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SABEDORIA MULTIFACETADA,ABERTURA

Existe, indubitavelmente,a possibilidade de fazermos associações entre teorias de autores que são conflitantes,a possibilidade de associar conceitos,temas,etc., entre autores diversos tem o aval do  hermeneuta Nietzsche: "Desconfio de todos os sistemáticos e me afasto de seus caminhos. A vontade de sistema é uma falta de retidão."(Crepúsculo dos Ídolos, §26).As rígidas exigências acadêmico-metodológicas , podem ser usadas  apenas com sabedoria para evitar erros fundacionais,místicos,religiosos,etc.O pensamento deve construir uma sabedoria mutante,multi facetada, experimentalmente livre,onde o "sistema" deve estar aberto a novas possibilidades,sempre através de novos horizontes.

GRANDES IDEIAS E DOMÍNIO CULTURAL

Podemos afirmar que na maioria das vezes,as grandes ideias possuíam uma tendência megalo maníaca de dominar o mundo,tal como aconteceu: no marxismo, quando interpretavam o mundo como luta de classes,no freudismo com o seu pansexualismo,com os fascistas e nazistas que fizeram uma literal e péssima interpretação de Nietzsche com a ideia da "Vontade de potência", usando-a para dominar o mundo. Assim, podemos afirmar que essas ideias que visam o domínio e a aprovação já estão obsoletas há muito tempo, todavia,infelizmente, sempre surgem novos megalomaníacos candidatos ao imperialismo cultural.

ARTE LIVRE

A partir  do século XVIII, a estética se afasta de uma justificação epistêmica e moral , para ser concebida não mais como uma forma especial de apreensão da verdade e sim,como um livre jogo das capacidades criativas humanas.

NIETZSCHE :CULTURA E MORAL

Para Nietzsche, a cultura é formada através de um violento processo de espiritualização, inseparável de um processo de incorporação, sendo imposta, paulatinamente, aos homens através da moral. A moral é o ponto fulcral do pensamento de Nietzsche quando analisa a cultura.
Usando a abordagem genealógica vai ao cerne da questão de como se originou a cultura, pois pergunta pelo “valor dos valores”.
Na Genealogia da Moral, Nietzsche coloca o problema que provoca suas investigações, elaborando críticas sobre a construção dos juízos de valoração da moralidade, que formaram a cultura.


 (...) sob que condições o homem inventou para si os Juízos de valor “BOM” e “MAU”. E que valor tem eles? Obstruíram ou promoveram até agora o crescimento do homem? São indício de miséria, empobrecimento, degeneração da vida? Ou , ao contrário, revela-se neles a plenitude, a força, a vontade da vida, sua coragem, sua certeza, seu futuro? (NIETZSCHE, F.W; GM; p. 9).

Seu posicionamento é de que a moral deverá ser concebida como uma criação totalmente humana, desvinculando-se de qualquer transcendência. A moral tem uma história, que levou os homens a criar valores culturais imanentes, não considerando válida em termos absolutos, ou seja, válida “para todas as épocas e todos os povos”. Desse modo, usando o procedimento genealógico, ele questiona o “valor dos valores” pregados por essa moral, e as condições de validade desses valores sob o ponto de vista de quais tipos de homem esses valores favorecem: Os tipos, reles, escravos, fracos ou os tipos nobres, aristocráticos, fortes. Trata-se, portanto, de uma tipologia qualitativa, de acordo com Gilles Deleuze. Considerando a moral contingente, o genealogista Nietzsche, deixa claro que seu interesse na moral é a criação, através da cultura, de um tipo superior de homem, superando o tipo de homem até então existente.

"O homem é algo que deve ser superado... Todos os seres, até agora, criaram algo acima de si mesmos; e vós quereis ser a baixa-mar dessa grande maré cheia e retrogradar ao animal, em vez de superar o homem? "(NIETZSCHE; Z; p. 36).

Para Nietzsche, não existem virtudes desinteressadas, desse modo, a noção de interesse é um ponto muito importante, haja vista  que a moral vigente louvava as virtudes desinteressadas e, portanto, o altruísmo como valendo em si mesmo. Nietzsche, vê que o altruísmo é uma forma disfarçada de egoísmo e de incapacidade para descobrir e criar os próprios interesses (NIETZSCHE, CI, Incursões de um extemporâneo, 35). Ele procura mostrar em seus escritos, de que maneira a pretensa falta de interesse da moral cristã, que louva as ações desinteressadas como “boas em si mesmas”, faz com que os valores vigentes da cultura possam se manter e desse modo, aceitá-los dogmaticamente, não havendo uma reflexão crítica sobre eles, tornando-os, permanente estabelecidos, havendo, destarte, a formação de uma cultura e moral de animal de rebanho. Pela genealogia filológico-etimológica, Nietzsche quer determinar que “inicialmente”, bom era uma palavra ligada a todas as qualidades nobres e ruim ao que era desprezível, baixo, vulgar, mesquinho. O tipo nobre, aristocrata define a partir de si mesmo, o que é bom para o engrandecimento da cultura e a possibilidade de  torná-la elevada.

Através do ressentimento, como reação ao modo de valoração cultural dos nobres, a moral dos reles, plebeus, escravos, mudam o sentido desses valores, invertendo-os. Desse modo, a moralidade escrava define o que é mau, (excluindo o ruim como valor) como aquilo que o ameaça, e o bom como inofensivo, medíocre (...) segundo a moral dos escravos o mau inspira medo”(NIETZSCHE; BM, p. 174).

Na moral escrava ao invés de haver uma afirmação de si, há uma negação reativa ao que lhes são diferentes. “(...) sua ação é no fundo uma reação.” (NIETZSCHE; GM-I; p. 29). A inversão por reação que constitui a moral escrava conduz a criação de um “animal capaz de fazer promessas” (NIETZSCHE; GM-II; p. 47) pela qual,  haverá a possibilidade do surgimento ,no seio da cultura, a noção de responsabilidade, cuja capacidade de prometer supõe certa estabilidade na memória. No entanto, Nietzsche distingue basicamente dois tipos de memória: a memória doentia daqueles que não conseguem se livrar de uma lembrança, não a digerindo e outra memória ativa que funciona através da força de vontade e possui uma faculdade ativa de esquecimento, a qual é indispensável à saúde e a boa convivência sociocultural (Cf. GM, II, p. 47-48). O processo de criação da memória e por conseguinte, de um animal capaz de prometer, pode tanto conduzir a uma espécie de hipertrofia patológica da memória, configurando os tipos ressentidos, como também, criar tipos de homens superiores, culturalmente, aos do ressentimento.

Tal procedimento pode, por sua vez, engendrar tipos de homens que prometem porque tem consciência daquilo que podem efetivamente cumprir, sendo, portanto tipos autônomos e dessa maneira, supra morais. Sua moral, criação de valores e seus atos são criados a partir deles mesmos. (Cf. GM-II, p. 50-52).

