TRANSLATE TO YOUR LANGUAGE, RIGHT NOW

OS CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA,SÉC XIX-Marx,Durkheim e Weber

KARL MARX (1818-1883)

Para Marx, toda história humana até os dias atuais se deu através da luta: “A história de toda sociedade até hoje é a história de luta de classes” (MARX; Manifesto, p.66). A luta de classes é o cerne do pensamento Marxiano, onde para ele, classe é uma realidade que está acima dos indivíduos através das relações de produção desenvolvidas historicamente, indo do abstrato ao concreto; ela é vista como um jogo dinâmico de definições e de classificações, nas quais remetem a um sistema de relações estruturado pela luta, como mostra seus textos sócios- políticos, entre os quais: As lutas de classe na França, O dezoito Brumário, etc.
A determinação das relações entre classes a partir dos meios de produção é vista por ele como um momento da história, posterior à dissolução da comunidade primitiva, que passou por vários estágios através da história. Sua abolição desembocaria automaticamente de volta para uma sociedade sem classes, havendo uma totalidade relacional que não pode ser reduzida a uma estrutura que suportaria todas as individualidades, nem tampouco a sua soma; sua coesão é, portanto, irredutível a uma unidade formal de uma simples coleção de indivíduos da sociedade. Desse modo, sob o ponto de vista sociológico acadêmico, seria impossível conceber no pensamento Marxiano uma “Sociologia”, a não ser uma Sociologia do conflito, da luta, ele é um anti-sociólogo por excelência. Embora os estudos sociológicos possam produzir informações práticas, sua soma não constitui um pensamento substancial, tendo em vista que informações sobre fatos, para Marx, não constituem um saber, haja vista que o pensamento não pode ser separado de uma ação política que ocorre, incessantemente, através da luta de classes. Podemos afirmar categoricamente que a visão de Marx tem da Sociologia é negativa, no sentido de que há ideologia no conceito de uma socialização pacífica entre os homens, ou seja, que a priori o homem seria um animal social, essa ideologia, pode representar mais uma máscara, atrasando e alienando a sociedade no caminho da emancipação que ocorrerá inexoravelmente, quando os homens tomarem “consciência de classe”, ou seja, consciência de que é uma “classe em si e para si”.

ÉMILE DURKHEIM (1858-1917)

Durkheim fundamentou a Sociologia como uma ciência autônoma, que tem como objeto específico de estudo os fatos sociais. Por fato social, ele compreendia como sendo fenômenos: políticos, sociais, culturais, etc. que exercem uma influência externa coercitiva sobre todos os indivíduos, sendo irredutível a vida biológica, tendo como fundamento a sociedade de uma determinada época. Para ele, essa sociedade possui uma realidade que está acima dos indivíduos.

“É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência própria, independente de suas manifestações individuais.” (DURKHEIM; Regras, p.13)

A partir do estatuto do fato social como objeto específico da Sociologia, ele os divide em duas grandes categorias “muito dessemelhantes sob certos aspectos” (Cf.R.p.49): Os fatos “normais” e os fatos “patológicos” tratam-se, desse modo, de uma tipologia social, onde ele classificou as formações sociais, das mais primitivas ou simples, cuja característica dos laços sociais era feitos através da solidariedade mecânica, até mais complexas, onde a solidariedade era orgânica, devido a uma maior divisão no trabalho.” Em suas
palavras:

“Chamaremos normais os fatos que apresentam as formas mais gerais e daremos aos outros o nome de mórbidos ou patológicos. Se concordarmos em chamar tipo médio o ser esquemático que constituiríamos ao reunir num mesmo todo, numa espécie de individualidade abstrata, os caracteres mais freqüentes na espécie com suas formas mais freqüentes, poderemos dizer que o tipo normal se confunde com o tipo médio e que todo desvio em relação a esse padrão da saúde é um fenômeno mórbido.” (Durkheim; Regras, p.58).

