos mosteiros para a vida profissional, passou a dominar a moralidade intramundana e assim contribuiu [com sua parte] para edificar esse poderoso cosmos da ordem econômica moderna ligado aos pressupostos técnicos e econômicos da produção pela máquina, que hoje determina com pressão avassaladora o estilo de vida de todos os indivíduos que nascem dentro dessa engrenagem -não só dos economicamente ativos - e talvez continue a determinar até que cesse de queimar a última porção de combustível fóssil. Na opinião de Baxter ,(um prosélito protestante)o cuidado com os bens exteriores devia pesar sobre os ombros de seu santo apenas “qual leve manto de que se pudesse despir a qualquer momento. Quis o destino, porém, que o manto virasse uma rija crosta de aço"{na célebre tradução de Parsons: iron cage = jaula de ferro}.(Weber, M.;EPEC;pg. 165;Cia. das Letras,S. Paulo,2008,7ª reimpressão).

Chegamos à conclusão de que: a "afinidade eletiva" entre o espírito do capitalismo e o protestantismo ascético foi o fator determinante do trabalho tido apenas como vocação, perdendo o Homem, dessa forma, sua liberdade, ficando escravo do capital apenas para a sua profunda alienação e obter a "Glória de Deus".

CUIDADO DE SI e CONHECIMENTO DE SI

Michel Foucault fez uma maior aproximação entre a Filosofia e a Medicina que já havia na Grécia Antiga, ou seja, Filosofia concebida como uma terapia do cuidado de si ,intrinsecamente, ligada ao "Conhece-te a ti mesmo", que foi  consagrado por Sócrates, através do Oráculo de Delfos, na medida em ele concebeu a Filosofia como uma "arte da existência", onde o tema do "Cuidado de si" ocupou o centro de suas reflexões. Para Michel Foucault, o "Cuidado de si" é tão importante quanto o "Conhecimento de si", eles nunca estiveram separados como acontece na Modernidade com o "momento cartesiano”, onde  houve uma "requalificação do "Conhece-te a ti mesmo" e uma desqualificação do "cuidado de si”. Segundo ele: "Não estiveram separados para os pitagóricos, é claro. Não estiveram separados também para Sócrates e Platão: a epiméleia heautoû (cuidado de si) designa precisamente o conjunto das condições de espiritualidade, o conjunto das transformações de si que constituem a condição necessária para que se possa ter acesso à verdade."(A Hermenêutica do sujeito,p.17,Ed. M. Fontes).

A IRRESPONSÁVEL CONCEPÇÃO DE UM DEUS CRIADOR

Para Heráclito, Gautama Buda, Lao Tzu , Spinoza e Nietzsche/Zaratustra ,a existência como um todo é Deus.Sempre existiu. Ninguém a criou. Não existe um criador responsável por ela. A existência é , e Deus  não está separado dela. Deus é a existência , a totalidade e não um ser separado , transcendente. A ideia de um Deus criador é antinômica e a consequência é uma divagação, que leva a um erro lógico conhecido como (Círculo Vicioso).Se não há um Deus criador , o homem é responsável e, onde há responsabilidade, há possibilidade de transformação. A concepção de um Deus criador parece ser algo como um truque na mente para jogar a responsabilidade num outro, num fora. Sem a concepção de um Deus criador , a responsabilidade passa a ser do homem e, desse modo, poderá haver  mudanças estruturais. Portanto,  a ideia do sacrifício de Jesus Christós para salvar a humanidade é ,como muito bem percebeu Nietzsche , uma "Pia Fraus" , uma fraude piedosa, onde ele insiste no paradoxo da morte de Cristo , consequência da ideia de um Deus criador oriunda da Ortodoxia do  Judaísmo, como se fosse o inimigo mortal de Israel, onde em verdade ele foi o instrumento da vingança e do ódio Israelita.

TRANSFORMAR , TRANSFORMANDO-SE

A proposta renovadora que  Nietzsche nos legou do conhecimento, é apresentada através do perspectivismo, unindo  o conhecimento como possibilidade diante da profusão das forças que atuam em nossos corpos. O sentido e o valor que damos as coisas através de perspectivas múltiplas, direcionam caminhos novos para as constantes mudanças e superações de nossas vivências. Afinal, sempre há  algo inusitado que podemos descobrir e transformar, transformando-se!

INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO DE NIETZSCHE

O pensamento de Nietzsche se caracteriza, fundamentalmente, por elaborar uma crítica radical à filosofia, em sua base metafísica, na tentativa de superá-la. Para ele, foi Sócrates o responsável pela divisão no pensamento, entre mundo real e o mundo aparente sendo o verdadeiro fundador da metafísica ao postular um além-mundo inteligível onde, o mundo efetivo , o real, foi considerado como aparência, implicando em sua desvalorização. Em seu escrito, “Humano, demasiado Humano", Nietzsche afirmou que toda metafísica poderia ser definida como:"(...) a ciência que trata dos erros fundamentais do homem, mas como se fossem verdades fundamentais” (NIETZSCHE; HDH; pg.28CiadasLetras-Trad. Paulo César Souza).

A metafísica, ao postular um além-mundo inteligível que seria o fundamento do real, ou seja, do mundo efetivo, faz nela uma bifurcação, e isso implica uma dicotomia que conduz o pensamento filosófico na tentativa de conhecer a essência das coisas, o mundo como é em si mesmo, ou seja, conhecer e corrigir o Ser "(...)aquela inabalável fé de que o pensar, pelo fio condutor da causalidade, atinge até os abismos mais profundos do ser e que o pensar está em condições, não só de conhecê-lo, mas inclusive de corrigi-lo"(NIETZSCHE;NT;Cia das Letras;Trad. J. Guinsburg). Tendo em vista que a “substancialização” ou “essencialização” do real aponta para a direção de uma verdade fixa, permanente, imutável,eterna,universal,e por conseguinte, à procura de um fundamento que seria a origem ideal e o significado do mundo.

Assim, na obra que inicia sua maturidade intelectual, a partir de "Humano demasiado humano", a tarefa do pensamento nietzschiano consistirá na eliminação de qualquer ideia de um fundamento metafísico, transcendente, e de qualquer componente que postule um além-mundo inteligível na elucidação dos juízos de valoração morais. A moral, a partir de "Humano demasiado humano" ,passará a ser concebida como uma criação totalmente humana e, portanto, uma crítica em sua base passará a ser justificada, pois, a partir do momento da negação de todo e qualquer componente transcendente, a gênese dos juízos de valoração morais passará a ser, "Humana ,demasiada humana"."(...)Onde vocês veem coisas ideais, eu vejo - coisas humanas,ah, somente coisas demasiadas humanas!”(NIETZSCHE; EH;pg.72 Trad. Paulo C. Souza, Cia das Letras).A crítica do pensamento de Nietzsche a moral e a metafísica têm como causa o fato de que toda a tradição filosófica ocidental após Sócrates, ter sido fundamentada radicalmente no primado da consciência, gerando desta forma, uma filosofia do sujeito e da representação. "Por longo período o pensamento consciente foi tido como o pensamento em absoluto"(NIETZSCHE;GC;§333,pg.221,Trad.PauloC.Souza,Cia das Letras). Assim, podemos afirmar que a consciência foi concebida como o recinto por excelência do pensamento filosófico, até a crítica nietzschiana abalar tal concepção, ou melhor, a concepção de que o conceito de consciência esteve sempre ligado intrinsecamente com o próprio pensamento, havendo uma identidade entre eles. Para Nietzsche “a consciência desenvolveu-se apenas sob a pressão da necessidade de comunicação” (NIETZSCHE; G.C.354; pg.248-Trad. Paulo C. Souza, Cia das Letras). Desta forma, Nietzsche observa que os seres vivos em confrontação, por meio da luta com o meio ambiente, tiveram que adquirir órgãos capazes de lhes assegurar a sobrevivência, a consciência seria um desses órgãos, e como ele bem escreveu :“A consciência é o último e derradeiro desenvolvimento do orgânico e, por conseguinte, também o que nele é mais inacabado e menos forte” (NIETZSCHE; GC;§11, pg.62, Trad. Paulo C. Souza, Cia das Letras). Assim, fica esclarecido que a consciência não é uma instância inata, a priori no ser humano, como pensou toda a tradição filosófica, ela surgiu como um meio de comunicação e o que se dá ao nível da consciência é apenas o mais superficial e encobre a atividade maior que é a inconsciente “apenas começa a raiar para nós a verdade de que a atividade de nosso espírito ocorre, em sua maior parte de maneira inconsciente” (NIETZSCHE;GC;§333, pg.221, Trad. Paulo C. Souza, Cia das Letras).Na modernidade, com o advento da filosofia de Descartes, houve uma preponderância do conceito de consciência como res cogitans e, assim ela passou a ser a condição sine qua non para todo filosofar. Ora, se Descartes, ao “descobrir” o cogito, fez uma retomada de uma nova maneira, através de um longo percurso de transposições de concepções tais como: A ideia, Motor Imóvel, Substância, Deus etc. ele continuou segundo Nietzsche, preso à dicotomia substancial que foi instaurada pelo Platonismo. Para Nietzsche ,espírito e corpo não constituem unidades distintas entre si, mas estão totalmente e intrinsecamente relacionadas. O eu consciente, que foi considerado pela filosofia como o núcleo onipresente,autopensante da vida, passa , após a crítica demolidora de Nietzsche , a ser considerado como uma “pequena razão” ,tornando-se instrumento da “grande razão” ,ou seja, das funções orgânicas que permitem ao ser humano conservar-se e expandir suas forças. Desta forma, para Nietzsche o pensamento não pode ser confundido com a consciência, muito pelo contrário ele ultrapassa a ideia de consciência de toda a tradição filosófica. Nietzsche percebe que atrás do conceito de consciência está a noção de um “sujeito", de um "eu" e para Nietzsche a identificação do sujeito com a razão é uma “ilusão”, uma “ficção”, “um artigo de fé",  enquanto fundamento da verdade através da linguagem é um" jogo de forças". "Não existe um Ser por trás do agir, a ação é tudo".