Para Nietzsche, a cultura cria a memória antropologicamente, através de um processo violento através da dor “apenas o que não cessa de causar dor fica na memória” (GM-II, p. 50). Assim, essa memória armazenadora de lembranças que não podem ser suprimidas, não é apenas característica dos tipos ressentidos, ela também faz crescer, cada vez mais, o ressentimento, o sofrimento e por consequência, uma sociedade culturalmente doente.

A  espiritualização da crueldade é para Nietzsche uma das forças fundadoras da cultura “Quase tudo a que chamamos “cultura superior” é baseado na espiritualização e no aprofundamento da crueldade” (BM, cap. 7, p. 135). Segundo Nietzsche, o homem sócio culturalmente doente passou “(...) a se envergonhar de seus instintos”. (GM-II; p. 57) tornando mais suscetível a dor. Desse modo, a crueldade teve que passar por um processo de “sublimação e sutilização” (Cf. GM-II, p. 57), sendo “transposto para o plano imaginativo e psíquico” (Cf. GM-II, p. 57). A sublimação dos instintos é a organização pela qual o homem cria a cultura, todavia , o domínio sobre os instintos não pode ser confundido com seu total aniquilamento,muito ao contrário, a sublimação instintual humana está vinculada a um aumento de força, sendo considerado degenerado e fraco aqueles que combatem os instintos e não os domina . “Os instintos precisam ser combatidos - esta é a fórmula da décadence. Enquanto a vida está em ascensão, a felicidade é igual aos instintos” (CI, O problema de Sócrates, p. 26). Sendo os instintos, formas da Vontade de Poder, suas dominações são a afirmação de homens fortes e, portanto, de uma cultura superior, onde poderá ocorrer a “transvaloração de todos os valores”, através da superação da moral dominante, libertando os homens do niilismo passivo e do "ascetismo", onde a vida, o corpo, os desejos se afirmem de uma maneira,harmonica, positiva, engrandecendo a cultura.
A crítica de Nietzsche constata o predomínio das forças reativas, do ressentimento, no seio de nossa cultura. “Os nossos senhores são escravos que triunfam num devir escravo universal” (DELEUZE, G; Nietzsche; Lisboa, Ed. 70, s/d, p. 24) tendo em vista que ao ser proclamado culturalmente a invenção de um além-mundo, a moral reativa dos escravos foi, até agora, vitoriosa. Chegamos a conclusão que o predomínio das valorações morais altruístas, igualitárias e universalizastes é um sinal que o tipo homem regride, cada vez mais, em direção ao seu rebaixamento, ao nivelamento por baixo da sociedade e portanto da cultura, levando a mediocrização, “estupidificação”, imbecilização e banalização do tipo homem, criando uma cultura de “ animais de rebanho”.


REFERÊNCIAS:
Genealogia da Moral, Além do bem e do mal, Zaratustra e Crepúsculo dos ídolos de: Nietzsche.(Ed. Cia das letras e Guimarães)
Nietzsche e a filosofia   de: Gilles Deleuze. Ed. Rés)














NIETZSCHE E A GENEALOGIA DA MORAL

O genealogista Nietzsche, através de seus estudos e pesquisas notou uma diferença valorativa entre o mundo antigo e o moderno, constatando que houve uma degeneração dos valores antigos e por conseguinte, do ser humano em geral.Havia no mundo antigo outros valores que o mantinha próximo a um ideal de vida mais autêntico, considerando a imanência de seus valores.Todavia, o mundo cultural em geral,tanto o antigo quanto o moderno,são modos como o ser humano se adapta as rígidas leis da natureza, em tentativas constantes para criar um mundo de  mais conforto e previsibilidade. A rigor, houve um exagero da parte de Nietzsche em negar que houve uma "evolução", porque o moderno se originou do antigo, considerando a condição humana como uma condição de meio,quer dizer, de uma condição de mudança constante, no sentido em que está sempre em processo de mudança em um estágio sempre provisório; não considerar esse modo , equivale a não conseguir efetivamente sair do paradigma de bem e mal  e não fazer a ultrapassagem para o paradigma que está "além do bem e do mal".

O ERRO:O BEM E O MAL, COMO ETERNOS.

Ao fazer o exame genealógico , Nietzsche constatou que ,originariamente, bem e mal eram apenas modos de ressaltar que certas ações beneficiavam a sociedade e que outras eram consideradas ruins, por esse  motivo. Uma vez esquecida essa base de se fazer um julgamento ético,todos começariam a pensar que o bem e o mal eram absolutos e eternos, conduzindo, desse modo, a um erro nas apreciações morais.

A TRANSCENDÊNCIA DA EXISTÊNCIA

Para os existencialistas, a existência é tudo e nada pode ser concebido fora de seu âmbito, portando, o Ser,  que é abertura ,se desenvolve através do tempo , estando  as coisas do mundo em constantes mudanças em sua finitude.O sentido e o valor de nossas vidas não existe a priori , devendo ser  executado por todos, havendo uma abertura para novas possibilidades, levando em consideração a tomada de consciência de nossas limitações diante de nossa finitude.Diante da impossibilidade de  não podermos separar o conhecimento da experiência existencial, porque são coisas que estão intrínsecamente ligadas,faz-se mister a necessidade de viver de maneira autêntica,quer dizer, recusar e questionar a  aceitar as coisas como "verdades eternas",fazendo de nós, seres conscientes e  responsáveis, que sempre estejam envolvidos nas tomadas de decisão de nossas vidas e do mundo que nos cerca.

O ENSINO E A PRÁTICA ENXADRÍSTICA

As aulas de xadrez são de grande importância na formação pedagógica, pois um de seus principais objetivos educacionais é promover o equilíbrio entre a razão e as emoções visando uma elevação humana. De acordo com a revista espanhola Jaque, na virada do século, por volta de 1925, extensas pesquisas dos psicólogos soviéticos Rudik, Dyakov e Petrovsky concluíram que o xadrez disciplina a inteligência. Desde então, muitos assumiram a responsabilidade de divulgar suas práticas e estudos. Os principais objetivos do jogo de xadrez são: 1) garantir o equilíbrio entre razão e  emoção, levando ao aperfeiçoamento ético e moral humano 2) promover o desenvolvimento da criatividade e de várias habilidades intelectuais 3) desenvolver hábitos de perseverança e vontade.4) desenvolver mecanismos de atenção e concentração 5) treinar diferentes tipos de memória 6) aprender a justificar opções alternativas em sequências lógicas 7) desencadear e controlar os processos de imaginação e fantasia na criatividade 8) proporcionar uma melhor gestão do tempo. Na década de 1970, na Argentina, primeiro país sul-americano a se destacar no ensino de xadrez nas escolas, foram realizadas pesquisas científicas por meio de experiência comprovada, onde aprender a jogar xadrez trouxe grande elevação e integração social em relação a outras escolas, nas quais havia não foram encontrados trabalhos relacionados ao estudo e prática do xadrez. Já aqui no Brasil, em muitas cidades, diferentes escolas têm se engajado com sucesso nessa atividade, e tem havido avanços qualitativamente efetivos no aperfeiçoamento intelectual dos alunos, constatando os estudos dos psicólogos acima citados, confirmando que o "jogo-arte-ciência ", torna as pessoas mais eficazes em muitos aspectos educacionais e sociais do que aqueles que não o praticam. O que fica em falta é a extrema escassez de verbas para implementar tal atividade essencial na formação, tanto cultural como social.