Para ele, a função primeira da sociologia, seria a taxonomia dos vários tipos de sociedade, essas sociedades seriam fundamentadas em seu grau de complexidade, desde as mais simples até as sociedades modernas muito mais complexas. A coesão social era da máxima importância na visão de Durkheim; nas sociedades industriais que desenvolveram uma complexa e dinâmica “divisão do trabalho” onde as ocupações são diferentes, havendo especializações múltiplas, ocorrendo, desse modo, uma interdependência entre os indivíduos que ele chamou de “solidariedade orgânica”, tendo em vista o fato dela se assemelhar a um organismo, com muitas partes diferentes, onde cada componente daria sua contribuição ao tecido social. Em sua visão, a sociedade formava uma estrutura em que as diferenças uniam e contribuíam para atender as necessidades sociais de seus indivíduos, havendo mais tolerância para as individualidades, pois, não existia mais uma cultura comum a todos os elementos, como nas antigas sociedades, onde a semelhança era um fator primordial para a solidariedade; dessa forma, havia, hodiernamente, o predomínio de uma justiça distributiva. Fazendo uma comparação entre os dois tipos de solidariedade, Durkheim nos mostrou que a cultura e a estrutura são peças fundamentais para manter a coesão social e criar um fundamento sólido para que haja uma sociedade não caótica.










.




MAX WEBER (1864-1920)




Para Weber, não há uma teoria geral da sociedade, ele é um historicista, sua preocupação básica é estudar as diversas situações sociais, onde para ele a Sociologia tem como objeto de sua investigação a ação social, sendo compreendida por ele, conforme a citação abaixo:

“A “ação social”, portanto, é uma ação na qual o sentido sugerido pelo sujeito ou sujeitos refere-se ao comportamento de outros e se orienta nela no que diz respeito ao seu desenvolvimento “(WEBER; Metodologia, P.400)

Para ele, a ação social não tem um caráter objetivo, ele salienta a subjetividade do conceito de “ação social”, tendo em vista o significado a ela que é atribuído pelos diversos indivíduos, como também, a relevância dos outros na orientação de seus sentidos interpretativos. A Sociologia tem um papel científico, todavia, subjetivo e interpretativo sendo considerada conforme a citação abaixo:

“Deve entender por sociologia (no sentido aceito desta palavra que é aqui empregado das mais diversas maneiras possíveis) uma ciência que pretende entender pela interpretação a ação social para desta maneira explicá-la causalmente no seu desenvolvimento e nos seus efeitos.” (WEBER; Metodologia, p.400)

Para a Sociologia, ele criou uma metodologia fundamentada na interpretação e compreensão, onde os “juízos de valor” teriam que ser deixados de lado, para não comprometer a pesquisa, criou a noção de “Tipo Ideal”, considerado como um conceito referencial, em comparação aos quais se possam analisar os diversos fenômenos sociais, implicando em uma interpretação das atividades sociais segundo seu significado subjetivo tanto para os agentes quanto para o pesquisador.
Podemos evidenciar sua contribuição, no sentido de verificar uma contradição do determinismo de Marx que atribuía a ascensão do capitalismo unicamente a forças históricas e econômicas, pois, para Weber, a ética prática do protestantismo, mais precisamente do Calvinismo, com seu ascetismo exacerbado, favoreceu o crescimento do capitalismo estrangulando o consumo, aumentando deveras o capital.

“E confrontando agora aquele estrangulamento do consumo com essa desobstrução da ambição de lucro, o resultado externo é evidente: acumulação de capital mediante coerção ascética à poupança” (WEBER; Ética, p.157)

A crescente racionalização e burocratização que teve início com a modernidade colocou o ser humano em um conflito axiológico que não tem o fundamento em nenhuma estrutura moral, conduzindo a um “desencantamento do mundo” onde o homem se vê preso numa “jaula de ferro”. Foi esse o diagnóstico, em poucas palavras, que Weber deu da modernidade.
Ao se interessar pelas diversas visões de mundo e de valores, dando ao “Tipo ideal” uma função explicativa, sendo, dessa forma, defensor de uma visão multifacetada do mundo na explicação dos fenômenos sociológicos e, portanto, não dogmática; Weber conseguiu nos proporcionar uma melhor apreciação do mundo sócio-econômico-cultural.