 

"Pois assim como o povo distingue o corisco do clarão, tomando este como ação, operação de um sujeito de nome corisco, do mesmo modo a moral do povo discrimina entre a força e as expressões da força, como se por trás do forte houvesse um substrato indiferente que fosse livre para expressar ou não a força. Mas não existe tal substrato; não existe "ser" por trás do fazer, do atuar, do devir; “o agente " é uma ficção acrescentada a ação- a ação é tudo."(NIETZSCHE ;GM;Pg.36,Trad. Paulo C.SOUZA,Cia das Letras)

 

Influenciado por Schopenhauer e Spinoza, Nietzsche toma o corpo como fio condutor, e desta forma inverte o pensamento de toda uma tradição idealista, que sempre privilegiou a consciência, a alma, como instrumento para o saber; seu objetivo consiste em romper com o dualismo mente/corpo que predominou em toda a história da filosofia , para estabelecer o corpo como uma “grande razão”. “E frequentemente me perguntei se até hoje a filosofia, de um modo geral, não teria sido apenas uma interpretação do corpo e uma má-compreensão do corpo” (NIETZSCHE;GC; §2, pg. 12 –trad. Paulo C. Souza, Cia das Letras). A concepção que Nietzsche tem sobre o corpo, é como sendo uma sede de uma multiplicidade de impulsos hierarquicamente organizados, de modo a formar um todo orgânico, onde não há um sujeito racional que comande todas as suas funções, tendo em vista a complexidade do dinamismo corporal. Ou seja, para ele seria impossível a um único órgão manter um controle total sobre o organismo. O corpo seria a “grande razão”, a consciência é caracterizada como um instrumento, como a “pequena razão”. “Instrumento de teu corpo é, também a tua pequena razão meu irmão, à qual chamas “espírito”, pequeno instrumento e brinquedo da tua grande razão” (NIETZSCHE;Z;Dos desprezadores do corpo, pg. 51, Trad. Mário da Silva, Civ. Brasileira-1977).Desta forma, fica claro que em contraposição ao dualismo mente/corpo, Nietzsche entende o corpo como uma multiplicidade de Vontades de Potência, ou seja, o corpo como uma grande razão representando uma síntese mais complexa de que a abstrata ideia de uma unidade representada pelo “eu”. “Atrás de teus pensamentos e sentimentos, meu irmão, acha-se um soberano poderoso, um sábio desconhecido - e chama-se o ser próprio. Mora no teu corpo, é o teu corpo”.(NIETZSCHE ;Z ; Dos desprezadores do corpo, pg. 51 – Trad. Mário da Silva- Ed. Civ. Brasileira, (1977).

A metafísica é compreendida por Nietzsche ,de uma maneira fragmentada e hierarquizada entre dois mundos: o mundo inteligível, "superior", verdadeiro e o outro, o mundo aparente, sensível, "inferior"; inter-relacionado com o problema dicotômico espírito/corpo, herança Platônica que funcionava como fundamento do mundo sensível. Com a remissão nietzschiana ao corpo, aos afetos, aos  sentimentos, aos instintos, à Vontade de Potência; põe em xeque, as noções cartesianas, herança do Platonismo, tais como: substância, unidade, permanência, eu; porque na filosofia tradicional, o homem através do uso da razão, da consciência, foi concebido como critério para avaliar os valores, mas para Nietzsche é justamente o oposto. O homem não é o critério “o homem é algo que deve ser superado” e sim, a Vida, a vida compreendida como Vontade de Potência, é que estratifica a criação dos valores, contudo não de maneira fundante. Sempre de maneira perspectivista, que cria constantemente e incessantemente novos horizontes de significação, em um jogo que não para, visando a afirmação cada vez mais vigorosa das relações de força com a vida.

Ao postular um eu que seja o aspecto fundante, a metafísica criou dicotomias insolúveis, com as quais ,pretendeu explicar os fenômenos do mundo, daí a afirmação de Nietzsche “A crença fundamental dos metafísicos é a crença nas oposições de valores” (NIETZSCHE;BM;pg.10;trad.Paulo Cezar Souza; Cia das Letras)  que vem abalar a fundamentação de tal procedimento, pois, problematizar a noção de eu, de consciência, de razão, implica deixar para trás, tanto a unidade quanto sua oposição, a pluralidade entendida pelos metafísicos como oposições. O corpo criador está num horizonte isento de preocupações fundantes ou sistemáticas “(...)desconfio dos sistemáticos e me afasto de seus caminhos. A vontade de sistema é uma falta de retidão.” (NIETZSCHE; CI;pg. 13;Trad. Marco A. Casanova-Ed. Relume Dumará).

Quando Nietzsche emprega o corpo como fio condutor para fazer oposição ao idealismo, que coloca a crença platônica do corpo com “prisão da alma” vista no diálogo Fédon ,levando desse modo uma relevável consideração aos sentidos, instintos, afetos como meio das relações de poder que estão sempre em movimento, critica ,de forma incisiva todos os idealismos da tradição filosófica embasados na postulação de um mundo suprassensível, pois, para Nietzsche o corpo é um fenômeno muito mais evidente do que a fé na suposição de um "eu", de uma alma, de um espírito. O uso do corpo como fio condutor proposto por Nietzsche para fazer oposição a toda herança filosófica ocidental socrático-platônica, faz com que os sentidos, os instintos, os afetos obtenham um TOPOS privilegiado na filosofia, fazendo com que todas as criações de valores tenham um fundamento corporal, pois eles afirmam o corpo e a terra “(...) permanecei fiéis à terra e não acrediteis nos que vos falam de esperanças ultraterrenas” (NIETZSCHE;Z;pg. 30; Trad. Mário da Silva, Ed. Civ. Brasileira 1977). A tentativa de transvaloração dos valores entra em cena, com a colocação do corpo como “um soberano poderoso, um sábio desconhecido” e assim, inverte o primado da consciência instalado por Platão e, levado ao ápice com Descartes,com o a concepção do cogito,como instância reveladora da verdade. Todavia, deve-se ficar esclarecido que Nietzsche não pretende inverter a dicotomia alma/corpo, para corpo/alma, permutando as estimativas de valorações, para ele o corpo é uma “grande razão” uma multiplicidade de Vontades de Potência, sendo concebido como em um inexaurível campo de lutas , e um "jogo de forças " entre os diversos instintos ou impulsos, numa busca para obter preponderância sobre instintos mais fracos, da vitória que nunca cessa, onde os sentimentos, os instintos, os desejos, os pensamentos estão inter-relacionados, não constituindo, desta forma, atividades autônomas. As atividades do corpo funcionam como meios de expressão, sintomas de crescimento ou declínio da Vontade de Potência, estando em relações agonísticas múltiplas que nele se consumam sem cessar.