HEGEL E O ESPÍRITO ABSOLUTO

Para Hegel, o Espírito Absoluto é uma questão lógica, onde o real não tem existência concreta ,ele é concebido como sendo um ser lógico que se desenvolve através da História que é dialética. O objeto da lógica é o Absoluto,quer dizer, a totalidade da realidade que a tradição filosófica chamava de Ser. Inicialmente, podemos afirmar  que o Absoluto é puro Ser. Todavia, esse puro Ser sem quaisquer atributos é Nada, onde podemos concluir através da negação que o "Absoluto é Nada" (Abstração). A afirmação e negação são conservadas e superadas , havendo uma nova afirmação: A junção do Ser com o Não-Ser é o Devir, onde podemos concluir que o "Absoluto é Devir"(Concretude). O Devir ou Absoluto passa por três estágios: Ideia (conceito), Natureza e Espírito que são abordados respectivamente pela lógica,pela filosofia da natureza e pela filosofia do espírito.
Hegel, em seus diversos textos, refere-se ao Absoluto usando a definição aristotélica de Deus, quando descreve o Absoluto como sendo o "pensamento que pensa a si mesmo". Todavia, a autoconsciência do Absoluto acontece apenas na Modernidade e não no "princípio" da história do pensamento filosófico.

O MAL, SEGUNDO PAUL RICOEUR

Podemos considerar o  mal no nível das ações como sendo violência . Para Paul Ricoeur , o mal deve ser diminuído e até mesmo superado no plano do sentimento através da resignação, devido a nossa  fatal  condição humana, através da ética e da política .Todavia , o mal metafísico é "inexplicável" e "inevitável ", sendo consequência do acaso e do aspecto trágico existencial.

PARADOXO SOCIAL

Quanto mais enfraquecida se torna uma sociedade, tanto maior será o número de leis. Quanto mais coesa e forte, menor será o número de leis para regê-la.

NIETZSCHE E A GRANDE SAÚDE

Na terceira parte do Zaratustra, no capítulo chamado: O convalescente, Nietzsche aborda sua recuperação, traçando o percurso para a "grande saúde", já descrita na Gaia Ciência, aforismo 382. O estado de convalescência é , justamente, a abertura para os múltiplos caminhos, para a "grande saúde". A aceitação do trágico em nossas vidas é o movimento que conduz ao "eterno retorno", na medida em que pensamos a vida como "vontade de poder(Potência) de maneira abissal, nos fazendo despertar e aprender com a força interligada da “vida, da dor e do círculo”, capaz de gerar saúde de modo transformador, criativo, tomando uma atitude positiva perante a vida.

DELIBERAÇÃO E JUSTIÇA

Saber bem deliberar implica fazer uma profunda reflexão e tentar prever as possíveis conse- quências  das coisas e assim, agir com equidade.
Nosso mundo hodierno , global e robotizado, transforma a grande maioria dos Homens em autômatos, agindo impulsivamente ,trazendo grandes prejuízos a nossa sociedade.

ENSINAR E APRENDER

Em seu livro: "Sobre a questão do pensamento", Martin Heidegger traz à tona uma questão essencial para a Educação que já foi vislumbrada por Nietzsche em seu escrito: "Sobre o futuro de nossos estabelecimentos de ensino" , eis a questão: " Se hoje - quando tudo se mede de acordo com os níveis mais baixos, como por exemplo o lucro - ninguém mais deseja tornar-se mestre".Nosso mundo global tecnizado, valoriza como prioridade um saber especializado que gere lucro,aviltando uma formação que tenha como prioridade "ensinar a pensar"e assim, atingir o objetivo educacional de "fazer aprender", para com isso, lidar com as necessidades mais urgentes do nosso tempo.A formação cultural através da Educação onde a Política deverá servi-la e ser a base para poder haver uma renovação. Politica ancilla Cultura, quer dizer, a Política deverá ser serva da Cultura. E não como ocorre há bastante tempo onde ela depende da Política.

ATUALIDADE DO ILUMINISMO – AUTONOMIA

A atualidade que podemos conceber ao Iluminismo, se relaciona com a autonomia e sem ela não se pode filosofar  , estando desse modo, intrinsecamente ligada ao nosso tempo porque buscamos sempre o SAPERE AUDE, “pensar por si mesmo”,"ousar saber". A autonomia de pensamento revolucionou tanto a vida do indivíduo, quanto das sociedades. O combate pela liberdade de pensamento continua atual, isto é, aceitar que o homem seja fonte de sua lei é considerada uma proposta imortal. Exigir autonomia implica em uma transformação constante das sociedades políticas em um busca para que haja uma "humanidade universal". Enfim, se desejarmos encontrar um apoio no pensamento Iluminista para enfrentar nossas atuais dificuldades temos que atingir a autonomia no pensar e no agir, em um movimento que nunca para.






METODOLOGIAS

A metodologia usada por todos os filósofos esteve ligada intrinsecamente aos seus escritos, não podendo ser pensada à parte.Todos os filósofos ao elaborarem seus escritos,já estavam utilizando uma metodologia própria ao seu modo de pensar. Podemos concluir que é próprio da filosofia um método que é inerente ao exercício do próprio filosofar, quando esse faz análises, raciocínios, argumentações, construções de conceitos e críticas.Podemos citar como exemplo, Platão e método dialético de ascenção do sensível ao inteligível, Leibniz e seu método das provas,Kant com o método prático-crítico ,Nietzsche com a genealogia,etc.




NIETZSCHE E A MORAL

     É um equívoco pensar que Nietzsche desprezava a moral, ele sim, desprezava a moral heterônoma, aquela que impõe mandamentos aos indivíduos a partir de fora,a partir de um não-eu, de um outro.Sua proposta era contrapor a essa moral, uma nova moral autônoma, quer dizer, uma moral advinda diretamente da vontade do próprio indivíduo, de acordo com o autodomínio e autocompreensão de si mesmo e de sua natureza, superando sempre a si mesmo.

PLATÃO E EROS

Para Platão o amor erótico não pode  ser apenas desejo, mas tem de ser desejo com a finalidade do Bem.Para  ele, Eros é o mais velho  dos deuses , o mais homenageado e o mais poderoso para conceder virtude e bem-aventurança aos  Homens.

