Tendo em vista a impossibilidade de separar o real em dois
planos ontologicamente distintos, ou seja, mundo sensível e mundo inteligível,
Nietzsche faz um esforço de reinscrever a experiência do sagrado propondo o “Eterno
Retorno de todas as coisas” como realização da “Morte de Deus”, onde o mundo apresenta-se ausente
de uma instância metaempírica, quer dizer, o mundo passa a vigorar inteiramente
na superfície dos fenômenos que são uma expressão da Vontade de Potência, sendo
compreendida como o “caráter inteligível do mundo” (Cf.ABM§36). A redenção
acontece na elevação da vontade de potência criadora e do tempo como “Eterno
Retorno”: “ Tudo o que “foi” é fragmento e enigma e espantoso acaso, até que o
querer criador declare: “Mas eu o quis assim”. Até que o querer criador
declare: “ Mas é assim que eu quero, e hei de querer assim”.(Cf. Zaratustra 2ªparte,Da
redenção,). Podemos afirmar que o que move Nietzsche é a possibilidade da “salvação”
não mais em um além mundo, sua proposta é dotar o real com um total peso ontológico,
onde a “Redenção” se consumaria com o ideal do além-do-homem, que faz do tempo
a casa do sagrado, da redenção do tempo no aqui e agora, com a afirmação incondicional dos instantes.
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