Fizemos esse percurso , apenas para mostrar que a hipervalorizarão do conhecimento racional efetuado por Sócrates, culminou para Nietzsche na decadência da cultura. Agora, voltaremos a questão do conceito de consciência e de razão, para mostrar a crítica que Nietzsche fez à moral e a metafísica, pois para ele, toda filosofia ocidental após Platão é uma filosofia Moral, haja vista, a oposição entre sensível e inteligível. Em Humano, demasiado humano, Nietzsche inicia sua crítica as interpretações metafísicas transcendentes que foram alicerçadas na postulação de um saber em si, de um bem em si, ou seja, ele questiona a pretensão transcendente na formulação desses conceitos, o essencialismo, fruto do platonismo que se põe além do mundo da experiência e da vida; e para tal, indica que os conceitos metafísicos têm sua gênese na história humana, não havendo como ser considerada a possibilidade de eles provirem de uma essência transcendente, que distinguiria o homem dos outros animais. Desse modo, ele mostra o condicionamento das noções metafísicas que foram consideradas incondicionais e atemporais. " Já a filosofia histórica, que não se pode mais conceber como distinta da ciência natural, o mais novo dos métodos filosóficos, constatou, em certos casos(e provavelmente chegará ao mesmo resultado em todos eles), que não há opostos, salvo no exagero habitual da concepção popular ou metafísica, e que na base dessa contraposição está um erro da razão" (NIETZSCHE;HDH;pg.15; Cia das Letras) Para o filósofo da Alta Engadina,a consciência tem em sua formação ,componentes históricos,sociais,psicológicos, e assim chega-se à conclusão que o mundo não é mais "nada" do que o produto de representações, que em nada correspondem ao"mundo efetivo",ao real. Através do uso da consciência pela linguagem, os homens pensaram que tinham acesso direto a esse mundo  "(...) o criador da linguagem não foi modesto a ponto de crer que dava às coisas apenas denominações, ele imaginou, isto sim, exprimir com palavras o supremo saber das coisas"(NIETZSCHE;HDH;pg.21, Cia das Letras,Trad. P.C. Souza).

Dessa maneira, vimos que os conceitos tais como: consciência e seus correlatos: "alma" e "espírito", foram vinculados a tradição metafísica , que por sua vez destacaram uma "essência" que não é humana , estando ligada a uma esfera transcendente.

MUNDO VERDADEIRO E MUNDO APARENTE - Fim de um longo erro

Somente quando nós abandonarmos de uma vez por todas a ideia de um "Mundo real", poderá fazer com que a distinção entre "Mundo verdadeiro e Mundo aparente" comece a acabar. Em seu livro, Crepúsculo dos Ídolos, no capítulo, Como o "mundo verdadeiro" acabou por se tornar fábula, Nietzsche escreveu :"Suprimimos o mundo verdadeiro: que mundo nos resta? O mundo aparente, talvez?...Mas não! Com o mundo verdadeiro suprimimos também o aparente!."(C.I.p.36,Ed. Relume Dumará) .Para ele, esse momento era: INCIPT ZARATUSTRA "Zaratustra começa”, o Meio-dia, o despertar para o zênite do pensamento; para pôr fim ao erro mais antigo da filosofia, quer dizer, a distinção entre aparência e realidade, através da invenção da ideia de dois mundos contrapostos.

VERDADE E MENTIRA : Não sejamos hipócritas

Nietzsche nos ensinou a não sermos hipócritas quando disse que: "os filósofos são padres disfarçados", porque não devemos acreditar que estamos dizendo a verdade em nome de alguma instância superior ,transcendente. Somos, " humanos , demasiados humanos" e não devemos nos esquecer que somos nós que criamos as verdades e as mentiras também. Não há uma verdade absoluta, "Eu Platão, sou a verdade", porque se há uma verdade absoluta há, também, uma mentira absoluta e isso é logicamente contraditório em si e por si.

“BUDA” E CHRISTÓS

Sabemos que "Buda" nasceu no século V antes da era cristã, são, portanto, cerca de 500 anos antes de Jesus Christós.

Selecionei alguns versículos paralelos entre Jesus Christós e Buda, para  percebermos a semelhança entre eles, apesar de Buda estar situado historicamente  bem antes!