O PRAZER DA FILOSOFIA

A Filosofia, já há muito tempo, ficou "séria" e "especializada", com muitas exigências técnicas,hierarquias acadêmicas,transformando-se em um conjunto de habilidades conceituais.As questões referentes ao mundo cotidiano e como viver no mundo efetivo são desdenhadas como meras questões empíricas.O antigo ideal da Filosofia totalmente abrangente, foi transformado em filosofia "pura".O prazer da Filosofia está também, em pensar e debater sobre temas como amor, paixão,justiça,tragédia,morte,identidade, utilizando o desenvolvimento cooperativo de ideias, explorando novos horizontes,fazendo críticas salutares para moldar ideias , expandir nossa visão de mundo .A Filosofia é uma necessidade genuína,  seus problemas são reais , surgem no dia-a-dia, e devem ser avaliados e valorados , não podendo haver uma separação entre teoria e prática.

A PRESUNÇÃO DOS FUTUROLOGISTAS

Os futurologistas sempre se equivocaram ao tentarem prever como seria a estruturação do mundo no futuro.O ser humano é sempre abertura para novas possibilidades ,além de  estar o tempo todo em formação.
Apesar de todas as grandes conquistas tecnológicas nos levarem sempre para mais longe, isso não implica que acharemos uma solução definitiva para todos os  nossos conflitos sócio- políticos.

DEUS NÃO ESTÁ MORTO , O DEUS MORAL , SIM!

Nietzsche, através de  Zaratustra, proclamou que "Deus está morto",todavia , isso apenas refletia suas extremas preocupações com a farsa do cristianismo, que ao invés de exaltar a vida, a denegriu com guerras, perseguições ,etc.A   visão materialista de mundo proclamada pela ciência que aumentava, progressivamente, no século XIX,pouco lhe influenciou ,ele percebeu  que o Deus cristão,dualista e popular,estava realmente morto, no entanto, o mesmo Nietzsche  escreveu " A refutação de Deus:- para falar a verdade,apenas o Deus Moral foi refutado".(Zaratustra,p.121.,Trad. Mário F. Santos, Ed.Vozes).

CIÊNCIA MUTANTE

O trabalho das comunidades científicas é impulsionada pelas exigências dos paradigmas vigentes, até surgir outros paradigmas melhores, a revolução científica é justamente isso para Kuhn.

ENXADRISMO E EDUCAÇÃO

No início do século passado , por volta de 1925 , vários psicólogos colocaram em voga os fundamentos pedagógicos do enxadrismo, chegando a conclusão de que ele disciplina a inteligência. Hodiernamente, com um maior conhecimento da psicologia, aliada a uma grande experiência didático-enxadrística , podemos afirmar com mais precisão  os objetivos do enxadrismo para a educação, ressaltando que o xadrez permite desenvolver a criatividade, adquirindo hábitos de persistência ,domínio da vontade, melhorando a atenção e a concentração; exercitando vários tipos de memória ,controlando a imaginação , aprendendo a pensar usando a imaginação criativa, etc.

A INGENUIDADE DE UM CONTRATO SOCIAL

Na segunda dissertação da Genealogia da Moral, Nietzsche rejeita a ideia de um contrato que originou o Estado, para ele o "Estado" foi fundado na força de uma organização guerreira e na violência, vejamos o texto:
" Uma raça de conquistadores e senhores,que, organizada guerreiramente e com força para organizar, sem hesitação lança suas garras terríveis sobre uma população talvez imensamente superior em número, mas ainda informe e nômade. Desse modo começa a existir o "Estado" na terra: penso haver-se acabado aquele sentimentalismo que o fazia começar com um "contrato".(GM,II-17).
Para o genealogista Nietzsche,as forças sociais têm primazia,onde surgiu uma forma de poder mais "natural" , do que a convenção ingênua de um contrato social.Ele usa a ideia de um "contrato" como resposta pela força das normas sociais no contexto  de concepções de justiça nas relações  entre credor e devedor. A concepção contratualista clássica tem uma relação intrínseca com as formas políticas de governo modernas,diferenciando totalmente da concepção de Nietzsche.

A ILUSÃO DO CONTROLE DA NATUREZA

   Para a Ciência Moderna, o objetivo principal era conhecer as Leis da Natureza para poder dominá-la,utilizando-se da Tecnologia.Isso mostrou-se uma ilusão a mais , que causou um dano irreparável a ela.Nietzsche, já havia denunciado a estupidez humana de se achar superior à Natureza: "Seriam necessários seres mais espirituais que o homem para fruir inteiramente o humor que reside no fato de que o homem se vê como o fim de todo o universo" (O Viajante e sua sombra, 14).Agora, percebemos a Natureza "fazer a sua história", através de múltiplas catástrofes , sobrepujando toda arrogância humana.

VIDA COMO OBRA DE ARTE

Através da estética, o homem pode dar uma forma bela e boa a sua vida, unindo teoria e prática, fazendo a reunificação do belo, do bom e do bem, e assim, reencontrar o ideal Grego da verdadeira educação visando a formação geral do homem. Fazendo bem para estar bem.

NOSSA GRANDEZA

 Todos nós temos uma grandeza. Cabe a nós descobrirmos para desfrutarmos  a vida levemente. Um sinal que estamos no caminho correto, consiste em observar nosso estado de ânimo, estando de acordo conosco, atingindo um estado de harmonia interior . Para isso, o mais importante é não fazermos comparações. "Nada há igual a nada."

OS ESFORÇOS SÃO MAIS IMPORTANTES OS RESULTADOS

Ainda que não tenhamos obtido êxito, ainda que não tenhamos alcançado nenhum resultado, não importa: pelo menos nos esforçamos e os esforços trazem recompensas, onde nossa vida adquire outra tonalidade, nos fazendo atentar para outras nuances, vendo a beleza de ter havido esforço ,não mais se preocupando em
estabelecer prazos. A física contemporânea nos mostrou que tempo, espaço e observador são relativos. Por que então haveremos de ficar presos a alguma concepção de sucesso?

CAUSA E EFEITO - contrasenso

 Na realidade vamos verificar que  não existe causa e efeito, de uma maneira sucessiva,separadamente. O mundo como um "jogo de forças" revela fenômenos múltiplos e causas que estão em conjunção constante com  os efeitos, entre si.

IDENTIDADE VIVA

Somos uma parte do mundo que tem uma identidade, independente das contingências e incertezas do Mundo da Vida.

FÍSICA E SOCIEDADE

      Uma das lições mais importantes da física hodierna é que regularmente não são as propriedades das coisas que mais importam, mas sua organização,seu padrão e sua forma.Isso é verdadeiro tanto em nível atômico e molecular como também em níveis bem acima destes.Embora quase nunca observemos,muito do que vemos no  mundo deve-se a padrão e organização.Se pensarmos nas pessoas como se fossem os"átomos" ou blocos de construção básicos do mundo social, como "átomos sociais",então poderíamos esperar que padrões  e formas organizadas surjam em larga escala ao nível de grupos que têm pouca relação com o caráter das próprias pessoas.

GARANTIA DE ASCENSÃO

 Uma força de Vontade unida a integridade, traz vantagens adicionais em todos os nossos projetos, premiando nossa força!O Triunfo será atingido na perseverança e tranquilidade do nosso caminhar com sabedoria.Sigamos em frente,Alpa!, Alpa!

ANTIGA GRÉCIA E RENASCENÇA - Semelhanças

    A Itália, que foi o centro do movimento renascentista,tinha um mistura de cidades-estado, semelhantes as da Grécia ática.Algumas delas, como a intelectualmente rica Florença, eram ricos centros comerciais, onde houve uma grande expansão na pintura,escultura e arquitetura.Tanto na Grécia antiga quanto na Itália renascentista ,o movimento  comercial favoreceu as atividades culturais, devido ao grande fluxo de ideias
viajando de cidade a cidade e de país a país.

NIETZSCHE E A RACIONALIDADE

Qualquer hipótese de uma autonomia da Razão, é para Nietzsche, uma ilusão. A concepção tradicional,usada pela racionalidade,através do  conceito de consciência , do cogito ou do eu-penso é uma manifestação superficial e algo de secundário.Nietzsche segue o fio condutor de Leibniz, afirmando:" a consciência é tão-só um accidens(acidente) da representação, não o seu atributo necessário e essencial; que ,portanto,isso que denominamos consciência constitui apenas um estado de nosso mundo espiritual e psíquico e de modo algum ele próprio"(Gaia Ciência-357). As nossas representações,feitas através do pensamento consciente,são manifestações de uma raiz mais profunda de forças denominada por ele de "Vontade de Potência", ficando impossível de delimitar as fronteiras da consciência, não sendo,portanto, atributos do ser que pensa, são atributos das forças que agem à  revelia do nosso querer consciente,atuando através de suas "razões" inconscientes de maneira necessária.

O EXISTENCIALISMO É UM HUMANISMO


Jean Paul Sartre, escreveu esse ensaio, com a finalidade de responder as várias críticas, efetuadas sobre maneira, por marxistas e religiosos que compreenderam mal seu pensamento, acusando-o de, pelo fato de o existencialismo conceber a existência como algo a priori, estar em falta com a solidariedade humana, por prevalecer uma compreensão de um individualismo exagerado e um pessimismo desesperado, através de clichês tais como “o homem é uma paixão inútil” e “a angústia é a essência do homem”,etc.
  Ele se defendeu dessas acusações afirmando que apenas o existencialismo possibilitava ao homem uma vida autêntica, onde reconhece verdadeiramente o valor da individualidade. A bem da verdade, seus opositores tinham medo da doutrina existencialista tendo em vista que ela dá possibilidade de escolha autônoma ao homem, o que não ocorre com as filosofias idealistas, nas quais, é a essência que precede a existência, limitando, destarte, o agir humano a uma instância transcendente e ilusória. Desta forma, ele explicitou mais claramente seu pensamento de todos esses impasses, para mostrar que na realidade o existencialismo tem um aspecto verdadeiramente otimista, no sentido de que o homem não mais se ampara em ilusões transcendentes e sim nas suas escolhas para determinar sua vida e dar a ela um projeto autenticamente antropológico.Ao fazer uma análise da filosofia Iluminista, ele percebe que apesar da tentativa de eliminar a transcendência, eles ainda conservavam a teoria essencialista, embora disfarçadamente. No século XIX, com Kierkegaard, começa a se desenvolver uma reviravolta e uma crítica mais contundente,principalmente, a herança idealista Kantiana e Hegeliana, enaltecendo a individualidade e subjetividade autêntica como ponto de partida filosófico, pois, a ideia de absoluto ainda sobrepujava muitos pensadores. Todavia, esse gérmen do existencialismo era menos coerente, pois ainda se afirmava na fé. No século XX,  a abordagem agnóstica de Heidegger, pela qual Sartre foi influenciado, era mais coerente e autêntica, de forma que ao recusar a transcendência,  fica o reconhecimento da condição humana como sendo ,a priori, transcendente, fundamentando o princípio do existencialismo, que afirma que o homem é antes de tudo um sujeito de ação que só existe através de suas escolhas construindo o que ele quer ser, sendo desta forma mais digno por ter consciência de sua própria existência. Não se pode assertar para os existencialistas que existe uma natureza humana, pois, essa noção pré-definiria o homem antes de existir. O homem é totalmente responsável por todos os seus atos, (Sartre nega o Inconsciente) através de suas escolhas, todavia, a responsabilidade não é totalmente individual, pois a escolha é feita também para outros, tendo em vista a intersubjetividade do ser-para-si em relação ao ser-para-outro. Desta forma, escolhendo o que consideramos melhor, se interrelacionamos melhor com os outros, pois, todo ato individual “engaja toda a humanidade” e isto é concebido pela nossa consciência diante da responsabilidade das escolhas que valem para toda a humanidade gerando angústia e, portanto liberdade que é concebida como condição das ações humanas pelo fato da contingência absoluta das possibilidades múltiplas, “a contingência ou absurdo não é um falso semblante, uma aparência que se possa dissipar”. A má-fé constitui uma mentira dita pelos indivíduos a si mesmos, pela qual se opta como forma de fugir à liberdade, representando papéis como se os mesmos constituíssem suas realidades. Sendo o homem ação intencional, na sua liberdade de agir ele está desamparado, pois, “nenhuma moral geral pode indicar o que deve ser feito”; esse dito, que poderia passar por um individualismo desesperado mostra-se ao contrário, um otimismo humanista, onde o sujeito que sabe que é livre e consciente, também percebe que o outro sujeito também o é; o outro “é como uma liberdade diante de mim”, e toda condição implica nessa tomada de consciência do outro, desta forma, existe um valor universal nas escolhas individuais, no entanto, essa universalidade é construída subjetivamente, pois, os outros a podem compreender e se projetar através do engajamento político, permitindo querer à liberdade do outro ,enquanto buscamos a nossa e isso é o que constitui a “moral” existencial ou “o existencialismo humanista”.
   Sartre critica os comunistas ,por eles subsumirem os indivíduos em classes, alienando-os, aniquilando sua liberdade intrínseca a um partido ou ideologia, tendo em vista que o engajamento político não consiste em aderir a classes , partidos, etc., trantando o  homem como um meio, tornando-o um mero objeto. Para Sartre, o pensamento marxista era uma antropologia empírica que partia de elementos , biológicos, sociais, etc., para ele, o marxismo teria, para ser vivo, incorporar a Fenomenologia que descobre que os fatos primeiros não são os fatos sociais(Durkheim), mas os da consciência, ele não aceitava a teoria do homem como simples resultado das condições materiais, biológicas e sociais, ao contrário, o existencialismo é um humanismo na medida em que é uma filosofia da ação engajadora, não quietista, que leva em conta a subjetividade através das escolhas livres e conscientes, relacionadas com as escolhas e projetos dos outros seres humanos.

BIBLIOGRAFIA:
l) O Existencialismo é um Humanismo - Abril Cultural(Os pensadores-1985)
2) Dicionário de Filosofia- Ferrater Mora - Ed. Loyola.
3) Sartre – Gerd Bornheim - Ed. Perspectiva.
4) Hist. Da Filosofia - Nicola Abbagnano - Ed. Presença

THOMAS KUHN E A NOÇÃO DE PARADIGMA

O paradigma Kuhniano, é uma teoria ou sistema dominante durante algum tempo numa área científica determinada como, por exemplo, nos sistemas ptolemaico e copernicano, nas mecânicas newtonianas e einstenianas, etc.; incluindo  regras metodológicas , elementos axiológicos e metafísicos.Os aspectos ou ingredientes principais do paradigma Kuhniano são : 1)Lógico Formal: generalizações simbólicas, nas quais funcionam em parte como leis em parte, como definições de alguns símbolos que elas empregam.2) Metafísico: modelos os quais fornecem a uma comunidade científica as analogias ou metáforas 3) Axiológico: valores, tais como: coerência interna e externa, simplicidade e plausibilidade das teorias. 4)Técnico: exemplares ou soluções concretas de problemas que os pesquisadores encontram desde o início de sua pesquisa nos laboratórios e exames. 5)Sociológico: todos os aspectos anteriores são partilhados por uma comunidade científica. A aplicação estável de um paradigma constitui a “ciência normal”; a descoberta de “anomalias”,quer dizer, fenômenos que o paradigma tradicional não consegue explicar, inicia uma nova revolução científica, isto é, a busca de um novo paradigma. Quando esse é adotado por uma comunidade, temos o progresso científico.Toda revolução científica é precedida por períodos de crise diante dos questionamentos,dificuldades(anomalias) pelo qual o paradigma vigente em uma comunidade científica não pode mais mante-se.Podemos afirmar que o principal problema apontado por Thomas Kuhn é a sua postura crítica, que nega a existência de verdades objetivas e absolutas,não sendo possível postular uma verdade permanentemente.

O PROBLEMA DO FUNDAMENTO EM HEIDEGGER

  A tematização acerca do problema do fundamento surge, em Heidegger, de uma nova maneira, tendo em vista que ele se confunde e se problematiza com o da transcendência “ (...)então também o problema do fundamento só pode residir onde à essência da verdade obtém a sua possibilidade interna, na essência da transcendência. A questão da essência do fundamento torna-se o problema da transcendência” (HEIDEGGER Martin, A essência do fundamento, Ed. 70, Pg. 29). Desta forma, toda a tradição filosófica pós-platónica abordou o fundamento ora como: Ideia, Causa Primeira, Deus, P. Razão Suficiente, Substância, etc. A ontologia para essa tradição é “o estudo do ser enquanto ser” que transcende a temporalidade, deste modo, ela  postulou princípios fundamentais que, esquecendo o Ser, houve uma abordagem focada para os entes em detrimento do estudo do sentido do Ser.Para Heidegger é fundamental e imprescindível fazer a distinção entre Ser e Ente, diferença essa que foi confundida pelo pensamento ocidental tradicional e sobretudo com a  sua tarefa ,também, importantíssima de dar ao Tempo uma nova concepção que a Metafísica havia feito, ou seja,  o tempo compreendido ora,como “Imagem móvel da eternidade” (Platão), ora como “Duração entre eventos” (Aristóteles), para a nova concepção sobre o  tempo, como presença, sendo inerente ao Homem.
Na asserção:“A questão da essência do fundamento torna-se o problema da transcendência” (HEIDEGGER Martin, A essência do fundamento, Ed.70, Pg. 29), já que há um entrelace originário entre verdade, fundamento e transcendência, sendo desta forma um problema “originariamente uno”; Leibniz já havia caracterizado o Princípio de Razão Suficiente no conteúdo intrínseco da Verdade, contudo, não percebeu que esse modo de pensar já é uma consequência do que foi tratado pelos filósofos da era trágica. Kant por sua vez, não explica o que é Transcendência, ele apenas fez uma distinção entre Transcendente (um conceito ou entidade que ultrapassa a nossa experiência) e Transcendental (aquilo que pertence à possibilidade, a priori, de nosso conhecimento experimental).
Para Heidegger, "Transcendência significa a ultrapassagem”(Id.,ibid.,p.33) e “Transcendente é o que realiza a ultrapassagem, persiste na ação de ultrapassar”(Id.,ibid.,p.33), ela é característica do Homem (Dasein), que pergunta pelo Ser e pelo seu sentido , não estando determinado historicamente como em Hegel, ao contrário, ele é abertura, sempre abertura para novas possibilidades. A Transcendência é entendida como ser-no-mundo, de forma que em confrontação com os Entes deve-se, primeiramente, se posicionar além deles percebendo que há uma diferença ontológica. O Ser sendo diferente dos Entes é Transcendente, por excelência, e através da pergunta pelo sentido do Ser, a ultrapassagem se faz presente enquanto investiga pelo sentido do Ser, pois, desta forma o Ser Transcende o Ente.
A ontologia tradicional abordou o Tempo como vinculado à ideia de “medição”, Heidegger por sua vez deu ao Tempo uma caracterização antropológica e ontológica, convertendo-o em Temporalidade, ou seja, o Tempo passa a representar o caráter antropológico do Ser-aí (Dasein) realizando ,desta forma ,uma vinculação intrínseca entre o Ser Humano e a Temporalidade. A Temporalidade é entendida por Heidegger, da mesma forma que os pensadores da era trágica  , onde não havia uma distinção entre espaço e tempo, eles os concebiam como abrindo um lugar, um recinto, um âmbito consistente para as suas atividades, o tempo era desta forma a instauração do Instante.
A distinção entre Ser e Ente é também fundamental para a compreensão do problema do fundamento, tendo em vista, que a tradição filosófica, segundo Heidegger ,confundiu Ser e Ente. Faz-se necessário fazer a distinção entre eles. O Ser é maneira como algo se torna manifesto, percebido, presente e desta forma ,se relaciona intrinsecamente como o Ser Humano, como Ser-aí; “A característica do Ser-aí consiste em ele se comportar perante o Ente compreendendo o Ser”. Os Entes são as coisas, presenciadas, percebidas, conhecidas pelo Ser do Ente e é caracterizado pela esfera do Ôntico. O Ôntico se refere a estrutura e a essência própria de um Ente, a aquilo que ele é em si mesmo, sua identidade, sua diferença em face de outros Entes. O Ser “é” o Ser do Ente, ou seja, o Ente só é no seu Ser, o ente é apenas compreendido pelo Ser.
Partindo da consideração do problema da Metafísica tradicional, o ser foi compreendido, desde Platão e Aristóteles como Transcendente, sendo que esse conceito de Ser não é o mais claro, muito pelo contrário é o conceito mais obscuro e abstruso. Ser (Sein) não é o mesmo que Ente (Seindes). Como o Ser não pode ser definido, pois é a mais vaga das abstrações, houve uma representação do Ser como Ente, ora como o Ente Supremo, ora como abstração dos próprios Entes, na sua forma lógica. Ser não é mais uma propriedade ou atributo de um ente supremo, mas se dá na compreensão de ser como modo de ser do Homem.
O Ontológico se refere a estudo filosófico dos Entes que inquirem na investigação dos conceitos, ou seja, sobre o Ser mesmo do mundo, que em geral  aborda os Entes tomados como objetos do conhecimento, pois, em Heidegger o plano Ontológico precede a abordagem Gnosiológica, que se mostra na questão originária que foi esquecida, a do sentido do Ser, conforme a citação: 
“Pelo contrário, os conceitos ontológicos originários devem obter-se antes de toda a definição científica dos conceitos fundamentais de maneira que, a partir deles, se possa primeiro avaliar de que modo restritivo e circunscrito em cada caso, e desde uma focagem determinada, os conceitos fundamentais das ciências atingem o ser, captável em termos puramente ontológicos” (Heidegger M. A essência do fundamento, Ed.70. Pg25).
Desta forma, o conceito ontológico é originário, devendo preceder a qualquer outro conceito.  A Metafísica tradicional, vai além dos Entes como um todo, interpretando-os alternadamente: ora como Ideia, ora como Causa Primeira, ora como Substância, ora como Deus, etc. gerando uma representação antropomórfica do conhecimento filosófico, onde a Transcendência foi concebida estando “Fora” em um “Além”.


