TRANSLATE TO YOUR LANGUAGE, RIGHT NOW

FILOSOFIA E CIÊNCIA

Da teoria clássica do conhecimento à filosofia da ciência contemporânea, a questão-chave é saber o que acontece, com as devidas justificativas epistemológicas., os objetos particulares que se oferecem para a observação, a fim de conceber uma universalidade na explicação, quer dizer, passar da contingência até a necessidade e universalidade, onde o debate tem como objetivo fundamentar e construir um novo modelo de racionalidade. A problemática relativa ao modo como teoria e prática devem se aliar para que a "genuína ciência" seja gerada, tem provocado inúmeros debates. O desencadeamento desse debate, tem como objetivo resolver o problema da racionalidade científica, quer dizer, o consenso referente ao conceito de racionalidade. As relações entre filosofia e ciência tem o ponto comum no fato incontestável de ambas terem como objetivo       principal aumentar os nossos conhecimentos. A afirmação  que a ciência busca o crescimento em torno de argumentos particulares, enquanto que a filosofia levanta questão sob as condições exigidas para se alcançar uma verdade universal, lidando com os problemas mais gerais, tem como problema que a distinção entre particular e geral não está clara e distinta, portanto, a pretensão de encontrar uma demarcação universalmente válida entre elas pode ser considerada uma ilusão, sendo mais sensato, limitarmo-nos a examinar as suas relações a partir de um ponto de vista de uma distinção formal, tendo em vista, que é problemática, também, a separação nítida entre ciência e metafísica. Hoje em dia, existem correntes de pensamento que, ao partir das investigações dos positivistas, dos neo-positivistas e dos pós-neo-positivistas, pensam que a ciência e a metafísica são inseparáveis, pelo que a pretensão de contrapô-las, uma à outra, ou também, de separá-las não pode deixar de ser uma utopia. O discurso científico se distingue dos outros tipos de discurso, porque é conduzido a uma constante exigência de rigor, sendo essencialmente crítico e dinâmico, haja vista que nunca pretende chegar a uma conclusão definitiva, absoluta, que não seja aprofundável posteriormente através dos instrumentos teóricos e práticos que a comunidade científica dispõe. Tal exigência é de máxima importância, porque ela caracteriza a própria noção de racionalidade, quando aborda os problemas, discutindo-os sem preconceito, evitando todo e qualquer recurso explícito ou implícito a uma certeza absoluta. Tanto o rigor nas ciências formais, quanto o das ciências humanas estão sujeitos a transformações, haja vista que nenhuma teoria pode se considerar rigorosa de forma abstrata e isolada, sem levar em consideração as exigências de rigor aceitas em uma determinada época, devido ao caráter histórico da ciência. Podemos afirmar que a história das ideias científicas, foi uma série de passagens para conjecturas, cada vez mais contrárias às regras metodológicas vigentes, onde a maior eficácia técnico-cognoscitiva foi conseguida, através de vários modos, onde é difícil ou até mesmo impossível, traçar rigidamente a separação entre ciência e metafísica, haja vista que as teses e as antíteses são internas a própria história da ciência, portanto, há uma tensão entre os limites do conhecimento científico e a metafísica, desse modo, no trabalho científico existe uma investigação sem um ponto final, sem um acabamento final interno. A luta e as mudanças dos paradigmas, a controvérsia cientifica, seriam justamente, as manifestações do conflito entre essas duas instâncias, entendidas como, formas técnicas e dinâmicas do procedimento da razão científica no seu percurso na história da prática científica, onde a transição de um sistema para outro, deverá subsistir uma tendência para paradigmas, teorias, programas de investigação etc. sempre mais gerais, capazes de absorver as teorias precedentes, conferindo-lhes um significado mais abrangente e clarificando as limitações das anomalias localizadas, causadas pela incomensurabilidade no próprio sistema interno, quer dizer, como não possuindo uma medida comum internamente, havendo a necessidade traduções e reinterpretações, quer dizer de uma nova "hermenêutica" para satisfazer diversos requisitos epistemológicos que forem necessários, visando uma reformulação dos problemas encontrados, para cumprir a exigência de rigor que lhe é própria, onde, através da experiência, não poderemos fundamentar nenhum princípio dos fenômenos estudados. A experiência indica apenas os caminhos a serem seguidos, pois nenhuma teoria científica se limita a aceitar passivamente os dados da experiência, muito ao contrário, ela os corrige, quando, por exemplo, ela nos fornece dados que antes eram ignorados, nos indicando uma determinada direção que devemos proceder com as nossas investigações para entrar em contato de modo mais correto com o fenômeno que está sendo examinado, colocando-o ao lado de outros, anteriormente experimentados, mostrando-o que ele existe sempre relacionado a certo contexto  histórico e cultural onde ocupa um lugar que é passível de precisão e integração, para depois, podermos enquadrá-lo numa teoria, seguindo as indicações por ele fornecidas. Esse é um dos modos de procedimento da ciência, por meio de uma dialética entre o registro dos dados observados e a consequente elaboração teórica, onde nunca haverá um ponto final em sua investigação. Podemos fazer uma análise crítica aos outros campos dos saber, tendo em vista que o dogmatismo que a filosofia da ciência combate, pode sem dúvida, incluir muitas áreas de conhecimento, entre as quais: a Religião, a Economia, a Política. No que diz respeito à Religião, podemos questionar se o cristianismo deve, realmente, ser considerado absolutamente superior às demais religiões, tal como foi proclamado através da cultura ocidental. No que diz respeito à Economia, podemos questionar suas próprias leis que são baseadas unicamente na experiência. Ora, a experiência não está em condições de fornecer quaisquer conclusões absolutamente válidas, de acordo com as considerações críticas dos epistemólogos pós-modernos. Na Política, podemos fazer um questionamento acerca do conceito de liberdade que é usado, retoricamente, como um princípio metafísico que lhe concebe um caráter absoluto. Rigorosamente questionando, a palavra "liberdade" não denota um conceito preciso, havendo a necessidade de distinguir vários tipos de liberdade, de acordo com os contextos, por exemplo: o cultural, o econômico, físico, histórico etc. O problema é que, ao fazer esse exame crítico, conduz a epistemologia moderna, justamente a uma tarefa nada fácil, que é a de estabelecer uma nítida distinção, entre a retórica e o especificamente: religioso, econômico e político, acima referidos e analisados.

OBRAS CONSULTADAS:

1)MORA, J.F. Dicionário de Filosofia. São Paulo:Ed. Loyola,2000.

2)ABBAGNANO, N. História da Filosofia em 12 volumes. Lisboa.Ed. Presença,2001.

3)LACROIX, A. A razão. Rio de Janeiro. Ed. Vozes, 2009.

4)MEDAWAR, P. Os limites da ciência. São Paulo.Ed. UNESP,2005.

5)HUISMAN, D. Compêndio Moderno de Filosofia. São Paulo.Ed. FreitasBastos,1978.

6)OMNÉS, R. Filosofia da Ciência Contemporânea. São Paulo.Ed.UNESP.1995.

Nenhum comentário: