TRANSLATE TO YOUR LANGUAGE, RIGHT NOW

A INGENUIDADE DE UM CONTRATO SOCIAL

Na segunda dissertação da Genealogia da Moral, Nietzsche rejeita a ideia de um contrato que originou o Estado, para ele o "Estado" foi fundado na força de uma organização guerreira e na violência, vejamos o texto:
" Uma raça de conquistadores e senhores,que, organizada guerreiramente e com força para organizar, sem hesitação lança suas garras terríveis sobre uma população talvez imensamente superior em número, mas ainda informe e nômade. Desse modo começa a existir o "Estado" na terra: penso haver-se acabado aquele sentimentalismo que o fazia começar com um "contrato".(GM,II-17).
Para o genealogista Nietzsche,as forças sociais têm primazia,onde surgiu uma forma de poder mais "natural" , do que a convenção ingênua de um contrato social.Ele usa a ideia de um "contrato" como resposta pela força das normas sociais no contexto  de concepções de justiça nas relações  entre credor e devedor. A concepção contratualista clássica tem uma relação intrínseca com as formas políticas de governo modernas,diferenciando totalmente da concepção de Nietzsche.

A ILUSÃO DO CONTROLE DA NATUREZA

   Para a Ciência Moderna, o objetivo principal era conhecer as Leis da Natureza para poder dominá-la,utilizando-se da Tecnologia.Isso mostrou-se uma ilusão a mais , que causou um dano irreparável a ela.Nietzsche, já havia denunciado a estupidez humana de se achar superior à Natureza: "Seriam necessários seres mais espirituais que o homem para fruir inteiramente o humor que reside no fato de que o homem se vê como o fim de todo o universo" (O Viajante e sua sombra, 14).Agora, percebemos a Natureza "fazer a sua história", através de múltiplas catástrofes , sobrepujando toda arrogância humana.

VIDA COMO OBRA DE ARTE

Através da estética, o homem pode dar uma forma bela e boa a sua vida, unindo teoria e prática, fazendo a reunificação do belo, do bom e do bem, e assim, reencontrar o ideal Grego da verdadeira educação visando a formação geral do homem. Fazendo bem para estar bem.

NOSSA GRANDEZA

 Todos nós temos uma grandeza. Cabe a nós descobrirmos para desfrutarmos  a vida levemente. Um sinal que estamos no caminho correto, consiste em observar nosso estado de ânimo, estando de acordo conosco, atingindo um estado de harmonia interior . Para isso, o mais importante é não fazermos comparações. "Nada há igual a nada."

OS ESFORÇOS SÃO MAIS IMPORTANTES OS RESULTADOS

Ainda que não tenhamos obtido êxito, ainda que não tenhamos alcançado nenhum resultado, não importa: pelo menos nos esforçamos e os esforços trazem recompensas, onde nossa vida adquire outra tonalidade, nos fazendo atentar para outras nuances, vendo a beleza de ter havido esforço ,não mais se preocupando em
estabelecer prazos. A física contemporânea nos mostrou que tempo, espaço e observador são relativos. Por que então haveremos de ficar presos a alguma concepção de sucesso?

CAUSA E EFEITO - contrasenso

 Na realidade vamos verificar que  não existe causa e efeito, de uma maneira sucessiva,separadamente. O mundo como um "jogo de forças" revela fenômenos múltiplos e causas que estão em conjunção constante com  os efeitos, entre si.

IDENTIDADE VIVA

Somos uma parte do mundo que tem uma identidade, independente das contingências e incertezas do Mundo da Vida.

FÍSICA E SOCIEDADE

      Uma das lições mais importantes da física hodierna é que regularmente não são as propriedades das coisas que mais importam, mas sua organização,seu padrão e sua forma.Isso é verdadeiro tanto em nível atômico e molecular como também em níveis bem acima destes.Embora quase nunca observemos,muito do que vemos no  mundo deve-se a padrão e organização.Se pensarmos nas pessoas como se fossem os"átomos" ou blocos de construção básicos do mundo social, como "átomos sociais",então poderíamos esperar que padrões  e formas organizadas surjam em larga escala ao nível de grupos que têm pouca relação com o caráter das próprias pessoas.

GARANTIA DE ASCENSÃO

 Uma força de Vontade unida a integridade, traz vantagens adicionais em todos os nossos projetos, premiando nossa força!O Triunfo será atingido na perseverança e tranquilidade do nosso caminhar com sabedoria.Sigamos em frente,Alpa!, Alpa!

ANTIGA GRÉCIA E RENASCENÇA - Semelhanças

    A Itália, que foi o centro do movimento renascentista,tinha um mistura de cidades-estado, semelhantes as da Grécia ática.Algumas delas, como a intelectualmente rica Florença, eram ricos centros comerciais, onde houve uma grande expansão na pintura,escultura e arquitetura.Tanto na Grécia antiga quanto na Itália renascentista ,o movimento  comercial favoreceu as atividades culturais, devido ao grande fluxo de ideias
viajando de cidade a cidade e de país a país.

NIETZSCHE E A RACIONALIDADE

Qualquer hipótese de uma autonomia da Razão, é para Nietzsche, uma ilusão. A concepção tradicional,usada pela racionalidade,através do  conceito de consciência , do cogito ou do eu-penso é uma manifestação superficial e algo de secundário.Nietzsche segue o fio condutor de Leibniz, afirmando:" a consciência é tão-só um accidens(acidente) da representação, não o seu atributo necessário e essencial; que ,portanto,isso que denominamos consciência constitui apenas um estado de nosso mundo espiritual e psíquico e de modo algum ele próprio"(Gaia Ciência-357). As nossas representações,feitas através do pensamento consciente,são manifestações de uma raiz mais profunda de forças denominada por ele de "Vontade de Potência", ficando impossível de delimitar as fronteiras da consciência, não sendo,portanto, atributos do ser que pensa, são atributos das forças que agem à  revelia do nosso querer consciente,atuando através de suas "razões" inconscientes de maneira necessária.

O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO


Jean Paul Sartre, escreveu esse ensaio, com a finalidade de responder as várias críticas, efetuadas sobre maneira, por marxistas e religiosos que compreenderam mal seu pensamento, acusando-o de, pelo fato de o existencialismo conceber a existência como algo a priori, estar em falta com a solidariedade humana, por prevalecer uma compreensão de um individualismo exagerado e um pessimismo desesperado, através de clichês tais como “o homem é uma paixão inútil” e “a angústia é a essência do homem”,etc.
  Ele se defendeu dessas acusações afirmando que apenas o existencialismo possibilitava ao homem uma vida autêntica, onde reconhece verdadeiramente o valor da individualidade. A bem da verdade, seus opositores tinham medo da doutrina existencialista tendo em vista que ela dá possibilidade de escolha autônoma ao homem, o que não ocorre com as filosofias idealistas, nas quais, é a essência que precede a existência, limitando, destarte, o agir humano a uma instância transcendente e ilusória. Desta forma, ele explicitou mais claramente seu pensamento de todos esses impasses, para mostrar que na realidade o existencialismo tem um aspecto verdadeiramente otimista, no sentido de que o homem não mais se ampara em ilusões transcendentes e sim nas suas escolhas para determinar sua vida e dar a ela um projeto autenticamente antropológico.Ao fazer uma análise da filosofia Iluminista, ele percebe que apesar da tentativa de eliminar a transcendência, eles ainda conservavam a teoria essencialista, embora disfarçadamente. No século XIX, com Kierkegaard, começa a se desenvolver uma reviravolta e uma crítica mais contundente,principalmente, a herança idealista Kantiana e Hegeliana, enaltecendo a individualidade e subjetividade autêntica como ponto de partida filosófico, pois, a ideia de absoluto ainda sobrepujava muitos pensadores. Todavia, esse gérmen do existencialismo era menos coerente, pois ainda se afirmava na fé. No século XX,  a abordagem agnóstica de Heidegger, pela qual Sartre foi influenciado, era mais coerente e autêntica, de forma que ao recusar a transcendência,  fica o reconhecimento da condição humana como sendo ,a priori, transcendente, fundamentando o princípio do existencialismo, que afirma que o homem é antes de tudo um sujeito de ação que só existe através de suas escolhas construindo o que ele quer ser, sendo desta forma mais digno por ter consciência de sua própria existência. Não se pode assertar para os existencialistas que existe uma natureza humana, pois, essa noção pré-definiria o homem antes de existir. O homem é totalmente responsável por todos os seus atos, (Sartre nega o Inconsciente) através de suas escolhas, todavia, a responsabilidade não é totalmente individual, pois a escolha é feita também para outros, tendo em vista a intersubjetividade do ser-para-si em relação ao ser-para-outro. Desta forma, escolhendo o que consideramos melhor, se interrelacionamos melhor com os outros, pois, todo ato individual “engaja toda a humanidade” e isto é concebido pela nossa consciência diante da responsabilidade das escolhas que valem para toda a humanidade gerando angústia e, portanto liberdade que é concebida como condição das ações humanas pelo fato da contingência absoluta das possibilidades múltiplas, “a contingência ou absurdo não é um falso semblante, uma aparência que se possa dissipar”. A má-fé constitui uma mentira dita pelos indivíduos a si mesmos, pela qual se opta como forma de fugir à liberdade, representando papéis como se os mesmos constituíssem suas realidades. Sendo o homem ação intencional, na sua liberdade de agir ele está desamparado, pois, “nenhuma moral geral pode indicar o que deve ser feito”; esse dito, que poderia passar por um individualismo desesperado mostra-se ao contrário, um otimismo humanista, onde o sujeito que sabe que é livre e consciente, também percebe que o outro sujeito também o é; o outro “é como uma liberdade diante de mim”, e toda condição implica nessa tomada de consciência do outro, desta forma, existe um valor universal nas escolhas individuais, no entanto, essa universalidade é construída subjetivamente, pois, os outros a podem compreender e se projetar através do engajamento político, permitindo querer à liberdade do outro ,enquanto buscamos a nossa e isso é o que constitui a “moral” existencial ou “o existencialismo humanista”.
   Sartre critica os comunistas ,por eles subsumirem os indivíduos em classes, alienando-os, aniquilando sua liberdade intrínseca a um partido ou ideologia, tendo em vista que o engajamento político não consiste em aderir a classes , partidos, etc., trantando o  homem como um meio, tornando-o um mero objeto. Para Sartre, o pensamento marxista era uma antropologia empírica que partia de elementos , biológicos, sociais, etc., para ele, o marxismo teria, para ser vivo, incorporar a Fenomenologia que descobre que os fatos primeiros não são os fatos sociais(Durkheim), mas os da consciência, ele não aceitava a teoria do homem como simples resultado das condições materiais, biológicas e sociais, ao contrário, o existencialismo é um humanismo na medida em que é uma filosofia da ação engajadora, não quietista, que leva em conta a subjetividade através das escolhas livres e conscientes, relacionadas com as escolhas e projetos dos outros seres humanos.

BIBLIOGRAFIA:
l) O Existencialismo é um Humanismo - Abril Cultural(Os pensadores-1985)
2) Dicionário de Filosofia- Ferrater Mora - Ed. Loyola.
3) Sartre – Gerd Bornheim - Ed. Perspectiva.
4) Hist. Da Filosofia - Nicola Abbagnano - Ed. Presença

THOMAS KUHN E A NOÇÃO DE PARADIGMA

O paradigma Kuhniano, é uma teoria ou sistema dominante durante algum tempo numa área científica determinada como, por exemplo, nos sistemas ptolemaico e copernicano, nas mecânicas newtonianas e einstenianas, etc.; incluindo  regras metodológicas , elementos axiológicos e metafísicos.Os aspectos ou ingredientes principais do paradigma Kuhniano são : 1)Lógico Formal: generalizações simbólicas, nas quais funcionam em parte como leis em parte, como definições de alguns símbolos que elas empregam.2) Metafísico: modelos os quais fornecem a uma comunidade científica as analogias ou metáforas 3) Axiológico: valores, tais como: coerência interna e externa, simplicidade e plausibilidade das teorias. 4)Técnico: exemplares ou soluções concretas de problemas que os pesquisadores encontram desde o início de sua pesquisa nos laboratórios e exames. 5)Sociológico: todos os aspectos anteriores são partilhados por uma comunidade científica. A aplicação estável de um paradigma constitui a “ciência normal”; a descoberta de “anomalias”,quer dizer, fenômenos que o paradigma tradicional não consegue explicar, inicia uma nova revolução científica, isto é, a busca de um novo paradigma. Quando esse é adotado por uma comunidade, temos o progresso científico.Toda revolução científica é precedida por períodos de crise diante dos questionamentos,dificuldades(anomalias) pelo qual o paradigma vigente em uma comunidade científica não pode mais mante-se.Podemos afirmar que o principal problema apontado por Thomas Kuhn é a sua postura crítica, que nega a existência de verdades objetivas e absolutas,não sendo possível postular uma verdade permanentemente.

O PROBLEMA DO FUNDAMENTO EM HEIDEGGER

  A tematização acerca do problema do fundamento surge, em Heidegger, de uma nova maneira, tendo em vista que ele se confunde e se problematiza com o da transcendência “ (...)então também o problema do fundamento só pode residir onde à essência da verdade obtém a sua possibilidade interna, na essência da transcendência. A questão da essência do fundamento torna-se o problema da transcendência” (HEIDEGGER Martin, A essência do fundamento, Ed. 70, Pg. 29). Desta forma, toda a tradição filosófica pós-platónica abordou o fundamento ora como: Ideia, Causa Primeira, Deus, P. Razão Suficiente, Substância, etc. A ontologia para essa tradição é “o estudo do ser enquanto ser” que transcende a temporalidade, deste modo, ela  postulou princípios fundamentais que, esquecendo o Ser, houve uma abordagem focada para os entes em detrimento do estudo do sentido do Ser.Para Heidegger é fundamental e imprescindível fazer a distinção entre Ser e Ente, diferença essa que foi confundida pelo pensamento ocidental tradicional e sobretudo com a  sua tarefa ,também, importantíssima de dar ao Tempo uma nova concepção que a Metafísica havia feito, ou seja,  o tempo compreendido ora,como “Imagem móvel da eternidade” (Platão), ora como “Duração entre eventos” (Aristóteles), para a nova concepção sobre o  tempo, como presença, sendo inerente ao Homem.
Na asserção:“A questão da essência do fundamento torna-se o problema da transcendência” (HEIDEGGER Martin, A essência do fundamento, Ed.70, Pg. 29), já que há um entrelace originário entre verdade, fundamento e transcendência, sendo desta forma um problema “originariamente uno”; Leibniz já havia caracterizado o Princípio de Razão Suficiente no conteúdo intrínseco da Verdade, contudo, não percebeu que esse modo de pensar já é uma consequência do que foi tratado pelos filósofos da era trágica. Kant por sua vez, não explica o que é Transcendência, ele apenas fez uma distinção entre Transcendente (um conceito ou entidade que ultrapassa a nossa experiência) e Transcendental (aquilo que pertence à possibilidade, a priori, de nosso conhecimento experimental).
Para Heidegger, "Transcendência significa a ultrapassagem”(Id.,ibid.,p.33) e “Transcendente é o que realiza a ultrapassagem, persiste na ação de ultrapassar”(Id.,ibid.,p.33), ela é característica do Homem (Dasein), que pergunta pelo Ser e pelo seu sentido , não estando determinado historicamente como em Hegel, ao contrário, ele é abertura, sempre abertura para novas possibilidades. A Transcendência é entendida como ser-no-mundo, de forma que em confrontação com os Entes deve-se, primeiramente, se posicionar além deles percebendo que há uma diferença ontológica. O Ser sendo diferente dos Entes é Transcendente, por excelência, e através da pergunta pelo sentido do Ser, a ultrapassagem se faz presente enquanto investiga pelo sentido do Ser, pois, desta forma o Ser Transcende o Ente.
A ontologia tradicional abordou o Tempo como vinculado à ideia de “medição”, Heidegger por sua vez deu ao Tempo uma caracterização antropológica e ontológica, convertendo-o em Temporalidade, ou seja, o Tempo passa a representar o caráter antropológico do Ser-aí (Dasein) realizando ,desta forma ,uma vinculação intrínseca entre o Ser Humano e a Temporalidade. A Temporalidade é entendida por Heidegger, da mesma forma que os pensadores da era trágica  , onde não havia uma distinção entre espaço e tempo, eles os concebiam como abrindo um lugar, um recinto, um âmbito consistente para as suas atividades, o tempo era desta forma a instauração do Instante.
A distinção entre Ser e Ente é também fundamental para a compreensão do problema do fundamento, tendo em vista, que a tradição filosófica, segundo Heidegger ,confundiu Ser e Ente. Faz-se necessário fazer a distinção entre eles. O Ser é maneira como algo se torna manifesto, percebido, presente e desta forma ,se relaciona intrinsecamente como o Ser Humano, como Ser-aí; “A característica do Ser-aí consiste em ele se comportar perante o Ente compreendendo o Ser”. Os Entes são as coisas, presenciadas, percebidas, conhecidas pelo Ser do Ente e é caracterizado pela esfera do Ôntico. O Ôntico se refere a estrutura e a essência própria de um Ente, a aquilo que ele é em si mesmo, sua identidade, sua diferença em face de outros Entes. O Ser “é” o Ser do Ente, ou seja, o Ente só é no seu Ser, o ente é apenas compreendido pelo Ser.
Partindo da consideração do problema da Metafísica tradicional, o ser foi compreendido, desde Platão e Aristóteles como Transcendente, sendo que esse conceito de Ser não é o mais claro, muito pelo contrário é o conceito mais obscuro e abstruso. Ser (Sein) não é o mesmo que Ente (Seindes). Como o Ser não pode ser definido, pois é a mais vaga das abstrações, houve uma representação do Ser como Ente, ora como o Ente Supremo, ora como abstração dos próprios Entes, na sua forma lógica. Ser não é mais uma propriedade ou atributo de um ente supremo, mas se dá na compreensão de ser como modo de ser do Homem.
O Ontológico se refere a estudo filosófico dos Entes que inquirem na investigação dos conceitos, ou seja, sobre o Ser mesmo do mundo, que em geral  aborda os Entes tomados como objetos do conhecimento, pois, em Heidegger o plano Ontológico precede a abordagem Gnosiológica, que se mostra na questão originária que foi esquecida, a do sentido do Ser, conforme a citação: 
“Pelo contrário, os conceitos ontológicos originários devem obter-se antes de toda a definição científica dos conceitos fundamentais de maneira que, a partir deles, se possa primeiro avaliar de que modo restritivo e circunscrito em cada caso, e desde uma focagem determinada, os conceitos fundamentais das ciências atingem o ser, captável em termos puramente ontológicos” (Heidegger M. A essência do fundamento, Ed.70. Pg25).
Desta forma, o conceito ontológico é originário, devendo preceder a qualquer outro conceito.  A Metafísica tradicional, vai além dos Entes como um todo, interpretando-os alternadamente: ora como Ideia, ora como Causa Primeira, ora como Substância, ora como Deus, etc. gerando uma representação antropomórfica do conhecimento filosófico, onde a Transcendência foi concebida estando “Fora” em um “Além”.


