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O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO


Jean Paul Sartre, escreveu esse ensaio, com a finalidade de responder as várias críticas, efetuadas sobre maneira, por marxistas e religiosos que compreenderam mal seu pensamento, acusando-o de, pelo fato de o existencialismo conceber a existência como algo a priori, estar em falta com a solidariedade humana, por prevalecer uma compreensão de um individualismo exagerado e um pessimismo desesperado, através de clichês tais como “o homem é uma paixão inútil” e “a angústia é a essência do homem”,etc.
  Ele se defendeu dessas acusações afirmando que apenas o existencialismo possibilitava ao homem uma vida autêntica, onde reconhece verdadeiramente o valor da individualidade. A bem da verdade, seus opositores tinham medo da doutrina existencialista tendo em vista que ela dá possibilidade de escolha autônoma ao homem, o que não ocorre com as filosofias idealistas, nas quais, é a essência que precede a existência, limitando, destarte, o agir humano a uma instância transcendente e ilusória. Desta forma, ele explicitou mais claramente seu pensamento de todos esses impasses, para mostrar que na realidade o existencialismo tem um aspecto verdadeiramente otimista, no sentido de que o homem não mais se ampara em ilusões transcendentes e sim nas suas escolhas para determinar sua vida e dar a ela um projeto autenticamente antropológico.Ao fazer uma análise da filosofia Iluminista, ele percebe que apesar da tentativa de eliminar a transcendência, eles ainda conservavam a teoria essencialista, embora disfarçadamente. No século XIX, com Kierkegaard, começa a se desenvolver uma reviravolta e uma crítica mais contundente,principalmente, a herança idealista Kantiana e Hegeliana, enaltecendo a individualidade e subjetividade autêntica como ponto de partida filosófico, pois, a ideia de absoluto ainda sobrepujava muitos pensadores. Todavia, esse gérmen do existencialismo era menos coerente, pois ainda se afirmava na fé. No século XX,  a abordagem agnóstica de Heidegger, pela qual Sartre foi influenciado, era mais coerente e autêntica, de forma que ao recusar a transcendência,  fica o reconhecimento da condição humana como sendo ,a priori, transcendente, fundamentando o princípio do existencialismo, que afirma que o homem é antes de tudo um sujeito de ação que só existe através de suas escolhas construindo o que ele quer ser, sendo desta forma mais digno por ter consciência de sua própria existência. Não se pode assertar para os existencialistas que existe uma natureza humana, pois, essa noção pré-definiria o homem antes de existir. O homem é totalmente responsável por todos os seus atos, (Sartre nega o Inconsciente) através de suas escolhas, todavia, a responsabilidade não é totalmente individual, pois a escolha é feita também para outros, tendo em vista a intersubjetividade do ser-para-si em relação ao ser-para-outro. Desta forma, escolhendo o que consideramos melhor, se interrelacionamos melhor com os outros, pois, todo ato individual “engaja toda a humanidade” e isto é concebido pela nossa consciência diante da responsabilidade das escolhas que valem para toda a humanidade gerando angústia e, portanto liberdade que é concebida como condição das ações humanas pelo fato da contingência absoluta das possibilidades múltiplas, “a contingência ou absurdo não é um falso semblante, uma aparência que se possa dissipar”. A má-fé constitui uma mentira dita pelos indivíduos a si mesmos, pela qual se opta como forma de fugir à liberdade, representando papéis como se os mesmos constituíssem suas realidades. Sendo o homem ação intencional, na sua liberdade de agir ele está desamparado, pois, “nenhuma moral geral pode indicar o que deve ser feito”; esse dito, que poderia passar por um individualismo desesperado mostra-se ao contrário, um otimismo humanista, onde o sujeito que sabe que é livre e consciente, também percebe que o outro sujeito também o é; o outro “é como uma liberdade diante de mim”, e toda condição implica nessa tomada de consciência do outro, desta forma, existe um valor universal nas escolhas individuais, no entanto, essa universalidade é construída subjetivamente, pois, os outros a podem compreender e se projetar através do engajamento político, permitindo querer à liberdade do outro ,enquanto buscamos a nossa e isso é o que constitui a “moral” existencial ou “o existencialismo humanista”.
   Sartre critica os comunistas ,por eles subsumirem os indivíduos em classes, alienando-os, aniquilando sua liberdade intrínseca a um partido ou ideologia, tendo em vista que o engajamento político não consiste em aderir a classes , partidos, etc., trantando o  homem como um meio, tornando-o um mero objeto. Para Sartre, o pensamento marxista era uma antropologia empírica que partia de elementos , biológicos, sociais, etc., para ele, o marxismo teria, para ser vivo, incorporar a Fenomenologia que descobre que os fatos primeiros não são os fatos sociais(Durkheim), mas os da consciência, ele não aceitava a teoria do homem como simples resultado das condições materiais, biológicas e sociais, ao contrário, o existencialismo é um humanismo na medida em que é uma filosofia da ação engajadora, não quietista, que leva em conta a subjetividade através das escolhas livres e conscientes, relacionadas com as escolhas e projetos dos outros seres humanos.

BIBLIOGRAFIA:
l) O Existencialismo é um Humanismo - Abril Cultural(Os pensadores-1985)
2) Dicionário de Filosofia- Ferrater Mora - Ed. Loyola.
3) Sartre – Gerd Bornheim - Ed. Perspectiva.
4) Hist. Da Filosofia - Nicola Abbagnano - Ed. Presença

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