1) JESUS CHRISTÓS  : Todo aquele que comete o pecado é escravo do pecado(João 8,34)

  BUDA: As pessoas compelidas pela ânsia rastejam como coelhos encurralados

                 (Dhammapada 24,9)

2) JESUS CHRISTÓS : Mas a todos os que o receberam, aos que creem n'Ele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; eles que não nasceram do sangue, nem de vontade carnal, nem de vontade do homem, mas sim de Deus.(João1,12-13)

  BUDA: Vós sois os meus verdadeiros filhos, nascidos do dharma,criados pelo dharma, os meus herdeiros espirituais, e não herdeiros carnais.(Itivuttaka 4,1)

3) JESUS CHRISTÓS :  A partir de então muitos dos seus discípulos retiram-se e já não andavam com Ele. (João 6,66)

  BUDA: Mais de sessenta  se revoltaram e desistiram dos ensinamentos e voltaram à vida inferior, dizendo: "Dura é a tarefa do Exaltado!" ( Anguttara Nikaka 7,68)

  Enfim, existem muitos outros. Apenas selecionei esses três para vermos a semelhança e observarmos que Buda veio antes!

 RETIRADO DO LIVRO : VERSÍCULOS PARALELOS: JESUS E BUDA-Instituto Piaget.

CORPO CONFLITANTE

Vivemos em um corpo dicotômico

Dividido em partes conflitantes:

Matéria e Espírito.

Corpo e Mente.

 

Parcialmente inconscientes,

Caminhamos dialeticamente:

Do positivo ao positivo

Através do negativo.

 

A marcha do Espírito

nos conduz a saberes alternativos:

Aniquilando a dualista

Sabedoria Ocidental.

Tentame de superação e renovação,

do humano ao  além  do humano.

Unificar:

Corpo e mente

Matéria e Espírito.

Necessário despertar!

HERÁCLITO

Obscurecido pela perfídia do mundo

As lágrimas de Heráclito,

Ardem no fogo.

 

Através do Eterno Retorno,

O Logos proclama o Ser.

Afirmando a autêntica existência

Esquecida pela divisão do mundo.

 

A lareira está acesa.

O Fogo contempla a noite.

Os deuses estão presentes.

Estranha proporção dos contrários.

 

Desordenadas

As lágrimas acabam em cinzas.

Fênix ressurge!

Anelando o Eterno Retorno.

CONECTEM-SE

Mantenham-se conectados.

Aqui e agora.

Eternizem o instante!

Percebam com distinção

A diferença entre tudo que há!

Escutem seus espelhos vivos:

Mônadas!

Abram espaço para suas emoções.

Só vocês sabem!

Falem

Estou presente ,

Sempre e diferente.

Esperando...

Continuamente.

VIVÊNCIAS

Nossas vivências

Não podem ser desperdiçadas!

Os outros não as conhecem.

Apenas imaginam...

Puras aparências!

O ser mais profundo

Despreza as idiossincrasias!

Afinal...

Nossas vivências são imaculadas.

Não podem ser inter-vividas por outros

Que estão muito aquém,

do que sentimos e vivemos!

SABEDORIA MULTIFACETADA,ABERTURA

Existe, indubitavelmente, a possibilidade de fazermos associações entre teorias de autores que são conflitantes, a possibilidade de associar conceitos,temas,etc., entre autores diversos tem o aval do  hermeneuta Nietzsche: "Desconfio de todos os sistemáticos e me afasto de seus caminhos. A vontade de sistema é uma falta de retidão."(Crepúsculo dos Ídolos, §26).As rígidas exigências acadêmico-metodológicas , podem ser usadas  apenas com sabedoria para evitar erros fundacionais,"místicos","religiosos",etc. O pensamento deve construir uma sabedoria mutante,multifacetada, experimentalmente livre, onde o "sistema" deve estar aberto a novas possibilidades, sempre através de novos horizontes.

DIFERENÇA SUTIL

O ser humano ,contrariamente à ideia vigente, não é racional; ele é racionalizante, o que é muito diferente!

