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SOBRE O ENSINO DE FILOSOFIA

 "Não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar" (Kant- Curso de Lógica Geral, Ed. Unicamp), essa máxima de Kant foi , sem dúvidas, muito esclarecedora e , também, antisofista no sentido de nos alertar para não cairmos, ingenuamente, nas mãos de falsos mestres, muitos deles  " operários da filosofia", como denomina Nietzsche aos professores de filosofia que apenas  se  limitam a ensinar o conteúdo, onde deveriam ensinar a realmente filosofar , quer dizer , fazer o uso da razão de modo livre, através de uma leitura crítica , usando vários métodos. Antes de Kant ,  Descartes em seu livro : Regras para a direção do espírito, notou esse problema ao escrever:
" E jamais seremos filósofos se houvermos lido todos os raciocínios de Platão e de Aristóteles, e nos for impossível ter um juízo firme sobre uma questão dada; com efeito, pareceríamos ter aprendido não ciências , mas história"
(Regra III, Ed. Perspectiva).
Influenciado por Schopenhauer, Nietzsche criticou severamente o ensino acrítico ,neutro de filosofia em sua época em seus escrito: Sobre o futuro de nossos estabelecimentos de ensino, na quinta conferência, conforme o texto
 "Foi assim que lentamente, em vez da interpretação profunda dos problemas eternamente  iguais, foram introduzidas as investigações  e as questões históricas, e mesmo as filológicas: agora se trata de estabelecer o que pensou este ou aquele filósofo , se é possível com razão atribuir a ele este ou aquele escrito, ou se esta ou aquela lição merece ser retida. Agora, nos seminários filosóficos das nossas universidades, os nossos estudantes são dirigidos a este tratamento neutro da filosofia; por isso, desde longa data, adquiri o hábito de considerar esta ciência  como um ramo da filologia e de avaliar seus defensores segundo sua qualidade, boa ou má, de filólogos. Em decorrência disto , a própria filosofia foi banida da Universidade" (NIETZSCHE,5ª Conferência, p.129, Escritos sobre Educação,Ed. Loyola).
Nietzsche, sutilmente percebe a diluição da filosofia em questões meramente históricas ,e assim, a filosofia torna-se "filologia", sem que houvesse uma transformação  em um instrumento, uma ferramenta para o exercício do filosofar.

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