BIBIOGRAFIA: A essência do Fundamento.Ed.70.Portugal.s/d)
                            Dicionário Heidegger -JZE-2002)
                            

OPOSIÇÃO ENTRE REALISMO E ANTI-REALISMO NA FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS

   Para os Realistas, o pensamento é um modo de expressão de uma realidade que os sustenta e os enforma . Para os anti-relistas, todo o ser é posto pelo pensamento e toda a realidade se reduz a perceber ou a ser percebida. Os realistas, reconhecem a existência de realidades absolutas independentes do fato de serem ou não conhecidas, as teorias científicas são para os realistas objetos ideais.  Para os anti-realistas, as observações científicas são empiricamente verificáveis ,quer dizer,a teoria deve dar conta de todas as observações que sejam disponíveis, eles não concebem a existência de qualquer conceito absoluto por si mesmo.

HUME E A CAUSALIDADE

Para David Hume, o logos de causa não entra na noção de o que começa a ser. O princípio não goza, portanto, de evidência analítica. É um juízo sintético. Como a simples experiência não pode formular um juízo universal e necessário, ele deu uma interpretação psicológica, porque, é por hábito que unimos necessariamente dois fenômenos que se sucedem e chamamos ao primeiro de causa e ao segundo de efeito. Todavia, não há uma conexão causal necessária e sim uma conjunção constante entre os eventos. As proposições sobre relações causais são proposições sobre fatos e não do tipo de relação entre ideias como as da lógica e da matemática. A relação de causalidade é uma crença, baseada no hábito; crença, mas não ficção, pois, ambas se produzem pela imaginação, e, no entanto, as ideias em que acreditamos são mais vivas e fortes do que as da ficção. A crença é mais viva quando apoiada na experiência repetida de fatos semelhantes que, pelo hábito, produz a sensação de eles ocorram com regularidade, no entanto, não existe qualquer contradição em supor que o curso da natureza poderá mudar ,quer dizer, um evento semelhante a um já ocorrido poderá ser acompanhado de eventos diferentes ou contrários àqueles que, no passado,  o acompanharam.

NIETZSCHE E SPINOZA - Afinidades e divergências

Em uma carta de 1881 a Overbeck, Nietzsche relata com alegria sua afinidade com Spinoza, exaltando-o como sendo seu precursor. As principais críticas de Spinoza feitas a : Teleologia, ao conceito de liberdade da vontade, ao Estoicismo(Ordem moral do mundo), etc., são relatados por ele,  havendo até então,   uma divergência temporal, cultural e científica, haja vista o espírito de cada época .Há sutis afinidades e divergências entre os dois pensadores, onde a mais sutil  diferença entre eles, se refere a  concepção de substância de Spinoza que transcende o mundo, onde Nietzsche o chama de " tecedor de teias do espírito", fazendo uma aproximação irônica entre Spin (Aranha, em alemão) e Spinoza. Segundo Nietzsche, Spinoza apesar de seu imanentismo, ainda não havia se libertado ,totalmente, do antropomorfismo, restando ainda " uma sobra de Deus" em seu conceito de substância. O posicionamento de Nietzsche, pode ser concebido como  a de um spinozista radical , ao eliminar qualquer vestígio de transcendência.

GENEALOGIA - Contrasenso

A Genealogia, tal como é conceituada por Nietzsche, busca refundamentar o que foi uma vez fundamentado, mostrando que os valores não são fixos e eternos. Eles emergiram através de uma luta constante com outros valores existentes,revelando uma complexidade das crenças culturais, minando e explodindo, uma suposta estabilidade.Nietzsche, não defende uma volta ao passado, ele usa o método genealógico como estratégia para criticar o estabelicimento eterno dos valores morais e preparar para novas interpretações e empreitadas. Na Gaia Ciência ele exalta o porvir: " Nós, filhos do futuro,como poderíamos nos sentir em casa neste presente?... tampouco queremos voltar a algum passado".Devemos evitar o contrasenso de que a Genealogia, tal como é concebida por Nietzsche , implique em uma nostagiade uma volta e exaltação acrítica relativa a uma origem mais nobre.

COMO ESTABELECER A VERDADE ?

 A questão sobre a verdade é uma das mais proeminentes da Filosofia.Foram dadas, ao longo dos séculos, vários tipos de respostas, tais como: Verdade como adequação,verdade como correspodência aos fatos do mundo,verdade como coerência através de nossas experiências mais evidentes,etc.Todas essas respostas não foram totalmente "vitoriosas". Até mesmo, o ceticismo, que pergunta sobre se podemos realmente saber sobre o que quer que seja,levando a um relativismo extremo, não  pode ser relativo para quem está fazendo a pergunta e é incoerente , não conseguindo demolir totalmente a questão sobre a "verdade".Existe, uma verdade que é uma criação, relativa a um contexto, a um nível no qual a verdade não é relativa a nada; caso não adotemos nenhum critério, caíremos no relativismo e em  um círculo vicioso.

ANÁLISE MICROFÍSICA DO PODER

O filósofo francês Michel Foucault, elaborou uma  nova compreensão sobre o poder, tomando como base o pensamento de Nietzsche.Segundo ele, as relações de poder não podem apenas estar vinculadas ao domínio entre pessoas,o poder é visto de uma maneira microfísica,quer dizer, não está apenas ligado a prática de determinadas pessoas  que detêm o poder, o poder é um fenômeno anônimo e ubíquo ,sendo principalmente  analisado nas relações sociais de uma maneira dinâmica.