O AMOR MATERNO

Podemos afirmar que o amor materno é uma afirmação incondicional da vida, da educação, e das necessidades das crianças. Todavia, é preciso fazer um acréscimo importante, ou seja, a afirmação de que a vida delas tem um aspecto fundamental: O cuidado e responsabilidade absolutamente necessários, não somente para a preservação de suas vidas , e principalmente, para que haja um crescimento emocional, psicológico, intelectual, cultural,etc. Para tal, deve-se exercer influência de valores positivos no que se refere à educação, amor à vida, responsabilidade, independência etc. Assim, o amor materno tem um aspecto prático-altruístico-generoso, sendo considerado por todos os educadores , como o mais elevado tipo de amor e o mais sagrado de todos os vínculos emocionais. Contudo, vários educadores advertem que a verdadeira concretização e realização do amor materno não estão no amor apenas pela criança e sim, em seu amor pelo ser humano que cresce dia após dia, emocionalmente,intelectualmente,fisicamente ,etc. Sendo extremamente necessário um abandono do elemento possessivo narcisista, tendo em vista que à medida que a criança cresce ela não poderá ser apenas um objeto de satisfação pessoal, e sim uma exaltação ao lado criativo inato em todas elas, tornando-as cada vez mais conscientes desse aspecto de seu caráter, pois, elas precisam crescer e se tornarem seres humanos independentes. Desse modo, a essência do amor materno reside no significado do desejo de sua mãe para que o seu filho ou filha se “separe” dela. A partir dessa etapa o amor materno se tornará uma tarefa difícil, que requer desprendimento, quer dizer, a capacidade de dar “tudo” e de não querer nada em troca além do bem-estar do seu filho, no sentido de torná-lo independente . Vários estudos mostram que a maioria das mães fracassam nessa etapa em sua tarefa de ser uma mãe que contribua para a maturidade de seus filhos, porque elas são mulheres dominadoras, possessivas ,vaidosas em excesso,etc. Elas podem conseguir até serem  mães amorosas enquanto seu filho é pequeno, mas, somente as mulheres que são realmente amorosas, são as mulheres que são mais felizes e maduras, quer dizer, são as mulheres que permitem que seus filhos cresçam em todos os sentidos possíveis.  

UM NOVO "MESSIANISMO"

Vamos proclamar um novo "messianismo", que diz: Nós já somos o messias de nossas vidas, vamos tentar criar e construir nossos próprios destinos. Temos, praticamente,  apenas uma arma poderosa que é o nosso poder de fazer boas escolhas. Somos bastante velhos nesse "Cosmos" , e repito o "óbvio ululante" que diz que ao longo de milênios muitas mentiras foram feitas e proclamadas em nome de "Deus", fato esse que nos faz duvidar ou nos deixar incerto . Apesar disso, não existe Ateísmo, stricto senso, porque esse conceito já parte da negação de uma totalidade, além da incapacidade de nossas finitas e limitadas mentes de negar  ou afirmar sua existência . Segundo Nietzsche, "Apenas o Deus moral"  está refutado. Nossa luta continua , dia após dia, para haver um maior esclarecimento , na tentativa de acordarmos para sairmos de um longo sono dogmático que preenche  nossas mentes que estão, na "Caverna" e em estado de sono, através de: TVs, Computadores, Internet e outras parafernálias mais. Desse modo, faz-se necessário usarmos vários tipos de possibilidades para a superação e transcendência da saída da "Matrix", através do autoconhecimento: saber quem somos nós, para onde vamos, o que afinal queremos? E, também,  como nos esclareceu Deleuze ,para sabermos "O que quer aquele que quer ?". Outras possibilidades: Meditação de vários tipos. Além de muitas possibilidades,  a mais para serem criadas.

APENAS POSSIBILIDADES

 No desejo de certeza:

 Mistura de Orgulho e Medo

 Total impossibilidade de

 desvendarmos

 O Mistério da  Vida.


Na crescente fragmentação da matéria:

Impossibilidade da separação.

Matéria e Energia se intercambiam.

Na relatividade do Tempo e do Espaço,

A Morte da linguagem.

 

Ora  como ondas, ora como partículas...

O observador determina

O fim do Determinismo!

A alegria de criar ressurge,

Nosso mundo é apenas

Um mundo de possibilidades!

SOBRE A MENTIRA COMO OBSTÁCULO À VERDADE E À LIBERDADE

Em seu livro: O quarto caminho, 2º Cap. Ouspensky, faz uma análise muito clara e objetiva sobre a mentira no que diz respeito ao homem em sua relação si mesmo e com os outros, dizendo que nós não podemos definir o que é a verdade de modo objetivo e absoluto; mas se considerarmos que a mentira é o oposto da verdade, podemos definir a mentira. Segundo sua análise:

"A mentira maior ocorre quando nos damos conta que sabemos muito bem que não conhecemos nem podemos conhecer a verdade sobre as coisas e, contudo, jamais agimos de acordo com isso. Sempre pensamos e agimos como se conhecêssemos a verdade. Isso é mentir. Quando sei que não conheço uma coisa e, ao mesmo tempo, digo que conheço ou ajo como se a conhecesse, isso é mentir” (Cf. Cap. 2, p.39).

