Para Nietzsche foi à
incompreensão da tragédia grega antes de Eurípides que levou Sócrates a desprezá-la
“Também Eurípedes foi, em certo sentido, apenas máscara: a divindade, que
falava por sua boca, não era Dionísio, tampouco Apolo, porém um demônio
recentíssimo nascimento, chamado Sócrates” (NT-12-p. 79 Cia das Letras) e
de propor um saber racional e teórico como superior a sabedoria trágica” basta
reconhecer nele o tipo de uma forma de existência antes dele inaudita, o tipo
de homem teórico " (NT-15.p.92 Idem) onde o homem teórico seria o oposto do
homem trágico, Sócrates seria dessa forma o idealizador do conhecimento racional
tendo como apoio uma hiper valorização do Saber consciente em detrimento do
saber trágico. desta forma vemos que foi Sócrates que fez com que todo
conhecimento trágico fosse cada vez mais perdendo espaço para um saber
puramente racional onde "tudo deve ser inteligível para ser Belo" (...)
“Só o sabedor é virtuoso” (NT-12.p.81, Idem). É bem sabido que na ótica de
Nietzsche, a primazia de um saber teórico em detrimento de um saber trágico é
um agente de adoecimento e decadência por que para ele o Saber trágico
corresponde à verdadeira natureza do mundo que se mostrava nas tragédias através
de Apolo e Dionísio, chamado de "impulsos artísticos da natureza onde nesse
emparelhamento tanto a obra de arte dionisíaca quanto a apolínea geraram a
tragédia ática"(NT-1.p.27, Idem). Para Nietzsche, os gregos da época trágica
sabiam da condição horrenda da existência e criaram a tragédia como forma de
aceitação, aprendizado e justificação da vida por ela mesma sem recorrer a
nada transcendente "a tragédia precisamente é a prova de que os gregos não
foram pessimistas "(EH-p. 61 Cia das Letras). A tragédia ática, é segundo
Nietzsche, um dizer afirmador à Vida, uma aceitação da vida , coragem diante do
destino e uma exaltação os valores vitais em contraposição a sabedoria após
Sócrates onde havia hiper valorização da razão como princípio constitutivo do ser, quer dizer, havia uma identidade intrínseca entre a racionalidade e realidade. Portanto,
a sabedoria trágica que se manifesta no dizer sim à vida mesmo nos seus mais
estranhos e mais duros problemas tem um valor maior do que o saber teórico
conceitual, porque se enraíza na verdade profunda do homem.
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