SPINOZA E O COMEÇO DO FILOSOFAR

Hegel, sabiamente , nos advertiu em suas Lições sobre a história  da filosofia : " Para se começar a filosofar, é preciso ser Spinozista".Essa asserção, indica que as coisas particulares , que são contingentes, devem estar necessariamente relacionadas através de uma interconexão com o todo, onde todas as coisas estão inseridas. Essa base absoluta ,obviamente, não é dada pelo sujeito humano e sim é feita a partir dele , servindo como orientação e libertação do espírito humano, através de seu uso e poder incondicional de uma operatividade imanente ao mundo, que é chamada por Spinoza de causalidade,sendo possível segundo ele,ser conhecido adequadamente dois dos infinitos atributos da substância ou Deus: Pensamento e Extensão.

CRÍTICA SUTIL AO MONARQUISMO ABSOLUTO

O médico e filósofo inglês John Locke, em seu Ensaio sobre o Entendimento Humano, ao investigar sobre a origem das ideias da nossa mente,chega a conclusão que elas não são inatas,tendo sua
formação, através da nossa experiência sensível que experimentamos com as coisas do mundo.Diante disso,a ideia da origem divina dos reis é abalada e invalida a monarquia absoluta,cujo fundamento é  não depender de nenhum consentimento político.Locke fundamentou o liberalismo político,onde o Estado não deve ter outra função, a não ser a de conceder garantia aos direitos  naturais do homem.Nosso liberalismo hodierno, com o "mínimo possível de Estado" deixou de conceder garantia aos cidadãos , onde a meta do Estado em promover,saúde , educação e segurança, não foi alcançada,sendo usada como uma  ideologia para as eleições de candidatos vis,reles ,deixando a sociedade civil em um estado de total anarquia.

A "DESCOBERTA" DO INCONSCIENTE


A  noção de inconsciente era conhecida antes de Freud por  Leibniz, já no século XVII ,quando afirmava que o percebido surge depois do que não está ainda percebido, como também, por uma seleta intelectualidade do séc. XIX. Todavia, muitos ainda acham que foi Freud  seu descobridor. Nietzsche, por exemplo, escreveu que não nos devemos deixar enganar pelas pretensões a uma  racionalidade objetiva, haja vista que "por baixo" da racionalidade humana encontra-se o irracional, quer dizer, uma enorme quantidade de emoções,desejos,paixões,etc. em total conflito. A nossa razão quer uma ordenação, todavia, essa ordem é , na maioria das vezes,  adesão a uma tradição. Sua proposta, consiste em submeter todos os valores criados pela tradição a uma genealogia para averiguar quais os valores  que afirmam uma vida ascendente, plena de impulsos criadores para a formação de uma Cultura elevada, quer dizer, uma Cultura que esteja em vigor valores não comuns,gerais,vulgares. Valores que reduzem ao um baixo denominador comum seriam eliminados, haja vista que a sociedade deveria fazer florescer e assim, prosperar a grandeza das individualidades criativas, onde a Política deveria ser dependente da Cultura, e não como ocorre,hodiernamente,onde a Cultura depende muito da Política!

SENTIDO HISTÓRICO

Na Segunda consideração intempestiva, Nietzsche faz uma crítica do "sentido histórico" como sinal de decadência cultural,cujo tema é a historicidade do Homem. Sua crítica da cultura aplica-se, primeiramente, a uma degenerescência do sentido histórico, a uma hipertrofia do passado enfraquecendo uma visão mais "viva" da Cultura.Diante da História, ele distingue três atitudes fundamentais:A atitude do erudito,a do crítico, e a atitude diante da História Monumental. A primeira, corresponde a um tipo humano conservador e venerador,quer dizer, a um tipo que vive inteiramente a tradição, recebendo dela suas tarefas, a vida torna-se,apenas, uma recordação e comemoração.A História Crítica,pelo contrário, corresponde a uma atitude fundamental,quer dizer, antes de tudo ela está "aberta" para o presente, fazendo através dele uma remissão ao passado histórico, conduzindo a História para uma avaliação do presente.Por fim, a História Monumental corresponde a uma atitude que se projeta para o futuro propondo tarefas grandiosas, revelando um interesse pelos grandes projetos ocorridos no passado.Para Nietzsche, apenas a decidida vontade de futuro mostra o que há de futuro em todo o passado através de um projeto de vida onde o saber histórico,apenas, deverá ser considerado se serve a  uma vida ascendente,quer dizer , a uma vida plena de impulsos criadores ,não separando o saber teórico do prático.A vinculação à vida  é uma condição necessária para não nos sufocarmos diante do Historicismo.Enfim, para Nietzsche, a história deverá servir,incondicionalmente, a uma vida que não separe o saber teórico do prático.

A PROPOSTA DE NIETZSCHE

É totalmente errado afirmar que Nietzsche é um nihilista e não nos legou nenhuma proposta.Ao contrário, usando o procedimento genealógico como método de diagnóstico dos valores que foram estabelecidos através dos tempos, ele nos convida de imediato, a introduzir o valor como categoria fundamental para fazermos nossas avaliações  morais,questionando sobre o "valor do valor" , ou seja, os valores devem ser investigados, haja vista que eles foram tidos,até então, como imutáveis e eternos.Com a Genealogia, ele evidencia que os valores têm uma origem e uma história e a Vida como valor fundamental.

NIETZSCHE X PLATÃO

Para Nietzsche, na esfera platônica do mundo sensível, considerado como falso, se encontra a "verdade", verdade como criação e interpretação dos fenômenos.

CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA NATURAL DA MORAL

Logo no início desse texto , Nietzsche  critica a moral heterônoma, ou seja, a moral como "dada","dogmática","imposta", "não natural", por ela estar presa numa "crença na moral dominante" e afirma que em sua gênese a moral não havia sido concebida como problemática, haja vista que os "filósofos da moral" sempre estiveram " mal informados e  poucos curiosos a respeito de "povos,tempos e eras", faltando,desse modo," o problema da própria moral", "os quais emergem somente na comparação de várias morais".Nietzsche, percebe a impossibilidade de se fazer uma "ciência da moral" propondo   em contra posição uma Tipologia da Moral, que daria base para se operar a transvaloração de todos os valores.
Se partíssemos da ciência, iríamos constatar que a Moral, não passa de mais uma "imposição", pois até mesmo em Kant,estaremos vendo o homem preso ao "imperativo categórico", o que se revela não autônomo no sentido de que obedece a tal imperativo  em nome do "dever pelo dever".Em  oposição a "ciência da moral" , Nietzsche com o procedimento genealógico,encontra um novo modo de avaliar e valorar através da moral natural , onde a sensibilidade,ou seja, os apetites, as paixões seriam levadas em consideração e não rejeitadas porque fossem estranhas aos olhos da "Razão". A moral natural está intrinsicamente ligada a um "instinto de vida", a moral contra natural nasceu justamente pela "sujeição do espírito" que esteve ligado ao modo de valorar socrático-judaico-cristão, como também, por todas filosofias dogmáticas.

ECOLOGIA - A natureza como sujeito jurídico

Hoje, faz-se necessário um acréscimo ao "contrato social" para dar espaço a um "contrato natural" onde a Natureza, iria tomar parte nos pleitos jurídicos para  poder ser protegida das barbáries e atrocidades humanas;apenas desse modo  haveria uma valoração cosmólogica de suma importância para lutar contra a  desmesurada tecnocracia que causa danos incomensuráveis , dia após dia, a Natureza com a falsa ideia de progresso.  Nietzsche , usando uma metáfora contundente, disse que o "Homem" era a "doença de pele da Terra".Pensando-se superior a
Natureza , com a crença em um além-mundo, o "Homem" depredou a nossa grande "Mãe Gentil".

SAÍDA DO LABIRINTO

Lutemos por nossa autonomia
Matando Minotauros
Dia após dia!
Sigamos o exemplo de Teseu
Seguindo o fio de Ariadne...
O fio da feminilidade!

Ariadne, Ariadne...
Tornemo-nos Uno com ti.
Assim, o Amor despertará

o Outro que há em nós.

Sairemos e nos abandonaremos:
Dionisos!

De volta, Apolo nos conduzirá
para a Luz Existencial.

Unidos ao Eterno Feminino
Encontraremos a saída
para o Labirinto do Eu.