BIBIOGRAFIA: A essência do Fundamento.Ed.70.Portugal.s/d)
                            Dicionário Heidegger -JZE-2002)
                            

OPOSIÇÃO ENTRE REALISMO E ANTI-REALISMO NA FILOSOFIA DAS CIÊNCIAS

   Para os Realistas, o pensamento é um modo de expressão de uma realidade que os sustenta e os enforma . Para os anti-relistas, todo o ser é posto pelo pensamento e toda a realidade se reduz a perceber ou a ser percebida. Os realistas, reconhecem a existência de realidades absolutas independentes do fato de serem ou não conhecidas, as teorias científicas são para os realistas objetos ideais.  Para os anti-realistas, as observações científicas são empiricamente verificáveis ,quer dizer,a teoria deve dar conta de todas as observações que sejam disponíveis, eles não concebem a existência de qualquer conceito absoluto por si mesmo.

HUME E A CAUSALIDADE

Para David Hume, o logos de causa não entra na noção de o que começa a ser. O princípio não goza, portanto, de evidência analítica. É um juízo sintético. Como a simples experiência não pode formular um juízo universal e necessário, ele deu uma interpretação psicológica, porque, é por hábito que unimos necessariamente dois fenômenos que se sucedem e chamamos ao primeiro de causa e ao segundo de efeito. Todavia, não há uma conexão causal necessária e sim uma conjunção constante entre os eventos. As proposições sobre relações causais são proposições sobre fatos e não do tipo de relação entre ideias como as da lógica e da matemática. A relação de causalidade é uma crença, baseada no hábito; crença, mas não ficção, pois, ambas se produzem pela imaginação, e, no entanto, as ideias em que acreditamos são mais vivas e fortes do que as da ficção. A crença é mais viva quando apoiada na experiência repetida de fatos semelhantes que, pelo hábito, produz a sensação de eles ocorram com regularidade, no entanto, não existe qualquer contradição em supor que o curso da natureza poderá mudar ,quer dizer, um evento semelhante a um já ocorrido poderá ser acompanhado de eventos diferentes ou contrários àqueles que, no passado,  o acompanharam.

NIETZSCHE E SPINOZA - Afinidades e divergências

Em uma carta de 1881 a Overbeck, Nietzsche relata com alegria sua afinidade com Spinoza, exaltando-o como sendo seu precursor. As principais críticas de Spinoza feitas a : Teleologia, ao conceito de liberdade da vontade, ao Estoicismo(Ordem moral do mundo), etc., são relatados por ele,  havendo até então,   uma divergência temporal, cultural e científica, haja vista o espírito de cada época .Há sutis afinidades e divergências entre os dois pensadores, onde a mais sutil  diferença entre eles, se refere a  concepção de substância de Spinoza que transcende o mundo, onde Nietzsche o chama de " tecedor de teias do espírito", fazendo uma aproximação irônica entre Spin (Aranha, em alemão) e Spinoza. Segundo Nietzsche, Spinoza apesar de seu imanentismo, ainda não havia se libertado ,totalmente, do antropomorfismo, restando ainda " uma sobra de Deus" em seu conceito de substância. O posicionamento de Nietzsche, pode ser concebido como  a de um spinozista radical , ao eliminar qualquer vestígio de transcendência.

GENEALOGIA - Contrasenso

A Genealogia, tal como é conceituada por Nietzsche, busca refundamentar o que foi uma vez fundamentado, mostrando que os valores não são fixos e eternos. Eles emergiram através de uma luta constante com outros valores existentes,revelando uma complexidade das crenças culturais, minando e explodindo, uma suposta estabilidade.Nietzsche, não defende uma volta ao passado, ele usa o método genealógico como estratégia para criticar o estabelicimento eterno dos valores morais e preparar para novas interpretações e empreitadas. Na Gaia Ciência ele exalta o porvir: " Nós, filhos do futuro,como poderíamos nos sentir em casa neste presente?... tampouco queremos voltar a algum passado".Devemos evitar o contrasenso de que a Genealogia, tal como é concebida por Nietzsche , implique em uma nostagiade uma volta e exaltação acrítica relativa a uma origem mais nobre.

COMO ESTABELECER A VERDADE ?

 A questão sobre a verdade é uma das mais proeminentes da Filosofia.Foram dadas, ao longo dos séculos, vários tipos de respostas, tais como: Verdade como adequação,verdade como correspodência aos fatos do mundo,verdade como coerência através de nossas experiências mais evidentes,etc.Todas essas respostas não foram totalmente "vitoriosas". Até mesmo, o ceticismo, que pergunta sobre se podemos realmente saber sobre o que quer que seja,levando a um relativismo extremo, não  pode ser relativo para quem está fazendo a pergunta e é incoerente , não conseguindo demolir totalmente a questão sobre a "verdade".Existe, uma verdade que é uma criação, relativa a um contexto, a um nível no qual a verdade não é relativa a nada; caso não adotemos nenhum critério, caíremos no relativismo e em  um círculo vicioso.

ANÁLISE MICROFÍSICA DO PODER

O filósofo francês Michel Foucault, elaborou uma  nova compreensão sobre o poder, tomando como base o pensamento de Nietzsche.Segundo ele, as relações de poder não podem apenas estar vinculadas ao domínio entre pessoas,o poder é visto de uma maneira microfísica,quer dizer, não está apenas ligado a prática de determinadas pessoas  que detêm o poder, o poder é um fenômeno anônimo e ubíquo ,sendo principalmente  analisado nas relações sociais de uma maneira dinâmica.