Tal fato, ocorre todos os dias, há milênios, principalmente por líderes religiosos  de todos os tipos, que usam as pessoas, manipulando-as de forma vil e utilitária, venalizando a fé, tornando-as dependentes, porque utilizam o conceito de livre-arbítrio, para tornarem as pessoas mais dependentes de. O livre-arbítrio que desejam e pregam, é em verdade um servo-arbítrio, porque não tornam as pessoas mais responsáveis e livres ,ao contrário, as tornam com mais sentimento de culpa, mais dependentes, mais servas, acorrentadas nas artimanhas de uma teologia extremamente dogmática, justamente porque não conduzem as pessoas ao autoconhecimento, a autorreflexão, etc.

NIETZSCHE E A ALIMENTAÇÃO

Para Nietzsche, a "filosofia da alimentação" e seu ponto de vista de que, as questões culinárias são, também, questões morais devido a ênfase no " desenvolvimento do homem" (ABM-234). Para tal, segundo ele, deve haver uma "razão na cozinha" (GC - 7), que são questões fundamentais de sua "Gaia Ciência" para possibilitar que o homem atinja o seu " máximo de força ,de virtú no estilo da Renascença". (EH- II- 1).Sua ênfase por uma filosofia da alimentação aponta para uma forma prática condizente com um modo de vida racional, com a finalidade de atingir uma "grande saúde".Hodiernamente, tomamos cada vez mais consciência da importância de se alimentar corretamente para aprimorarmos nossa saúde. 

DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICA – UMA NECESSIDADE FUNDAMENTAL

 A necessidade que os Homens têm de: dialogar, debater, negociar, votar, com a finalidade de atingir novos e melhores níveis de vida social, cultural, econômica, etc. é hegemônica em nossa sociedade. A política, stricto sensu , é a arte de bem administrar e governar, onde os cidadãos têm a "obrigação" de participar e agir com relação aos problemas que assolam a Pólis. No entanto, urge-se fazer uma reforma política, onde a democracia passará a ser cada vez menos representativa possível, levando ,deste modo, a uma maior atividade e participação dos cidadãos. Para tal, deve haver uma crescente  descentralização do Poder Político.

ATAQUE HERACLÍTICO

Corpo político pútrido.

Nossas riquezas não

contribuem para a Saúde

do nosso país.

Ao contrário, elas nos dividem 

provocando

sono de uma falsa segurança!

Momento do ataque Heraclítico,

ao serviço do nosso interesse.

Afinal , o que importa é que a

Moeda circule como as palavras

para a reconstrução do nosso

Brasil!

" O povo deve bater-se em defesa da lei, como se bate em defesa das muralhas "

 ( Heráclito de Éfeso,Frag.44, pg.123, P. Gomes., Ed.Guimarães, Lisboa)

FAZ-SE MISTER REFLETIRMOS “Na presente hora universal”

Heidegger se considerava um homem religioso sem Deus, esse pequeno trecho de seu livro Serenidade, mostra que qualquer um de nós quando queremos e estamos abertos "nesse pedaço de terra natal; agora, na presente hora universal." podemos alcançar  um estado de Serenidade. "Por outro lado, qualquer pessoa pode seguir os caminhos da reflexão à sua maneira e dentro dos seus limites. Por quê? Porque o Homem é o ser que pensa, ou seja, que medita. Não precisamos, portanto, de modo algum, de nos elevarmos às "regiões superiores" quando refletimos. Basta demorarmo-nos junto do que está perto e meditarmos sobre o que está próximo: aquilo que diz respeito a cada um de nós, aqui e agora; aqui , neste pedaço de terra natal; agora, na presente hora universal"( Heidegger, M.,Serenidade,p.14,Inst. Piaget).

CRIAÇÃO E SENTIDO

Considerando que a nossa existência é um enigma insolúvel, a criação e determinação do sentido para as nossas vidas deverá ,necessariamente ,ser executada através da constante criação de projetos que sempre se renovarão ao longo de nossas vidas. Devemos permanecer na criação e determinação com atitude positiva, através de uma postura niilista ativa, quer dizer, um niilismo que destrói para criar e que também pode ser caracterizado por uma "nova espécie de luz ,de felicidade, alívio, contentamento, encorajamento , aurora"(Nietzsche, Cf. Gaia Ciência §343).