IMATURIDADE FILOSÓFICA E VIVENCIAL

A sabedoria Estóica , pode nos ajudar de maneira prática e simples a sermos mais filosóficos do que qualquer erutido. O maior dos estóicos foi ,sem dúvida, Epiteto que em seu Manual, nos ensina que: não podemos mudar nada na "ordem das coisas",podemos mudar sim, nossas crenças ,hábitos,conceitos,opiniões,etc.
Não podemos modificar os outros ou determinadas situações. Desse modo, é vão, procurar culpados por as "condições adversas" que ocorrem conosco,em nosso dia a dia.Enfim, para ele, tornar os outros responsáveis por nossa vida, ou viver arrependendo-se, é um forte sinal de imaturidade filosófica e vivencial , se é que podemos separar uma da outra.

A EDUCAÇÃO E A ESTRUTURA DO HABITUS

Os estudiosos do pensamento de Bourdieu têm no conceito de Habitus (do latim: "maneira de ser"), como sendo o ponto fulcral de seu pensamento sociológico, entendendo o Habitus como uma estrutura mental que estrutura e é estruturado, pela qual os agentes adquirem suas diversas posições e comportamentos de maneira dinâmica, estando permanentemente corporificados em processos de mudança adquiridas e tornadas “naturais”. Para Bourdieu, a socialização é a incorporação dos Habitus de classe, havendo uma maior interação entre as classes que se tornam grupos que dividem o mesmo Habitus. Existem Habitus primários, ligados diretamente ao instinto de conservação dos agentes e Habitus secundários que estão inseridos nos diversos campos entre os quais, o campo relacionado à educação. Os campos são estruturas sociais, fundados no Habitus, em um sistema de configurações unificado, ou seja, é um espaço social específico (escola, cultura, política, educação, etc.) Cada Campo tem um Habitus próprio, o Habitus da Educação, para Bourdieu, estaria ligado, tanto ao Habitus primário, quando ao secundário. Nos Habitus primários estariam os hábitos instintuais, nos secundários, como no caso da educação, estariam ligados aos laços estruturados e reproduzidos pelos Habitus no campo da educação. Para ele, a educação tradicional vigente, ao invés de reduzir as desigualdades sociais, contribui para reproduzi-las. Desse modo, urge investigar os processos que levaram a estruturar esse paradoxal resultado. Sua investigação chegou a conclusão que a educação foi estruturada através de um longo processo de “violência simbólica”,quer dizer,forjada por uma determinação arbitrária das estruturas de poder sociais dominantes, que infligem de modo dissimulado seu poder ao sistema educacional(Campo da Educação),reproduzindo suas estruturas,impondo-as a toda sociedade, através do sistema de ensino, adquirindo,assim, um Habitus, que por sua vez é incorporado aos docentes ,que reproduzem as semelhantes estruturas de dominação que originaram os valores dominantes,repassando-os de uma forma institucionalizada através dos diversos processos de seleção tradicionais, que nas bases tradicionais, seriam processos de desigualdade e exclusão social.
Enfim, para Pierre Bourdieu, a ação do sociólogo seria a de colocar em evidência as múltiplas estruturas de dominação reproduzidas, e efetuar uma contra-violência simbólica, estruturando através de novos Habitus, uma educação que teria como meta a formação do “Agente social”, cuja ação pedagógica seria variada e múltipla, desvelando as estruturas de dominação desconhecidas por aqueles que sofrem debaixo as pressões do sistema educacional tradicional.
Ao demonstrar a existência de um domínio simbólico, o sociólogo deve incitar para que não aceitemos com naturalidade as divisões sociais. Os excluídos da sociedade, para ele, devem tentar adquirir aquilo de que foram privados: educação, cultura, lazer, informação, etc. Cabe aos Agentes sociais que possuem o conhecimento e as articulações dos “jogos de poder” fornecer os meios teóricos e práticos para agir sobre as estruturas sociais e, portanto, a possibilidade de reconstruir a história inscrita em nossos corpos sob a forma de novos hábitos, tendo em vista que o que está posto deve ser mudado, para não ser reificado.


REFERÊNCIAS:
1) Dicionário de Sociologia, Zahar, A. G. Johnson.
2) Dicionário dos Filósofos, M. Fontes, D. Huisman.
3)50 Grandes Educadores Modernos, Contexto, J.A. Palmer.
4) Primeiras lições sobre a Sociologia de Bourdieu, Vozes, P. Bonnewitz.

5) O poder simbólico,Bertrand Brasil,Bourdieu,P.



O MÉTODO DOS CLÁSSICOS - Marx,Durkheim e Weber

KARL MARX (1818-1883)
Grandes estudiosos do pensamento de Marx consideram , a dialética um método antinômico e "científico", pelo qual todos os processos históricos são interpretados a luz da economia política. O método Marxista Histórico Dialético surgiu, logo após, a crítica de Feuerbach ao idealismo absoluto hegeliano, que Marx aplicou no  domínio da economia social e política.
O processo dialético desenvolvido por Hegel foi muito importante para o método criado por Marx, que o utilizou para formular seu próprio método dialético-histórico. De acordo com essa concepção, a evolução processual da sociedade, como também, as criações do espírito humano no campo da moral, direito, política, etc., são determinadas pelas relações econômicas de produção, de distribuição e circulação dos bens de subsistência. Embora Marx, não tenha deixado uma exposição sistemática do seu método dialético-materialista-histórico,nos textos como A Ideologia Alemã e na Introdução da Contribuição à crítica da economia política, podemos encontrar os elementos de base desse método que foi elaborado em oposição ao idealismo histórico de Hegel. Segundo Marx, a concepção metodológica que Hegel fez da história, é apenas uma representação abstrata da História, onde para  ele, o espírito absoluto permanecia estranho a história real do homem, que seria justamente, o ato de sua criação, a história de sua formação e evolução no seio das condições materiais e econômicas que a possibilitam. A tese básica de origem do método dialético-histórico foi formulada por Marx na Contribuição à crítica da economia política, conforme o seguinte trecho:



“[...] na produção social da sua existência, os homens estabelecem relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais. O conjunto destas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual correspondem determinadas formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política, intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência [...] Assim como não se julga um indivíduo pela ideia que ele faz de si próprio, não se poderá julgar tal época de transformação pela mesma consciência de si; é preciso, pelo contrário, explicar esta consciência pelas contradições da vida material, pelo conflito que existe entre as forças produtivas sociais e as relações de produção.” (Marx; Contribuição à Crítica, p.5,Ed. Martins Fontes)

Na ideologia alemã, podemos constatar que o método dialético-histórico de Marx é crítico, retomando a dimensão histórica da vida humana, enfatizada por Hegel, todavia, sendo rejeitada  a concepção idealista, onde para Marx, a vida econômica constitui a base real da história e o suporte que serve de base para o método do materialismo-dialético-histórico, ressaltando que isso foi esquecido por todas as concepções filosófico-históricas, até então. Vejamos o texto:

“Assim, a moral, a religião, a metafísica e todo o restante da ideologia, bem como as formas de consciência a elas correspondentes , perdem logo toda a aparência de autonomia. Não têm história, não têm desenvolvimento; ao contrário, são os homens que, desenvolvendo sua produção material e suas relações materiais, transformam, com a realidade que lhes é própria, seu pensamento e também os produtos do seu pensamento. Não é a consciência que determina a vida, mas sim a vida que determina a consciência. Na primeira forma de considerar as coisas, partimos da consciência como sendo o indivíduo vivo; na segunda, que corresponde à vida real, partimos dos próprios indivíduos reais e vivos, e consideramos a consciência como sua consciência.” (Marx; Ideologia Alemã, p.19/20,Ed. Martins Fontes)

Nesta perspectiva, o conhecimento espiritual é um simples reflexo da matéria na consciência. Com base nas três leis: 1) lei da unidade e luta dos contrários, onde a unidade da realidade concreta é uma unidade de contradições. 2) lei da transformação da quantidade em qualidade, onde as mudanças quantitativas dão surgimento a mudanças qualitativas, consideradas revolucionárias e 3) lei da negação da negação, onde através do conflito dos contrários, imanente ao real, um contrário nega o outro e é, por sua vez, negado por outro nível através do desenvolvimento histórico que conserva alguma coisa de ambos os contrários. Enfim, o método materialista-dialético-histórico apresenta-se através de uma exaustiva explicação da realidade da qual é excluída não só a existência de Deus, como, também, de qualquer espírito absoluto. O método dialético-histórico- materialista é uma categoria filosófica para designar a realidade, que é contraditória em si mesma, mostrando uma luta dos opostos, que Marx erigiu,"erroneamente" em "método científico", pois, para ele, a dialética só é possível como método histórico.

