De acordo com Nietzsche, a doença
é mais instrutiva do que a saúde, porque a doença nos permite apreender
afinidades profundas entre nossos estados biológicos e nossos juízos de valor.
O corpo sadio e o corpo doente podem ser vistos como a base de uma tábua de
valores que expressam uma vida ascendente ou uma vida decadente. Neste sentido,
ele se proclama como axiólogo, quer dizer, como um "médico da
civilização" que faz a crítica dos valores. Fazendo seu diagnóstico a
partir de um critério biológico( A vida), ele criou uma tipologia: o tipo decadente que
se identifica com aqueles que professam os valores judaico-cristãos, porque o
cristianismo, tomado como paradigma, foi uma ética da valorização do
utilitarismo e portanto, do nivelamento por baixo da sociedade, do tipo
medíocre ou do homem massa, que é cegamente otimista, acredita na felicidade e
no mesquinho bem estar e segurança, correspondendo ao homem do rebanho , da
mentalidade igualitária e exageradamente pacifista. O tipo aristocrático é o "solitário",
"aquele que sabe ser diferente da massa"(Cf. ABM§257), cujas virtudes procedem de
uma "força plástica" criadora que ele denominou: "Vontade de Potência",(Cf. Seg. Intempestiva). A
tipologia feita por Nietzsche remete para a distinção entre dois tipos básicos
de moral:a "moral dos senhores" e a "moral dos escravos" cuja coexistência sempre
deverá existir, porque a exclusão da diferença entre esses dois tipos implica no declínio, na decadência da vida. (Cf. ABM§257).
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