SPINOZA E O COMEÇO DO FILOSOFAR

Hegel, sabiamente , nos advertiu em suas Lições sobre a história  da filosofia : " Para se começar a filosofar, é preciso ser Spinozista".Essa asserção, indica que as coisas particulares , que são contingentes, devem estar necessariamente relacionadas através de uma interconexão com o todo, onde todas as coisas estão inseridas. Essa base absoluta ,obviamente, não é dada pelo sujeito humano e sim é feita a partir dele , servindo como orientação e libertação do espírito humano, através de seu uso e poder incondicional de uma operatividade imanente ao mundo, que é chamada por Spinoza de causalidade,sendo possível segundo ele,ser conhecido adequadamente dois dos infinitos atributos da substância ou Deus: Pensamento e Extensão.

CRÍTICA SUTIL AO MONARQUISMO ABSOLUTO

O médico e filósofo inglês John Locke, em seu Ensaio sobre o Entendimento Humano, ao investigar sobre a origem das ideias da nossa mente,chega a conclusão que elas não são inatas,tendo sua
formação, através da nossa experiência sensível que experimentamos com as coisas do mundo.Diante disso,a ideia da origem divina dos reis é abalada e invalida a monarquia absoluta,cujo fundamento é  não depender de nenhum consentimento político.Locke fundamentou o liberalismo político,onde o Estado não deve ter outra função, a não ser a de conceder garantia aos direitos  naturais do homem.Nosso liberalismo hodierno, com o "mínimo possível de Estado" deixou de conceder garantia aos cidadãos , onde a meta do Estado em promover,saúde , educação e segurança, não foi alcançada,sendo usada como uma  ideologia para as eleições de candidatos vis,reles ,deixando a sociedade civil em um estado de total anarquia.

A "DESCOBERTA" DO INCONSCIENTE


A  noção de inconsciente era conhecida antes de Freud por  Leibniz, já no século XVII ,quando afirmava que o percebido surge depois do que não está ainda percebido, como também, por uma seleta intelectualidade do séc. XIX. Todavia, muitos ainda acham que foi Freud  seu descobridor. Nietzsche, por exemplo, escreveu que não nos devemos deixar enganar pelas pretensões a uma  racionalidade objetiva, haja vista que "por baixo" da racionalidade humana encontra-se o irracional, quer dizer, uma enorme quantidade de emoções,desejos,paixões,etc. em total conflito. A nossa razão quer uma ordenação, todavia, essa ordem é , na maioria das vezes,  adesão a uma tradição. Sua proposta, consiste em submeter todos os valores criados pela tradição a uma genealogia para averiguar quais os valores  que afirmam uma vida ascendente, plena de impulsos criadores para a formação de uma Cultura elevada, quer dizer, uma Cultura que esteja em vigor valores não comuns,gerais,vulgares. Valores que reduzem ao um baixo denominador comum seriam eliminados, haja vista que a sociedade deveria fazer florescer e assim, prosperar a grandeza das individualidades criativas, onde a Política deveria ser dependente da Cultura, e não como ocorre,hodiernamente,onde a Cultura depende muito da Política!

SENTIDO HISTÓRICO

Na Segunda consideração intempestiva, Nietzsche faz uma crítica do "sentido histórico" como sinal de decadência cultural,cujo tema é a historicidade do Homem. Sua crítica da cultura aplica-se, primeiramente, a uma degenerescência do sentido histórico, a uma hipertrofia do passado enfraquecendo uma visão mais "viva" da Cultura.Diante da História, ele distingue três atitudes fundamentais:A atitude do erudito,a do crítico, e a atitude diante da História Monumental. A primeira, corresponde a um tipo humano conservador e venerador,quer dizer, a um tipo que vive inteiramente a tradição, recebendo dela suas tarefas, a vida torna-se,apenas, uma recordação e comemoração.A História Crítica,pelo contrário, corresponde a uma atitude fundamental,quer dizer, antes de tudo ela está "aberta" para o presente, fazendo através dele uma remissão ao passado histórico, conduzindo a História para uma avaliação do presente.Por fim, a História Monumental corresponde a uma atitude que se projeta para o futuro propondo tarefas grandiosas, revelando um interesse pelos grandes projetos ocorridos no passado.Para Nietzsche, apenas a decidida vontade de futuro mostra o que há de futuro em todo o passado através de um projeto de vida onde o saber histórico,apenas, deverá ser considerado se serve a  uma vida ascendente,quer dizer , a uma vida plena de impulsos criadores ,não separando o saber teórico do prático.A vinculação à vida  é uma condição necessária para não nos sufocarmos diante do Historicismo.Enfim, para Nietzsche, a história deverá servir,incondicionalmente, a uma vida que não separe o saber teórico do prático.

A PROPOSTA DE NIETZSCHE

É totalmente errado afirmar que Nietzsche é um nihilista e não nos legou nenhuma proposta.Ao contrário, usando o procedimento genealógico como método de diagnóstico dos valores que foram estabelecidos através dos tempos, ele nos convida de imediato, a introduzir o valor como categoria fundamental para fazermos nossas avaliações  morais,questionando sobre o "valor do valor" , ou seja, os valores devem ser investigados, haja vista que eles foram tidos,até então, como imutáveis e eternos.Com a Genealogia, ele evidencia que os valores têm uma origem e uma história e a Vida como valor fundamental.

NIETZSCHE X PLATÃO

Para Nietzsche, na esfera platônica do mundo sensível, considerado como falso, se encontra a "verdade", verdade como criação e interpretação dos fenômenos.

CONTRIBUIÇÃO À HISTÓRIA NATURAL DA MORAL

Logo no início desse texto , Nietzsche  critica a moral heterônoma, ou seja, a moral como "dada","dogmática","imposta", "não natural", por ela estar presa numa "crença na moral dominante" e afirma que em sua gênese a moral não havia sido concebida como problemática, haja vista que os "filósofos da moral" sempre estiveram " mal informados e  poucos curiosos a respeito de "povos,tempos e eras", faltando,desse modo," o problema da própria moral", "os quais emergem somente na comparação de várias morais".Nietzsche, percebe a impossibilidade de se fazer uma "ciência da moral" propondo   em contra posição uma Tipologia da Moral, que daria base para se operar a transvaloração de todos os valores.
Se partíssemos da ciência, iríamos constatar que a Moral, não passa de mais uma "imposição", pois até mesmo em Kant,estaremos vendo o homem preso ao "imperativo categórico", o que se revela não autônomo no sentido de que obedece a tal imperativo  em nome do "dever pelo dever".Em  oposição a "ciência da moral" , Nietzsche com o procedimento genealógico,encontra um novo modo de avaliar e valorar através da moral natural , onde a sensibilidade,ou seja, os apetites, as paixões seriam levadas em consideração e não rejeitadas porque fossem estranhas aos olhos da "Razão". A moral natural está intrinsicamente ligada a um "instinto de vida", a moral contra natural nasceu justamente pela "sujeição do espírito" que esteve ligado ao modo de valorar socrático-judaico-cristão, como também, por todas filosofias dogmáticas.