Conhecemos apenas uma ciência, a ciência da história. A história pode ser examinada sob dois aspectos. Pode ser dividida em história da natureza e história dos homens. Os dois aspectos, entretanto, são inseparáveis; enquanto existirem os homens, sua história e a da natureza se condicionarão reciprocamente.” (Marx; Ideologia, p.107-notas)

Constatamos que a crítica para Marx, via Feuerbach/Hegel,  legou um método crítico que converte a dialética hegeliana em método "adequado",segundo Marx, para a percepção da história como um meio de transformação social através da compreensão de seu papel ao longo dos tempos.







ÉMILE DURKHEIM (1858-1917)

Para fundamentar suas pesquisas sociológicas com rigor científico, Durkheim usou o método comparativo através da analogia, “(...) a analogia é uma forma legítima da comparação e a comparação é o único meio prático de que dispomos para conseguir tornar as coisas inteligíveis.” (DURKHEIM; Sociologia e Filosofia, p.9.) Nas regras do método sociológico ele expõe que o método usado para a sociologia consiste inteiramente no estabelecimento de ligações causais:


Nosso principal objetivo, com efeito, é estender à conduta humana o racionalismo científico, mostrando que, considerada no passado, ela é redutível a relações de causa e efeito que uma operação não menos racional pode transformar a seguir em regras de ação para o futuro.” (DURKHEIM; Regras, Prefácio, P.XIII)

Demonstrando, desta forma, que o método (caminho) a ser usado é o da experiência indireta, quer dizer, o método comparativo, através de comparações sistemáticas, esclarecendo as associações entre vários fenômenos entre si, como também,  sua ocorrência habitual em uma determinada ordem de sucessão regular, aplicando-os aos fatos sociais: "Ora, nosso método não é, em parte, senão uma aplicação desse princípio aos fatos sociais" (Idem. IBID). Tratando os fatos sociais como “coisas” ele pretende determinar que a Sociologia tenha os requisitos de todas as ciências, isto é, ela possui um objeto de estudo próprio, inclusive, alertando aos sociólogos que renunciem ao dogmatismo de que os fatos sociais poderão ser diretamente inteligíveis para o pesquisador, pois, "tratá-los como coisas" é justamente isso, ou seja, concebê-los de um modo objetivo, passíveis de serem observados empiricamente.
No estudo do suicídio, Durkheim usou, também, o método comparativo para tentar descobrir quais as causas sociais do suicídio, usando e correlacionando estatisticamente as diversas taxas em diferentes grupos sociais com as características desses diversos grupos; o conceito de anomia foi aplicado a várias teorias, incentivando pesquisas correlacionadas. Enfim, o método usado por Durkheim demonstrou que a ciência pode ser aplicada de um modo prático para se compreender de uma maneira mais eficiente a sociedade, mostrando a realidade e a importância das forças sociais.





















MAX WEBER (1864-1920)



Weber sofreu influencia de Immanuel Kant, o maior representante do criticismo,do perspectivismo Nietzschiano e do Historicismo de Wilhelm Dilthey.Houve, portanto, uma extrema necessidade de aplicar  renovadores procedimentos metodológicos científicos, com o debate entre: determinismo, possibilismo e relativismo, levando em conta, a concepção de que a Sociologia não pode ser totalmente objetiva,dogmática, quer dizer , não lhe é permitida elaborar uma síntese definitiva do mundo, devido a sua incapacidade de prever com exatidão o futuro das diversas formações histórico-sociais, ficando essas, como uma possibilidade interpretativa, o que Weber chamou de “Sociologia Compreensiva”, através de “vários futuros possíveis”. Usando o método de abordar o objeto da investigação no caso as ações sociais, com a sua teoria dos “tipos ideais”, onde, por “tipo ideal” é concebido como sendo construções teóricas conceituais puras, permitindo compreender e interpretar os fenômenos sociais observáveis, remetendo-os aos conceitos “típicos ideais” referente a cada caso, ou seja, a qual tipo encontra-se relacionado os fatos humanos.


A Sociologia constrói – o que já foi pressuposto várias vezes como óbvio – conceitos de tipos e procura regras gerais dos acontecimentos. Nisso contrapõe-se à História, que busca análise e imputação causal de ações, formações e personalidades individuais culturalmente importantes... a Sociologia, por sua vez, deve delinear tipos” puros” (“ideais”), os quais mostram em si a unidade consequente de uma adequação de sentido mais plena possível. ”(WEBER; Economia e Sociedade; P.12)


Weber pensava que a explicação causal era possível e necessária na Sociologia, mas apenas para encontrar a causalidade histórica que governavam as ações humanas, como por exemplo, as ligações causais que foram feitas por ele, na análise comparativa entre o protestantismo e o capitalismo. Para Weber, o método da Sociologia deve ser feito a partir da interpretação ou compreensão do sentido histórico, e assim, alcançar a validade: “Toda interpretação, assim como toda ciência em geral, pretende alcançar “evidência”. (WEBER; Economia e Sociedade, p.4, Ed. UNB)
Através das ações, relações e dominações sociais entre os indivíduos, atentando para não levar em consideração os “juízos de valor”, havendo, portanto, necessariamente uma neutralidade axiológica na produção da pesquisa social, que por sua vez, não poderá ser totalmente objetiva, tendo em vista, a não possibilidade de alcançar um sentido definitivo ou absoluto, assim:



"Não existe nenhuma análise científica puramente “objetiva” da vida cultural, ou – o que pode significar algo mais limitado, mas seguramente não essencialmente diverso, para nossos propósitos – dos “fenômenos sociais”, que seja independente de determinadas perspectivas especiais e parciais, graças às quais essas manifestações possam ser, explícita ou implicitamente, consciente ou inconscientemente, selecionadas, analisadas e organizadas na exposição, como objeto de pesquisa."(WEBER; Objetividade das Ciências Sociais, p.43)


A pesquisa social deverá ser “objetiva” no sentido de, com seu método, tentar perceber o objeto “tal como ele é”, e não como “gostaríamos que fosse”. Enfim, a ciência social como conhecimento do que é, e não do que deveria ser, é um conhecimento específico de uma determinada época, a aplicação do método, independentemente, de juízos de valor é que irá decidir se o resultado da pesquisa é conhecimento científico ou não.

OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA,SÉC XIX-Marx,Durkheim e Weber

KARL MARX (1818-1883)

Para Marx, toda história humana até os dias atuais se deu através da luta: “A história de toda sociedade até hoje é a história de luta de classes” (MARX; Manifesto, p.66). A luta de classes é o cerne do pensamento Marxiano, onde para ele, classe é uma realidade que está acima dos indivíduos através das relações de produção desenvolvidas historicamente, indo do abstrato ao concreto; ela é vista como um jogo dinâmico de definições e de classificações, nas quais remetem a um sistema de relações estruturado pela luta, como mostra seus textos sócios- políticos, entre os quais: As lutas de classe na França, O dezoito Brumário, etc.
A determinação das relações entre classes a partir dos meios de produção é vista por ele como um momento da história, posterior à dissolução da comunidade primitiva, que passou por vários estágios através da história. Sua abolição desembocaria automaticamente de volta para uma sociedade sem classes, havendo uma totalidade relacional que não pode ser reduzida a uma estrutura que suportaria todas as individualidades, nem tampouco a sua soma; sua coesão é, portanto, irredutível a uma unidade formal de uma simples coleção de indivíduos da sociedade. Desse modo, sob o ponto de vista sociológico acadêmico, seria impossível conceber no pensamento Marxiano uma “Sociologia”, a não ser uma Sociologia do conflito, da luta, ele é um anti-sociólogo por excelência. Embora os estudos sociológicos possam produzir informações práticas, sua soma não constitui um pensamento substancial, tendo em vista que informações sobre fatos, para Marx, não constituem um saber, haja vista que o pensamento não pode ser separado de uma ação política que ocorre, incessantemente, através da luta de classes. Podemos afirmar categoricamente que a visão de Marx tem da Sociologia é negativa, no sentido de que há ideologia no conceito de uma socialização pacífica entre os homens, ou seja, que a priori o homem seria um animal social, essa ideologia, pode representar mais uma máscara, atrasando e alienando a sociedade no caminho da emancipação que ocorrerá inexoravelmente, quando os homens tomarem “consciência de classe”, ou seja, consciência de que é uma “classe em si e para si”.

ÉMILE DURKHEIM (1858-1917)

Durkheim fundamentou a Sociologia como uma ciência autônoma, que tem como objeto específico de estudo os fatos sociais. Por fato social, ele compreendia como sendo fenômenos: políticos, sociais, culturais, etc. que exercem uma influência externa coercitiva sobre todos os indivíduos, sendo irredutível a vida biológica, tendo como fundamento a sociedade de uma determinada época. Para ele, essa sociedade possui uma realidade que está acima dos indivíduos.

“É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais.” (DURKHEIM; Regras, p.13)

A partir do estatuto do fato social como objeto específico da Sociologia, ele os divide em duas grandes categorias “muito dessemelhantes sob certos aspectos” (Cf.R.p.49): Os fatos “normais” e os fatos “patológicos” tratam-se, desse modo, de uma tipologia social, onde ele classificou as formações sociais, das mais primitivas ou simples, cuja característica dos laços sociais era feitos através da solidariedade mecânica, até mais complexas, onde a solidariedade era orgânica, devido a uma maior divisão no trabalho.” Em suas
palavras:

“Chamaremos normais os fatos que apresentam as formas mais gerais e daremos aos outros o nome de mórbidos ou patológicos. Se concordarmos em chamar tipo médio o ser esquemático que constituiríamos ao reunir num mesmo todo, numa espécie de individualidade abstrata, os caracteres mais freqüentes na espécie com suas formas mais freqüentes, poderemos dizer que o tipo normal se confunde com o tipo médio e que todo desvio em relação a esse padrão da saúde é um fenômeno mórbido.” (Durkheim; Regras, p.58).

Para ele, a função primeira da sociologia, seria a taxonomia dos vários tipos de sociedade, essas sociedades seriam fundamentadas em seu grau de complexidade, desde as mais simples até as sociedades modernas muito mais complexas. A coesão social era da máxima importância na visão de Durkheim; nas sociedades industriais que desenvolveram uma complexa e dinâmica “divisão do trabalho” onde as ocupações são diferentes, havendo especializações múltiplas, ocorrendo, desse modo, uma interdependência entre os indivíduos que ele chamou de “solidariedade orgânica”, tendo em vista o fato dela se assemelhar a um organismo, com muitas partes diferentes, onde cada componente daria sua contribuição ao tecido social. Em sua visão, a sociedade formava uma estrutura em que as diferenças uniam e contribuíam para atender as necessidades sociais de seus indivíduos, havendo mais tolerância para as individualidades, pois, não existia mais uma cultura comum a todos os elementos, como nas antigas sociedades, onde a semelhança era um fator primordial para a solidariedade; dessa forma, havia, hodiernamente, o predomínio de uma justiça distributiva. Fazendo uma comparação entre os dois tipos de solidariedade, Durkheim nos mostrou que a cultura e a estrutura são peças fundamentais para manter a coesão social e criar um fundamento sólido para que haja uma sociedade não caótica.










.




MAX WEBER (1864-1920)




Para Weber, não há uma teoria geral da sociedade, ele é um historicista, sua preocupação básica é estudar as diversas situações sociais, onde para ele a Sociologia tem como objeto de sua investigação a ação social, sendo compreendida por ele, conforme a citação abaixo:

“A “ação social”, portanto, é uma ação na qual o sentido sugerido pelo sujeito ou sujeitos refere-se ao comportamento de outros e se orienta nela no que diz respeito ao seu desenvolvimento “(WEBER; Metodologia, P.400)

Para ele, a ação social não tem um caráter objetivo, ele salienta a subjetividade do conceito de “ação social”, tendo em vista o significado a ela que é atribuído pelos diversos indivíduos, como também, a relevância dos outros na orientação de seus sentidos interpretativos. A Sociologia tem um papel científico, todavia, subjetivo e interpretativo sendo considerada conforme a citação abaixo:

“Deve entender por sociologia (no sentido aceito desta palavra que é aqui empregado das mais diversas maneiras possíveis) uma ciência que pretende entender pela interpretação a ação social para desta maneira explicá-la causalmente no seu desenvolvimento e nos seus efeitos.” (WEBER; Metodologia, p.400)

Para a Sociologia, ele criou uma metodologia fundamentada na interpretação e compreensão, onde os “juízos de valor” teriam que ser deixados de lado, para não comprometer a pesquisa, criou a noção de “Tipo Ideal”, considerado como um conceito referencial, em comparação aos quais se possam analisar os diversos fenômenos sociais, implicando em uma interpretação das atividades sociais segundo seu significado subjetivo tanto para os agentes quanto para o pesquisador.
Podemos evidenciar sua contribuição, no sentido de verificar uma contradição do determinismo de Marx que atribuía a ascensão do capitalismo unicamente a forças históricas e econômicas, pois, para Weber, a ética prática do protestantismo, mais precisamente do Calvinismo, com seu ascetismo exacerbado, favoreceu o crescimento do capitalismo estrangulando o consumo, aumentando deveras o capital.

“E confrontando agora aquele estrangulamento do consumo com essa desobstrução da ambição de lucro, o resultado externo é evidente: acumulação de capital mediante coerção ascética à poupança” (WEBER; Ética, p.157)

A crescente racionalização e burocratização que teve início com a modernidade colocou o ser humano em um conflito axiológico que não tem o fundamento em nenhuma estrutura moral, conduzindo a um “desencantamento do mundo” onde o homem se vê preso numa “jaula de ferro”. Foi esse o diagnóstico, em poucas palavras, que Weber deu da modernidade.
Ao se interessar pelas diversas visões de mundo e de valores, dando ao “Tipo ideal” uma função explicativa, sendo, dessa forma, defensor de uma visão multifacetada do mundo na explicação dos fenômenos sociológicos e, portanto, não dogmática; Weber conseguiu nos proporcionar uma melhor apreciação do mundo sócio-econômico-cultural.

DEUS E O HOMEM EM FEUERBACH

VISÃO HISTÓRICA: Ludwig Feuerbach, sofreu influências de Bacon,Spinoza e principalmente de Hegel; sendo de certa forma considerado discípulo do último. Afastado da cátedra pela reação prussiana, começa sua brilhante criação filosófico-religiosa. Seu afastamento da carreira acadêmica se deu devido a oposição à direita hegeliana, com o ensaio Pensamentos sobre a morte e a imortalidade; onde a imortalidade é negada ao indivíduo em particular e apenas admitida para a humanidade.

VISÃO FILOSÓFICA: Sua filosofia é um estudo sobre a origem da idéia de Deus e dos seus atributos, tendo como principal função uma união do divino com o homem (hipostatização). O ser humano projeta-se em Deus. Para ele, Deus é produzido pelo homem e não o inverso , como era até então, proclamado.A idéia de Deus,ter-se feito homem, exprime a primazia do amor pelos outros, no entanto, a idéia de um ser perfeitissímo(Jesus Cristo), nasceu para denotar aos homens aquilo que eles deveriam ser, mas que jamais conseguirão ser " O segredo da Teologia é a Antropologia" . Uma dos temas mais interessantes de seu pensamento é o da alienação. O homem aliena-se projetando ideais no além, sonhos de modos de ser que ele não consegue realizar efetivamente,isso faz com o homem separe-se, aliene-se de si mesmo e dos outros homens. Justiça,Amor , Sabedoria, são atributos do saber humano ,representando o ideal humano,projetando-se de modo imaginário em Deus, ou seja, em um ser para o qual nada é impossível."Os deuses são os desejos do homem realizado".Desse modo, para ele Deus é uma representação imaginária do homem que se encontra privado de algo que lhe pertence em proveito de uma realidade puramente ilusória.
CRÍTICA: É errôneo afirmar que Feuerbach pretendesse acabar com a religião,ele a considera necessária através da antropologia, tendo em vista a presença imanente no homem de ideais, todavia, esses ideais têm que ser levados a ação, isto é, ao real.

MAX WEBER E A AÇÃO SOCIAL

INTRODUÇÃO: Max Weber delimita o campo de investigação da Sociologia, através do conceito de ação social, elaborando uma teoria geral da sociedade fundada na noção de ação social, para ele: “ação social será reservado à ação cuja intenção fomentada pelos indivíduos envolvidos se refere à conduta de outros, orientando-se de acordo com ela” (WEBER, M; Conceitos Básicos de Sociologia, p.11). De acordo com Weber, somente há ação social quando ela está ligada a um significado atribuído pelos indivíduos envolvidos, sendo orientada pelas ações da conduta de outros. Desse modo, nem toda ação é considerada uma ação social, apenas é considerada social uma ação que seja: intencional, inter-relacionada e com sentido, são ações que levam os outros em consideração, é atuar juntos com os outros intencionalmente, envolvendo-se reciprocamente.
Na verdade, para entendermos se uma ação é social, devemos observar o contexto em que ela ocorre, ou seja, uma mesma ação pode ora, ser classificada como social, ora não. A ação só será considerada social, enquanto envolver outra pessoa. Ela deixará de ser considerada ação social, a partir do momento que for considerada puramente individual. “Atitudes subjetivas devem ser consideradas ação social apenas se orientadas à ação de outros” (Id. Ibidem. p.37)



TIPOS DE AÇÃO SOCIAL: A partir do conceito de ação social, Weber afirma que há basicamente quatro tipos delas: tradicional, afetiva, racional com relação a valores e racional com relação a fins, onde ele as associa de acordo com o modo pelo qual os diversos indivíduos orientam suas ações, agindo na sociedade.
1) AÇÃO ESTRITAMENTE TRADICIONAL: Esse tipo de ação é fundado na moralidade dos costumes, são executadas sempre do mesmo modo através dos séculos, sendo desta forma, ações
muito limitadas, equivalendo quase ao habitual comportamento das pessoas. Nas palavras de Weber: “Freqüentemente é simplesmente uma reação amortecida - quase automática - a estímulos costumeiros que têm conduzido a ação, repetidamente, ao longo de um curso rotineiro.” (Id. Ibidem. p.41/42)
Como exemplos desse tipo: Comemorar aniversários, festas tradicionais, seguir os mandamentos de uma religião, seguir a moda, etc.
2) AÇÃO ESTRITAMENTE AFETIVA: Essa ação é a expressão de uma emoção, ou seja, ela é
fundada em sentimentos, afetos e na emotividade dos indivíduos É a ação, onde o agente segue um impulso inspirado pelas emoções imediatas, não existindo, portanto, uma elaboração racional de suas conseqüências. Desde que fiel aos valores, o comportamento é válido por si só. Nas palavras de Weber:
“A ação estritamente afetiva também fica na linha do que pode ser considerada uma ação consciente de sentido e, com freqüência, ultrapassa também a linha; por exemplo, pode ser uma reação desinibida a algum estímulo extraordinário” (Id. Ibidem. p.42)
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
“A ação afetiva determinada é a que exige a satisfação imediata de um impulso, não importando quão sublime ou sórdido possa ser, de modo a obter vingança, gratificação sensual, dedicação completa a uma pessoa ou ideal, contemplação feliz, ou finalmente, para liberar tensões emocionais” (Id. Ibidem. p.42)
Como exemplos desse tipo: Se vingar de alguém, Amar uma pessoa, Torcer por um time esportivo.
3) AÇÃO EM RELAÇÃO A VALORES: Essa ação é orientada por princípios éticos, estéticos, religiosos e morais, não havendo um cálculo prévio com relação aos resultados, ela está intrinsecamente relacionada aos seus sentidos em si mesmos, independentes, portanto, das conseqüências. A ação é orientada pela fidelidade aos valores que inspiram a conduta, desde que fiel aos valores, o comportamento é válido por si só.
Nas palavras de Weber:
“Exemplos de ação pura em relação a valores estariam na ação de pessoas que independente das conseqüências, conduzem-se de tal maneira a pôr em pratica suas convicções e o que lhes parece ser exigido pelo dever, honra, beleza, religiosidade, piedade ou pela importância de uma “causa”, não importando qual o seu fim.” (Id. Ibidem. p.42).
Como exemplos desse tipo: Cuidar de alguém enfermo, Trabalhar voluntariamente para
uma instituição filantrópica, etc.
(4) AÇÃO SOCIAL ORIENTADA A FINS: Essa ação é definida de acordo com as metas ou objetivos esperados. A previsão através do planejamento e do cálculo é fundamental
para conduzir esse tipo de ação. De acordo com este tipo, o sentido racional da ação se encontra na escolha dos meios mais adequados para a realização de um fim. Nas palavras de Weber:
“A ação racional é da espécie orientada a fins quando envolve a devida consideração de fins, meios e efeitos secundários; tal ação também deve considerar atentamente as escolhas alternadas, bem como as relações do fim com outros possíveis do meio e, finalmente, a importância relativa de diferentes fins possíveis. Assim, a classificação da ação em termos afetivos ou tradicionais é incompatível com este tipo.” (Id. Ibidem. p.43)
Como exemplo desse tipo: Construção de um imóvel, fazer um empreendimento,
fazer um protesto visando melhores condições para melhoria de vida para uma cidade, um estado, uma nação. etc.
Todos esses tipos de ações mostram-se diferentemente nas diversas sociedades humanas, nas sociedades antigas havia a preponderância da ação tradicional e afetiva. Com o advento da modernidade as ações passaram a ser cada vez mais racionais, havendo com a crise dos valores e do “desencantamento do mundo”, uma tendência para a ação racional orientada unicamente por fins, onde a própria ação não seria relevante, valendo mais os resultados, isso, em detrimento da ação com relação a valores. Weber vê a utilidade estreita e mesquinha do mundo capitalista visando, através da racionalidade instrumental, cada vez mais e mais lucros e a conseqüente dominação social de um modo vil.
REFERÊNCIAS:
1) Conceitos Básicos de Sociologia. Ed. Centauro,São Paulo(SP).4ª edição
2) Dicionário de Sociologia. Jorge Zahar. R. de Janeiro(RJ),1997.
3) Dicionário de Filosofia. José Ferrater Mora. Ed. Loyola. 2000.

NIILISMO ATIVO

O Niilismo ativo propõe a destruição de um além-mundo no qual a cultura ocidental se fundamentou; esse seria apenas o primeiro estágio da "transvaloração de todos os valores" .O passo seguinte, seria dado destruindo as tábuas de valores antigas para podermos criar novas tábuas que não fossem fixadas  de modo eterno e universal e sim, permanentemente  avaliadas perspectivamente em prol da Vida , que é Vontade de Poder(Potência). Para o Niilismo ativo o mundo efetivo é o único mundo e ele tem valor. Segundo Nietzsche, o Niilismo ativo pode e deve ser um sinal de força ascendente, positiva, vejamos o texto:
" a força do espírito pode ter crescido tanto que os fins de até então("convicções", artigos de fé) tornam-se inadequados(- uma crença exprime em geral a coerção de condições de existência, uma submissão sob a autoridade de relações nas quais um ser medra,cresce , ganha poder...);por outro lado,um sinal de força insuficiente para estabelecer para si então,produtivamente, novamente um fim, um porquê,uma crença.Seu máximo de força relativa, ele o alcança como força violenta de destruição: como niilismo ativo."(Nietzsche; A vontade de poder, p.36/37;Contraponto,2008).

DIMENSÕES DO EROS

Seu olhar emerge um nova dimensão.
Nos toques,nos beijos, as sensações
se multiplicam rompendo
as proporções perdidas.
Sua beleza inebria o meu ser.
A seletividade se faz presente!
Em nosso encontro, as dimensões
proporcionam a comunhão
rumo à eternidade embevecida.

Despertando,aquecendo,a chama
do Eros.

NATASCHA

Flor que semeei
brotou tão bela.
Exemplar criança no tempo
sua inocência pulsa com fulgor.

A vida espera ansiosa
para vê-la desabrochar
rumo ao seu destino.
Crescendo para elevar-se.
Elevando-se para semear.

SUA BELEZA

Flor ígnea
de selvagem Beleza.
Acende a chama

de teu coração.
Dança livre, solta...

na luz nua do luar!
Voyerismo
silhuetar.

Mostra toda tua Beleza...
Clara como a noite.
Linda como o dia.
Síntese dos contrários.
Noite e Dia.

ABERTURA EXISTENCIAL

Tudo em volta,
abre-se em cores.
A essência se aniquila
diante da existência.
O real torna-se mais claro
através da ação.

Libertar o Ego,
libertando-se do mundo.
Preocupando-nos, 

à distância.

Contemplação,
apreciação,
Ação,
transvaloração,
Superação.